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Natal enfrenta a falta de acessos

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BR - 101 - Acidente entre uma moto e uma carreta parou o trânsito

A problemática do trânsito na capital potiguar vai muito além do congestionamento das avenidas nos horários de pico. O crescimento da frota e a migração de pessoas que trabalham na capital, mas moram nos municípios da Grande Natal, levam a um alerta: as três saídas da capital potiguar, nas BRs 101 (em Parnamirim), 226 (em Macaíba) e 406 (na Zona Norte) são insuficientes. Qualquer acidente no trânsito, já provoca grandes transtornos aos motoristas, que ficam sem alternativas de chegar ao seu destino.

Na Br 101, o “gargalo” está próximo ao viaduto Trampolim da Vitória, onde não há alternativas para escoar o tráfego. Na BR 226, a estrada é ruim, perigosa e estreita. Poucos são os motoristas que se aventuram a trafegar pelo local. E na BR 406 o entrave está no “tubo” formado pela ponte de Igapó, alvo diário de congestionamentos.

O professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Enilson Medeiros, observa que é necessário buscar alternativas para melhorar as entradas da capital potiguar. “Em 1992 fizemos um estudo do crescimento do tráfego e já naquela época a perspectiva era que as entradas não seriam suficientes”, lembra.

Ele chama atenção que há um projeto executivo pronto que prevê a construção de um viaduto em Cidade Satélite. Com isso, quem estivesse chegando na capital teria a opção de, por esse viaduto, seguir até a avenida Napoleão Laureano, chegando até Felipe Camarão. “Isso faz uns seis ou sete anos que está pronto e nada foi feito. O que precisamos é criar eixo na BR 101 de aproximação e não de penetração na cidade”, analisa Enilson Medeiros. Ele cita o exemplo de que quem está chegando na capital potiguar e vai se dirigir até o Detran precisa seguir até o viaduto do Quarto Centenário; um caminho que poderia ser encurtado caso tivéssemos alternativas nas rodovias da entrada de Natal.

“O que Natal tem na entrada é um tubo só. Quem chega tem que passar pelo viaduto de Ponta Negra. É importante a distribuição do volume de tráfego”, observa o professor da UFRN.

Professor fala sobre periferização

O reflexo do aumento do tráfego nas entradas de Natal está no número de acidentes. “Hoje estamos tendo a periferização dos acidentes. Antes ocorriam apenas nas principais avenidas de Natal, hoje está nas periferias, nas proximidades”, destaca professor Enilson Medeiros.

Moacir Guilhermino diz  que é preciso criar instrumentos para mudar o perfil do motorista que entra na capital potiguar pela BR 101 e continua dirigindo com o perfil da estrada. “É preciso reduzir a velocidade dos carros”.

Inspetor da PRF defende nova entrada para Natal

O inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Roberto Cabral, avalia que o trânsito fluiria melhor se ao invés de três entradas, a capital possuísse quatro entradas. “Mais uma entrada para a cidade seria melhor”, comenta.

Mas, ele avalia que o trânsito tende a melhorar muito com a conclusão das obras de duplicação da BR 101. Segundo Cabral, os transtornos que estão ocorrendo atualmente naquela rodovia são reflexos do trabalho no trecho.

“O capeamento está sendo feito e a rodovia está sem sinalização. Quando a obra estiver concluída será muito melhor”, comenta o inspetor, ressaltando que essa obra permitirá que as principais vias da 101 fiquem para o trânsito expresso. Já os veículos locais, trafegarão pelas marginais, onde também estarão as paradas de ônibus. “O acidente que ocorreu semana passada (Um motociclista foi atropelado por uma carreta na BR-101, na altura do Cemitério Morada da Paz congestionou a entrada de Natal) porque a BR estava em obras e só ficou uma via para o motorista passar”, diz o inspetor.

Entrada por Macaíba é difícil

A rodovia de entrada em Natal menos usada é a BR 226, que passa em Macaíba. Com problemas de conservação, buracos e sendo uma via estreita, a estrada não mostra ser uma alternativa de tráfego.

