quinta-feira, 25 de abril, 2024
32.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Natal pede socorro

- Publicidade -

Findando a tarde de quinta-feira, a França vencia a Alemanha por dois a zero para a alegria da neta Julinha e a tristeza do neto Francisco, ambos de passagem aqui por casa, quando cai na minha bacia das almas um imeio de Laurentino Vereda, primo em segundo grau do mestre Florentino Vereda. Laurentino vive em Natal (o parente famoso permanece acampado no Jalapão), é funcionário federal aposentado. Gosta de passear pela cidade, ás vezes vai à Extremoz comer grude, tira um fino na calçada do Azulão, mas a noite se agasalha cedo para ver as novelas na televisão. Buona gente!  Laurentino conta no imeio (seu estilo de escrever lembra o de Florentino) dois incidentes que aconteceram com ele esta semana. Um aqui em Natal e outro em São Gonçalo do Amarante (quando retornava de Extremoz). Vou transcrever o ocorrido em Natal, que é uma síntese perfeita de “Natal, a capital do absurdo”, mote do próximo livro de Alex Nascimento. Passo a palavra para Laurentino:

“Meu caro WM:

Não sei se tem a ver com a chegada da sonda Juno a Júpiter, mas há algo no ar, com dizia o Barão de Itararé. Dois incidentes aconteceram comigo, ao longo desta semana, passo a relatar:

Hoje mesmo (07) presenciei um acidente com um motoqueiro e apressei-me a ligar para o SAMU, a fim de prestar-lhe socorro. Quando a ligação foi completada, ouvi uma gravação:

 “No momento todas as nossas linhas estão ocupadas”.

Aí alguém atendeu:

“SAMU, boa tarde. ”

Falei:

–  Estou ligando para relatar um acidente aqui na esquina da Avenida Jerônimo Câmara com a Rua dos Potiguares. Um motociclista foi atingido e está deitado na calçada, sangrando.

– Onde foi mesmo? – perguntaram do Sandu.

– Na esquina da Avenida Jerônimo Câmara com a Rua dos Potiguares, em Lagoa Nova.

– Qual é o bairro?

– Lagoa Nova.

Aí o moço do SANDU me fez mais uma pergunta: “Qual é seu nome, senhor? ”

Então me identifiquei, mas ele – talvez achando a conversa agradável – passou a fazer mais perguntas, tais como: o meu nome completo, o número da minha identidade, o nome e a identidade do acidentado e outras de que não lembro. Eu lhe implorei que mandassem uma ambulância rapidamente para atender ao rapaz que estava no chão, gemendo e sangrando, e, quando chegassem, eu diria tudo o que quisessem saber.

Foi aí quando um senhor que estava ao meu lado, vendo que eu estava ficando nervoso e talvez também precisasse de atendimento psiquiátrico, tomou o telefone da minha mão e continuou a conversa. Não sei como terminou, mas se fosse uma mulher parindo, talvez eles chegassem para o batizado da criança. ”

Prêmio Machado de Assis
O escritor paulista Ignácio Loyola Brandão é o vencedor do Prêmio Machado de Assis, outorgado pela Academia Brasileira de Letras a um escritor “pelo conjunto da obra”. O prêmio foi anunciado quinta-feira e ele vai botar em sua conta bancária 300 mil reais.

 Loyola completará agora no dia 31 deste mês 80 anos. Nasceu em Araraquara, interior de S. Paulo. É jornalista (assina uma crônica semanal no Estadão), romancista, contista, ensaísta, biógrafo (Ignácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus), e faz, também, literatura infanto-juvenil. Seu livro, O menino que vendia palavras foi o vencedor do Prêmio Jabuti de 2008 como “o melhor livro de ficção”. Tem mais de 30 obras publicadas, entre elas 8 romances (Zero, Não verás país nenhum, O beijo não vem a boca, A altura e a largura do nada) e 8 livros de contos, muitos deles traduzidos para o inglês, espanhol, italiano, alemão e coreano.

Ignácio de Loyola tinha um grande amigo no Rio Grande do Norte: Dorian Jorge Freyre. Foram companheiros nas redações de jornais paulistas, principalmente na Última Hora, idos de 1950, 1960. Em seu livro Veredas do meu caminho (Fundação Vingt-um Rosado, 2001), Dorian publicou a crônica “Sobre o Amigo” tendo Loyola como mote. Começa assim:

– Foi, juro de pés juntos, amor à primeira vista. Amor eterno de dois bichos machos maxixe maduro sem nada de mofino que nem amor de fêmea. O matuto dos grotões de Mossoró e o caipira de Araraquara. Figura saída da magia dos romances latino-americanos, mistura de Garcia Marques com Vargas Llosa. Fino como um dançarino de balé e expedito como um jóquei. Com voz rascante e definidos propósitos. O futuro desbastou aquele pretérito e gerou amizade.

– Fizemo-nos amigos dentro de uma redação de jornal e suas competições, ciúmes e invejas. Continuamos amigos nos intervalos das miúdas intrigas que provocam gastura.

– Éramos um grupo de pobres rapazes de Póvoa do Varzim: Luís Thomazzi, Domingos Gioia, Ignácio Loyola – que naquele tempo não era Brandão – David Auerbach, eu. O mais moleque e presepeiro era Loyola.

Adiante, Dorian aponta o início da carreira literária de Loyola, com a publicação de seus primeiros livros:

– Cedo cedíssimo foi começando a cumprir o seu futuro. “Bebel que a cidade comeu” foi estreia. O romance convenceu. Achei prematuro. Besta de mim. Logo Loyola nos dava “Zero”, uma obra oportuna. E daí não parou o fecundo escritor. “O beijo não vem a boca”. “Não verás país nenhum”.  Cada livro mandava ao seu amigo. Pede opinião. Pobre Loyola. O amigo é devorador de letras, mas não entende nada de livros.

– A idade e o sucesso não mataram o moleque de Araraquara. Não perde ocasião para fazer um blague. E continua fiel às velhas amizades. ”

É tempo também de ler e reler Dorian Jorge Freire.

Helio Galvão A Academia Norte Rio-Grandense de letras realiza uma sessão especial terça-feira que vem, dia 12, às 18 horas, para celebrar o centenário de nascimento do escritor e acadêmico Helio Galvão, que ocupou a cadeira nº 2, que em como patrono Nísia Floresta.
Haverá uma mesa redonda para falar sobre a vida e obra Helio, coordenada pelo acadêmico Ernani Rosado, seu sucessor. Estarão lá no tablado: Diógenes da Cunha Lima, Marcelo Alves, Manuel Onofre Jr. e Gilmara Benevides, biógrafa do homenageado.

Leilão Hoje à noite, começando coisa das 19 horas, tem o leilão de bovinos, caprinos e ovinos da Exposição Agropecuária de Currais Novos. E amanhã, em Paris, jogam França e Portugal, este torcedor com o coração dividido. A Alemanha já se foi.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas