A negociação salarial entre empresas e trabalhadores da construção civil foi marcada na tarde de ontem por uma manifestação na Zona Sul de Natal, com direito à passeata, desvios no trânsito e até à invasão de um canteiro de obras, no bairro de Lagoa Nova. Milhares de pedreiros, serventes, carpinteiros e outros profissionais do ramo protestavam contra o que chamaram de “boicote” por parte de algumas construtoras que, segundo eles, haviam quebrado acordo de liberar os contratados do serviço para assembleia marcada às 14h pela categoria.
Com um piso de R$ 602, o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores do Ramo da Construção Civil (Sintraconp RN) reivindica um reajuste de 20% e direitos como cesta básica e o fim de descontos de vale-transporte.
Ontem, enquanto a manifestação tomavam conta de parte da avenida Senador Salgado Filho e de outras vias próximas, a terceira rodada de negociação entre o Sindicato dos trabalhadores e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon RN), que representa as empresas, era realizada na Casa da Indústria. Na ocasião, os trabalhadores receberam uma contraproposta de 16,25%.
“Fizemos um apanhado em todo o Brasil e a média de reajuste é em torno de 10%. Na última reunião tínhamos proposto 15% de aumento e eles não aceitaram. Hoje (ontem), o índice que propusemos é 3,5 vezes o IPCA, que é 4,7%. Esperamos que com esse índice, o maior da categoria no país, eles se sensibilizem e aceitem a proposta”, disse a diretora executiva do Sinduscon RN, Ana Adalgisa Paulino.
O presidente do Sintraconp, Assis Pacheco, disse à TRIBUNA DO NORTE acreditar que a negociação será fechada na próxima quarta-feira, quando haverá nova assembleia na sede do Sintracomp, no Alecrim. A expectativa é que a assembleia atraia entre 6 mil e 8 mil trabalhadores de Natal e da Grande Natal. Ontem, o número de participantes girou em torno de 1,5 mil a 1,8 mil, entre pedreiros, carpinteiros, armadores, serventes, gesseiros, guicheiros e betoneiros, por exemplo. O presidente do sindicato que representa a categoria diz que encarregados na obra de um condomínio em Lagoa Nova impediram a saída dos operários, o que provocou reação por parte dos trabalhadores. Informações extraoficiais dão conta de que
Eles quebraram objetos dentro do canteiro de obras. O Sindicato nega. Ana Adalgisa, do Sinduscon, diz que representantes dos dois sindicatos estiveram no local e constataram o ocorrido, mas que a ação foi repudiada e não condiz com a política nem do sindicato dos trabalhadores nem das construtoras. “Foi a ação de um grupo isolado”, comentou.
De acordo com ela, o Sinduscon irá recomendar a construtoras associadas e não associadas que liberem os trabalhadores para a assembleia marcada para as 13h da quarta-feira.
TRÂNSITO
Ontem, a manifestação da categoria provocou congestionamentos, exigiu alterações no trânsito da avenida Senador Salgado Filho e aumentou o fluxo de veículos em algumas vias, inclusive nas proximidades do Machadão. De acordo com o diretor de fiscalização da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), Márcio Sá, como os trabalhadores ocuparam parte da pista, foi preciso fazer desvios e redirecionar o tráfego pelas avenidas Romualdo Galvão, Xavier da Silveira e Rui Barbosa. Também foi preciso interditar o retorno próximo ao Midway Mall e ao IFRN, na avenida Bernardo Vieira, como forma de evitar a formação de filas duplas no local. A Semob contou com o apoio da Polícia Militar para ordenar o trânsito, que só voltou ao normal por volta das 17h. As intervenções duraram cerca de três horas.