“Não há qualquer atrativo para o motorista. Pelo contrário é uma estrada perigosa. Há quantos anos reclamam da Curva da Morte? E nada foi feito”, destaca o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFRN, Moacir Guilhermino.

Para ele, a BR 226 só poderia ser usada e ajudar a desafogar o tráfego que entra pela BR 101 depois da realização de grandes obras. O caso específico da Curva da Morte é necessário um estudo para mudar o traçado.

Além disso, também é preciso alargar a rodovia. Para isso, o processo de desapropriação de áreas no local é essencial.

DNIT considera vias existentes suficientes

Enquanto os especialistas de transporte apontam para uma problemática do tráfego devido a apenas três entradas da capital potiguar, o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte segue exatamente na via contrária. Através da Assessoria de Imprensa, a direção do órgão disse acreditar “que essas vias ainda são suficientes para atender a atual demanda do tráfego local”.

Mesmo suficientes, o DNIT trabalha para melhorar a principal entrada da capital potiguar. A obra de adequação da BR 101 no trecho entre Natal e Parnamirim serão concluídas até o final do mês de junho. Ainda segundo a assessoria do órgão, as passarelas de Cidade Satélite, Hiper Bompreço, Aeroporto Augusto Severo e Nova Parnamirim estarão prontas em setembro.

Com essa obra, o semáforo em frente ao Hiper Bompreço será retirado. O trecho de adequação da BR 101 no Rio Grande do Norte custará aos cofres públicos R$ 108,7 milhões, com a construção de 46,2 quilômetros.

Outra melhoria está sendo feita na BR 304, entre Macaíba e Parnamirim. A obra deveria ser finalizada em junho. No entanto, mais uma vez Cosern e DNIT travam uma disputa judicial, já que a companhia exige o pagamento para relocação da posteação. A batalha jurídica ainda não apontou para uma definição.  A duplicação deste trecho da BR 304 custará R$ 34 milhões.  

Ponte não vai evitar caos em Igapó

A ponte Newton Navarro, que ligará o Forte à Redinha, será uma importante obra para desafogar o complicado tráfego da ponte de Igapó. Certo? Errado. O professor do Departamento de Engenharia Civil da Univesidade Federal do Rio Grande do Norte, Enilson Medeiros, desmistifica o conceito de “salvação” da nova ponte.

Segundo o professor, o reflexo do empreendimento na ponte de Igapó será muito pequeno. “Eu não sei o número de pessoas que saem da Zona Norte para Petrópolis e o Centro. Não sei nem se fizeram pesquisa. A ponte vai criar um novo tráfego de turismo e de pessoas que vão instalar empreendimentos na Redinha. Mas é fato que hoje temos 20 linhas de ônibus da Zona Norte para a Zona Sul. E esse tráfego não virá pela ponte Forte-Redinha, mas continuará vindo pela ponte de Igapó”, explica o professor.

A solução seria outra ponte, além dessas duas? “Não”, reage. Para Enilson Medeiros a solução a curto prazo para melhorar o tráfego nas proximidades da ponte de Igapó é fazer o gerenciamento das “cabeceiras”, como ele define as áreas de acesso.

No caso do tráfego no sentido Zona Norte-Bernardo Vieira o congestionamento ocorre devido ao semáforo instalado logo após a ponte. No sentido inverso, o problema está na alça próximo ao posto de gasolina. “O problema não está na ponte. Ali (na ponte) os carros chegam a passar  com velocidade de 60 quilômetros. O problema está nas cabeceiras”, destaca Enilson Medeiros.

O professor do Departamento de Engenharia Civil da UFRN Moacir Guilhermino aponta que uma das alternativas de solucionar o problema seria a construção de uma passarela ao invés do semáforo.  “Na cabeceira perto do posto de gasolina tem que ser feito um estudo para fazer um novo traçado”, comentou Moacir Guilhermino. Ele cita que o próprio viaduto da Urbana apresenta problemas já que não é possível passar dois veículos pesados no mesmo lado.

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