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Natalenses reverenciam os mortos

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Priscilla Castro – Repórter

Tristeza e lágrimas se misturaram com esperança e sorrisos entre os milhares de visitantes que foram aos cemitérios de Natal para reverenciar a memória dos mortos. Para alguns, o Dia de Finados é data que lembra a dor de ter perdido entes queridos. Para outros, é dia de alegria pela fé de saber que aqueles que morreram estão em um lugar melhor.

Túmulo do escritor Câmara Cascudo sofre a ção dos vândalos que quebram e roubam o que podemNo cemitério do Alecrim, a aposentada Maria Salete Barbosa foi pelo 19º ano seguido visitar o túmulo da mãe no Dia de Finados. Esta é uma tradição que, ela garante, não deixará de manter. “Eu não gosto de vir muito porque eu sempre choro, fico triste, mas no dia dos Finados, aniversário de morte e dia das Mães eu faço questão de comparecer”, disse. Maria Salete visitou, primeiro, a sepultura do Padre João Maria para fazer alguns agradecimentos. E como ela, eram muitas as fieis que paravam no túmulo do padre para pedir felicidade e fazer orações.

Alguns dos devotos sequer tem mortos enterrados em Natal, mas elegeram o Padre João Maria como intercessor para os pedidos que queriam fazer. A funcionária pública Maria do Carmo Lima não pôde ir à Santo Antônio visitar os túmulos dos avós, mas rezou por eles na missa do cemitério do Alecrim. “A morte não é só tristeza, é a passagem para estar ao lado de Deus, então eu vim pedir que eles estejam bem e felizes onde estiverem”, disse.

No cemitério do Bom Pastor, a tradição se repetiu. Depois de percorrerem outros cemitérios onde os parentes estavam enterrados, Nelita Oliveira e Sandra Regina foram fazer a última visita ao túmulo do pai falecido há 17 anos. “Eu venho constantemente ver como estão cuidando do túmulo, porque aqui é muito difícil manter as coisas, roubam os santos, as argolas, tudo”, contou Nelita.

No Morada da Paz, a movimentação dos visitantes deixou o trânsito da BR-101, pela manhã, bastante lento à altura do acesso ao cemitério e dos retornos para Natal. O calor e o sol fortes não desestimularam às visitas. Maria das Dores levou uma sombrinha para se proteger  e se ajoelhou demoradamente em frente ao túmulo da mãe, falecida há cinco anos. “Eu não posso chorar poque ela está ao lado de Deus, sem dor, sem sofrimento, mas esse é um dia de lembranças dos momentos que nós vivemos juntas, das nossas conversas”, desabafou.

 As visitas acabam se estendendo a outros túmulos, não só àqueles onde estão sepultados os parentes. O casal Fernando Vianna e Regina Nobre foram visitar a irmã dela, Maria de Jesus, e também  o túmulo do jornalista, ex-governador e ex-ministro Aluízio Alves. “Ele era nosso conterrâneo e eu acompanhei grande parte da vida dele”, contou Regina.

 Ao lado do túmulo, um bilhete: “Aluízio, não poderia deixar de lhe homenagear neste dia de Finados. Sou uma eterna bacurau, que guarda na memória duas passeatas a pé, o Trem da Esperança que percorria os rincões da linha férrea, acompanhado de multidões de gente cantando suas músicas, com seus galhos verdes, bandeiras, até amanhecer do dia. Que saudades daqueles tempos. Ninguém o substituirá, nos corações dos verdadeiros bacuraus. Descanse em Paz”. Sem assinatura.

Ambulantes reclamam do movimento

Nos cemitérios do Bom Pastor e Alecrim, barraquinhas de flores, velas, comidas e bebidas destacavam o comércio de ambulantes. Parte do trânsito das avenidas de frente aos dois cemitérios foi interrompido pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) para dar lugar às barracas. Mas a avaliação dos comerciantes quanto à movimentação ficou dividida.

