
Foi o que aconteceu com a dona de casa Sônia Moura (56). A casa que fica em frente a um depósito irregular no Conjunto Ponta Negra enfrenta além do despejo constante de metralhas e entulhos a falta de compreensão de alguns carroceiros. “Eu, como estou em frente, procuro conversar com eles para que não façam desse espaço um depósito irregular. Muitas vezes eles gritaram dizendo que eu não tinha nada a ver com isso”, reclamou a dona de casa moradora da rua Praia de Muriú e que convive com entulhos e mau cheiro.
Luta parecida vive uma comerciante de Capim Macio. Segundo ela, que preferiu não se identificar, há dez anos tenta um acordo com proprietários de terrenos baldios para evitar que a rua Coronel José de Andrade não vire um ponto de despejo irregular, o que acaba atraindo ratos e outros animais que prejudicam o seu estabelecimento. “O serviço da prefeitura é falho. A punição tem que ser colocada em prática urgentemente. Todos sabem que qualquer problema começa a ser resolvido quando a população começa a ‘sentir no bolso’, o pior é que os vizinhos achavam que o lixo irregular era daqui”, destacou.
População é responsável por serviço
Segundo a Companhia de Serviços Urbanos (Urbana) são retirados diariamente 796 toneladas de entulho das ruas de Natal. As podas de árvores somam 78 toneladas retiradas e de lixo doméstico são 750 toneladas retiradas diariamente.
Para o Diretor de Operações da Urbana, Alexandre Miranda, a população é responsável pela retirada do entulho e a metralha que produzem. “Temos um serviço subsidiado de R$40,75 cobrado para coleta de volumes de até 6m³. Se a população parar para pensar, sai mais barato do que pagar um carroceiro, que em cada carroça carregam 250 litros”, explicou.
Alexandre Miranda disse ainda que são 750 carroceiros atuando em Natal, e que por se tratar de veículo de tração animal a Urbana não tem poder de decisão sobre veículo desse porte. Segundo a Urbana, os três Ecopontos da capital ainda são insuficientes para atender a demanda. “Estamos tratando exatamente estes assuntos no momento. Pretendemos pedir um orçamento maior para a criação de mais Ecopontos e ainda difundir a função deles, tornando-os entrepostos de coleta com telefones próprios para que a população solicite a coleta e para que ela seja imediata.
Sobre a orientação e a cobrança da conscientização da população a Urbana informou que há um estudo para que o órgão passe a ter o poder de aplicar a multa na população caso a coleta e o despejo dos dejetos sejam feitos em locais proibidos. “Para isso estamos sugerindo modificação na LEI 4.748”, explicou. Expandir o número de contratos de caminhões para a coleta diária é outro objetivo da Urbana. Hoje são apenas 50 para coleta de metralha, podas e entulhos e 32 para coleta do lixo doméstico.