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Natal vai pedir mais prazo à Fifa

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Com a candidatura natalense a sub-sede da Copa de 2014 correndo perigo, devido ao atraso na apresentação do parceiro para tocar o projeto da Arena das Dunas, uma comissão formada por parlamentares da bancada federal do RN, pelo governador Iberê Ferreira de Souza e também pela governadora eleita Rosalba Ciarline tem um encontro importante na próxima terça-feira, no Comitê Organizador Local (LOC), com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, no Rio de Janeiro. Na ocasião será solicitada uma nova flexibilização de prazo e apresentado um novo cronograma para o fechamento da parte burocrática da candidatura potiguar. Dessa vez a intenção é apresentar o nome da empresa ou consórcio vencedor da PPP no final de março de 2011.

Fernando Fernandes ainda acredita no projeto de Natal 2014“Solicitamos essa conversa com o presidente Ricardo Teixeira para que a gente pudesse apresentar um novo cronograma para o projeto de Natal. Precisamos que isso seja aprovado, uma vez que entendemos que ainda há tempo hábil para construção do novo estádio. Sabemos também que os procedimentos legais realizados até aqui pode ser aproveitados no lançamento deste novo edital. Resta-nos lançar o edital e num prazo de 45 apresentar o nome d empresa parceira do governo neste projeto da Copa”, informou o secretário Extraordinário para Assuntos Relativos a Copa no RN, Fernando Fernandes.

Na mala dos representantes potiguares vão documentos constando simulações de datas e prazos para o fechamento de um cronograma. “O governo atual tem como lançar o edital, o governo de Rosalba Ciarline vai abrir e analisar as propostas e depois definir a empresa que será admitida como parceira. O projeto é de estado e vai se desenrolar sem maiores problemas”, salienta Fernandes.

A licitação deserta também vai obrigar o governo a rever alguns pontos neste novo processo licitatório, uma vez que o projeto da Arena das Dunas da forma como estava concebido, não se tornou atraente para os empresários, que consideravam a margem de lucro muito pequena e tiveram receio de apostar no empreendimento.

“Estamos realizando estudos matemáticos através de empresas especializadas para adequar o edital na forma que o mercado nos sinalizou e torná-lo mais competitivo. Isso pelo fato de algumas análises realizadas sobre os preços do antigo edital terem demonstrado que o investimento na construção da Arena das Dunas passaria um pouco do montante de R$ 420 milhões previsto pelo governo. No momento que isso ocorre afeta o retorno, a margem de lucro das empresas”, frisou o secretário.

O fundo garantidor do empreendimento apresentado pelo Estado também terá de ser revisto. “O sistema de garantia  através de imóveis, não foi encarado como bom negócio, pois as empresas entendem que faltava liquidez ao sistema. O fundo garantidor deve ter um mix entre terrenos e talvez uma quantia em dinheiro. Isso já é objeto de negociação com o BNDES. Nós estamos fechando essa nova proposta depois de uma semana intensa de negociações para poder chegar no Rio de Janeiro com uma proposta única e definitiva para que Natal feche um novo cronograma de datas com o LOC”, enfatizou o secretário Fernando Fernandes.

Apesar do atraso, ainda há otimismo

Ainda apresentando um certo grau de otimismo em relação a vinda da Copa do Mundo de 2014  para Natal, os membros da organização local do projeto não escondem que a manutenção da candidatura potiguar está entrando numa semana decisiva. Para Fernando Fernandes o projeto natalense ainda não está na marca do pênalti, porém fazendo alusão a uma partida de futebol, ele define a situação como estando no segundo tempo de uma partida decisiva em que o time local necessita da vitória numa partida que está empatada.

“Quero registrar o meu dissabor com a licitação deserta que realizamos no dia 24 de novembro, realmente não esperava por isso. Durante o  processo do edital tivemos de responder 43 questionamentos sobre o projeto, fato que comprova o interesse no empreendimento. Depois da vacância de interesse, enviamos email para todos aqueles que retiraram o edital, conversamos e a definição que chegamos é que com o aquecimento do mercado imobiliário os empresários buscam uma margem de lucro maior que a de um ano atrás”, disse Fernando Fernandes.