No Alecrim, os ambulantes reclamavam do fraco movimento e alguns já pensavam até em desistir do trabalho. “No próximo ano eu não venho mais porque nem vale à pena ficar aqui, tentando vender e lucrar pouco no final”, disse o vendedor de água mineral José Mateus. A vendedora de flores Rosilene Batista também achou o movimento mais fraco neste ano. “Ano passado, havia mais gente aqui nesse horário e de manhã, nós sempre vendemos mais do que no período da tarde”, disse.

Já no Bom Pastor, a movimentação era intensa durante a manhã e o cenário lá fora contrastava com a tristeza dentro dos muros. Além das barraquinhas de flores, velas e água, a música alta e animada, barracas de cerveja, churrasquinho e cachaça demonstravam o outro lado do Dia de Finados. A comerciante Maria de Fátima acredita que esta data seja para comemorações. “É alegria, dia de comemorar, não tem isso de tristeza não”.

Vândalos agem em túmulos do Alecrim

Em resposta à matéria publicada no domingo, 1 de novembro, a família Cascudo enviou uma carta, discordando da opinião da administradora do cemitério do Alecrim sobre o abandono dos túmulos. Através da foto é possível constatar a ação de vândalos que destroem os túmulos. A TN reproduz abaixo a carta na íntegra.

A Família Cascudo vem por meio deste, e exercendo o mais

legítimo direito de resposta, se pronunciar a respeito da matéria “Administradora de cemitério cobra atenção das famílias”, veiculada neste jornal, caderno Natal, domingo, 01 de novembro de 2009. Nesta matéria são feitas alusões e comentários referentes ao túmulo de Luís da Câmara Cascudo.

Inicialmente podemos salientar que a matéria deveria ter o seu

título trocado, pois o que mais condiz com a verdade seria: “Famílias cobram atenção da Administradora de cemitério”, dada a situação calamitosa de abandono e descaso em que se encontra o tradicional cemitério de Natal.

O túmulo de Cascudo não está e nem nunca esteve abandonado. Nós, familiares de Cascudo, procedemos todos os anos, e às nossas custas, a limpeza e o reparo do mesmo. Nunca deixamos de homenagear a memória cascudiana com visitas frequentes ao jazigo da família e aposição de flores, todo Dia de Finados. Aliás, uma família que restaura, unicamente com recursos próprios e desde o ano de 2005, a casa em que Cascudo viveu por quase 40 anos, não pode ser acusada de “descaso com sua memória”… O que acontece com o jazigo existente no cemitério do Alecrim é o retrato mais fiel do abandono e da falta de segurança do mesmo. Infelizmente, o dito cemitério tornou-se um lugar de consumo de drogas e um ambiente cheio de lixo e sujeira por todos os lados. Todos os ornamentos do jazigo da Família Cascudo (argolas, placas e Cristo), feitos em bronze, foram furtados diversas vezes, sendo devidamente substituídos por novos, sem sucesso. O mármore, que recobre o jazigo, foi danificado nas tentativas dos vândalos em retirar os referidos ornamentos. Estamos com um grande projeto para reforma do jazigo, que será realizado a partir do início do próximo ano. Nesta reforma, todo o mármore será substituído por granito preto, bem como os o rnamentos, como forma de evitar o furto frequente dos mesmos. Transferir responsabilidades e fazer acusações levianas é muito fácil, quando não se cumpre de forma adequada as suas próprias obrigações.

A Família Cascudo tem a imensa honra de possuir como legado maior o culto e a preservação da

memória do seu patriarca, e atua como tal de forma inequívoca. Convidamos a todos para, em 2010, visitar o novo jazigo de Cascudo e, juntos, cobrarmos mais limpeza, segurança e respeito por todas as famílias que tem seus entes queridos sepultados no cemitério do Alecrim.

Família Cascudo.

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