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Natal está em quatro rotas diferentes do tráfico

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Natal está na rota internacional do tráfico de drogas. A afirmação é do delegado da Polícia Federal e coordenador-geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes (CGPRE), Luiz Cravo Dórea, um dos que está presente em Natal para o 7º Encontro Nacional de Repressão a Entorpecentes (SIREN), que de uma forma geral procura, como Dórea mesmo resume, “uma nova solução para um antigo problema: o tráfico de drogas”.

O encontro, que está sendo realizado no Hotel Ocean Palace, começou na quarta-feira e será encerrado hoje, com uma dinâmica em grupo em que os participantes das Delegacias de Repressão a Entorpecentes da PF (DREs) receberão problemas e terão que buscar e apresentar soluções. O trabalho, aparentemente infantil, é uma forma de integrar as equipes. “Queremos que as DREs de Estados diferentes trabalhem de forma conjunta, se conheçam, pois um problema em Natal, por exemplo, raramente está restrito apenas a essa cidade, tem ramificações em vários locais. Dessa forma, poderemos facilitar a troca de informações importantes nas investigações”, afirmou Luiz Cravo Dórea.

No primeiro dia do evento, que conta com o apoio da Superintendência da PF no RN, esteve presente um representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNO/DC), Bo Mathiasen, e também membros da polícia dos Estados Unidos, Canadá, França e Inglaterra, para realizar uma troca de informações e de pedidos. “Por ser um país continental e que faz fronteira com os três únicos países produtores de coca (planta da qual é extraída a cocaína), Bolívia, Colômbia e Peru, foi pedido que o Brasil se concentrasse na batalha para administrar o tráfico de entorpecentes”, afirmou Dórea.

“Administrar” é mesmo a palavra certa, na visão do coordenador do CGPRE, para se falar dessa questão. “Não podemos ficar pensando utopicamente no fim do tráfico pois, enquanto existir pessoas interessadas em consumir a droga, vai continuar havendo a venda e a comercialização”. Para a Polícia Federal, a maconha, a cocaína e derivados dela (como o crack) e o ecstasy continuam sendo os três, em sequência, mais consumidos no país. 

O fato de Natal estar dentro da rota internacional do tráfico de drogas, apesar de precisar de atenção, não é, ainda, algo alarmante. “Como outras capitais do Brasil, Natal é um destino muito visitado por estrangeiros e procurado bastante, também, por pessoas interessadas na lavagem de dinheiro. Isso, porém, não quer dizer que a capital potiguar enfrenta um problema sério devido ao turismo pois, para mim, os turistas trazem mais benefícios que prejuízos para o Estado”, afirmou Dórea que, inclusive, escolheu o litoral natalense para realizar o evento devido às belezas naturais e clima ameno. “Precisávamos de paz para discutir esses assuntos”, justificou.

Apesar de aqui em Natal as principais apreensões de droga feitas pela PF/RN terem sido no aeroporto Augusto Severo, pesquisas internacionais que se baseiam a CGPRE mostram que cerca de 70% do tráfico internacional de entorpecentes é feito através de navios. Apesar disso, apenas 1% das apreensões brasileiras são em portos. “Ainda enfrentamos dificuldades para fiscalizar as mercadorias que chegam pelo mar. São muitas e acabamos tendo que traçar um perfil dos possíveis traficantes, baseado de onde vem a carga e para onde ela vai”, afirmou Dórea.

Em 2009 foram apreendidos 62,9 kg de cocaína em Natal

Em Natal, no ano passado, foram apreendidos 62,8 kg de cocaína, 6,6 kg (ou 21.145 comprimidos) de piperazinas, substância similar ao ecstasy, 6,2 kg de pasta base de cocaína, 494 kg de maconha, 26,5 kg de crack e 3,96 kg de haxixe. Foram presos 43 homens e 15 mulheres. Destes 17 são estrangeiros – três poloneses, três africanos, um malaio, quatro romenos, um português, dois holandeses, uma sueca e dois espanhóis. Neste ano, os números ainda estão “tímidos”. Foram 18.911 kg de crack apreendidos.

Entre outros pontos discutidos, o 7º SIREN deve resultar no desenvolvimento e implantação, até junho de uma rede integrada que unirá PF, Exército, Marinha e Aeronáutica com a intenção de combater o tráfico de drogas com ações integradas, através de informações colhidas e repassadas por uma central que funcionará em Brasília. Contudo, para que isso funcione de forma realmente eficiente, será preciso a otimização do pessoal e a utilização de novas tecnologias – como 14 veículos aéreos que o país adquiriu e que serão utilizados na fiscalização das fronteis brasileiras. “Temos problemas na PF, como a chamada carência de material humano, mas isso não quer dizer que não temos condição de fazer um trabalho bom e eficiente com o que temos”, afirmou Dórea. 

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