Segundo o secretário de governo, a questão de só haver imóveis no fundo garantidor do projeto da Arena das Dunas também provocou receio no empresariado. “Sem o colchão de dinheiro nos R$ 420 milhões do fundo garantidor, os empresários entenderam que se houvesse atraso   no pagamento da contra-prestação, quando eles fossem acionar o fundo sem o depósito financeiro poderiam enfrentar problemas. Consequentemente eles raciocinaram que se não conseguissem transformar os terrenos em dinheiro de uma forma muito rápida, as empresas é que teriam de arcar com a parcela  do empréstimo tomado junto ao BNDES”, ressaltou.

Para evitar um novo contratempo no edital que está sendo preparado, já está sendo verificada junto ao governo do estado a possibilidade que ele tem de fazer esse lastro financeiro, no sentido de conceder mais segurança ao projeto da Arena das Dunas.

A troca de governo, segundo Fernandes, não pode ser avaliada como risco. Ele acredita que isso não influiu na decisão dos grupos empresariais em declinar de apresentar propostas para formalização da Parceria Público-Privada com o RN.

“O projeto Copa é muito maior que o processo politico-partidário. Tenho certeza que a ex-governador Wilma de Faria fez o possível para tornar Natal uma das sedes do Mundial de 2014, o governador Iberê Ferreira de Souza idem e a senadora e governadora eleita Rosalba Ciarlini reafirmou o compromisso com a Copa em Natal, assim como a prefeita Micarla de Sousa, que será a responsável por tocar o maior volume de obras destinada ao RN por ocasião da competição”, salientou.

Dentro do prisma do Mundial, o estádio, na visão do secretário da Secopa,é apenas um detalhe tendo em vista e realização de R$ 2 bilhões de investimentos diretos na capital potiguar. O primeiro lote de obras de mobilidade está orçado em R$ 150 milhões e vai melhor ar o trânsito, no total apenas para realização desse projeto serão R$ 330 milhões. O governo do RN terá R$ 100 milhões para melhorias na circulação de veículos na avenida Engenheiro Roberto Freire, somando a melhoria do porto com a construção de um terminal de passageiros (R$ 54 milhões).

O Governo Federal também negocia com as cidades sedes uma espécie de Prodetur especial, Natal já tem pré-aprovado um orçamento de R$ 150 milhões para projetos de melhorias do negócios turísticos. “João Pessoa não tem esse recurso, Maceió também não, mas Natal terá se for sede da Copa do Mundo. Será um mundo de investimentos em vários setores da economia do nosso estado e se as pessoas entenderem bem esse processo, verão que Natal não pode ficar fora da Copa. Caso contrário nós seremos quase que esmagados por Fortaleza e Recife que, consequentemente, vão polarizar os incentivos federais, vão polarizar o fluxo turístico, a divulgação e, com isso, Natal vai funcionar apenas como um satélite dessas duas cidades”, alertou.

Reforma do Machadão é mais viável para o RN

“Podem falar o que quiser, mas com R$ 86 milhões eu deixo o Machadão pronto para atender as exigências contidas no caderno de encargos da FIFA e pronto para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014”. Isso é o que garante Moacyr Gomes, responsável pelo projeto arquitetônico da praça de esportes e que vem sendo uma voz incansável contra a demolição do complexo esportivo do bairro de Lagoa Nova. Ele ressalta que por trás dessa intenção de acabar com a praça existem interesses escusos. “Como se pode falar em progresso de uma cidade, derrubando e acabando com os bens nela existentes?”.

Critico do processo desenvolvido para transformar Natal numa das sub-sedes do Mundial, o arquiteto reclama principalmente da falta de transparência nas negociações realizadas e pede para que os responsáveis pelo novo empreendimento tragam, a Natal, engenheiros com capacidade para provar aos engenheiros potiguares que o Machadão não tem como ser aproveitado para receber os jogos do Mundial.

“Gastando praticamente um terço daquilo que vem sendo proposto para construção da Arena das Dunas, o Machadão pode ser adaptado para o Mundial de 2014. Não há nada de novo naquilo que vem sendo proposto a não ser o luxo. Estão pensando que Natal é uma Dubai e que o Brasil tem tantos recursos quanto os Emirados Árabes. O RN não tem como dar luxo ao público que vai passar por aqui no período da Copa, nem tem o direito de fazer isso com tantos problemas nas áreas de saúde e educação”, reclama.

Moacyr vai mais longe em suas criticas e salienta que podem estar preparando uma espécie de golpe para população potiguar que, no final, é quem irá arcar com as contas do projeto taxado como faraônico. “Estão falando muito sobre o legado de benefícios que a competição irá deixar para nossa cidade e o estado. Acredito piamente que nos primeiros três ou quatro anos as coisas devem melhorar um pouco, mas devemos tirar como exemplo o que aconteceu em outros países. Se o legado da Copa trouxesse progresso, fosse garantia de alguma coisa, o México seria um dos maiores países do planeta. Isso tudo é uma empulhação, somos um estado pobre demais para arcar com os custos para tanto luxo”, afirma Moacyr.

Uma das principais criticas quanto ao reaproveitamento do Machadão: a corrosão da estrutura, foi rebatida de forma veemente pelo autor do projeto arquitetônico do estádio. “Não existe problema com a estrutura do estádio, tanto que ela está de pé e resistindo há 38 anos. Isso já tendo comportado públicos de até 50 mil pessoas pulando nas  arquibancadas”, argumenta.

Moacyr Gomes taxa o projeto de construção do estádio Arena das Dunas como uma espécie de grande negociata e desconfia dos motivos de toda propaganda contra o Machadão e dos pacotes de bondades que ficarão na cidade após a realização do campeonato mundial. “R$ 420 milhões é um gasto extraordinário para um estádio de futebol. E depois do mundial, onde irá receber alguns jogos sem maior importância, ele vai servir para quê. Temos coisas mais importantes necessitando da aplicação desse volume de verbas”, acrescenta Moacyr Gomes.

Arena das Dunas é o único projeto aprovado

Único projeto que o RN tem aprovado pela FIFA para fazer da cidade uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014, é a Arena das Dunas. Diante desse prisma o secretário da Secopa, Fernando Fernandes, classifica como muito remota as chances de  alteração nos rumos das negociações que estão sendo realizadas com a finalidade de confirmar Natal como uma das sub-sedes do Mundial. Embora se trabalhe com um plano B, caso hipótese do novo estádio se torne inviável, a  nova proposta teria de passar por nova inspeção da Federação Internacional, desde  que a entidade aceite reabrir o prazo para analisar essa proposta.

“A Arena das Dunas é o estádio de Natal para Copa do Mundo, quero destacar que este é o único projeto aprovado pelo LOC. Qualquer alteração que possa ocorrer será necessário contar com a aprovação desse novo projeto. Claro que se trabalha com possibilidade de um plano B, mas a FIFA teria de reabrir o prazo de receber e analisar o projeto num prazo curtíssimo, fato pouco comum em se tratando da Federação Internacional de Futebol”, frisou Fernando Fernandes.

Lutar para fazer prevalecer um novo plano a esta altura, na visão do representante da Secopa, seria o mesmo que dar um tiro no pé. Segundo Fernandes o local previsto para receber a nova praça esportiva teria de ser o que já está determinado em função das obras de mobilidades já licitadas, já que não tem como o Governo Federal relocar esses recursos e mudar essas obras.

“Em termos de local está definido, o projeto do novo estádio será realizado em Lagoa Nova, onde exite o complexo Machadão/Machadinho. A possibilidade de modificação é muito remota. Temos que trabalhar em cima de duas hipóteses apenas: mudança de equipamento para redução dos custos da Arena das Dunas ou a mudança de projeto, que é o mais difícil, porém não sabemos se é improvável. Temos de conversar e ver essas possibilidades com a FIFA, nós estamos em xeque. Precisamos ter uma decisão definitiva na próxima terça-feira”, ressaltou.

A reforma do estádio Machadão, um dos projetos iniciais para apresentar a candidatura, está completamente descartada. “Não há possibilidade do reaproveitamento do Machadão. O estádio não tem como se adequar as exigências técnicas que a FIFA faz em relação as normas de segurança, área de entorno, liberação de área.  O próprio projeto físico aponta que o custo de reforma e adequação daquele equipamento seria bem maior que o empregado na construção de um novo estádio”, ressaltou.

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