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Nelson Jobim renuncia à candidatura

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ARTICULAÇÃO - Temer quer somar apoios para assegurar a unidade do partidoBrasília (AE) – A desistência do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim, um dia depois de afirmar que não renunciaria em nenhuma hipótese, de disputar o comando nacional do PMDB com o atual presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), candidato à reeleição, abriu uma crise política na base de apoio ao governo. Apesar do favoritismo de Temer, Jobim abandonou a candidatura alegando a “interferência do governo” no processo eleitoral. Ele denunciou a “opção” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente nacional do PMDB e teve a solidariedade de toda a cúpula governista do Senado, que se queixou da “traição” presidencial. A interlocutores, Jobim disse que Lula o abandonou depois de incentivar a candidatura.

“Sou 100% solidário com Jobim, política e moralmente”, declarou o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ontem à tarde. “Todos nós nos sentimos um pouco liberados em função dos últimos acontecimentos”, completou, referindo-se à bancada de senadores que apoiava o ex-presidente do STF, tendo à frente os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Roseana Sarney (PMDB-MA). “Ninguém sabe o tamanho dessa crise, mas não há dúvida de que quem vai pagar a conta é o Lula”, avaliou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), depois de ouvir os colegas. “É claro que isto vai se refletir nas votações de interesse do governo”, previu.

Os “últimos acontecimentos” que provocaram o protesto de Calheiros e a ameaça de rebelião no Senado foram dois gestos feitos pelo presidente na véspera, contrariando um pedido feito no domingo (04) pelo presidente do Congresso, José Sarney e Roseana. Em conversa reservada com Lula no Alvorada, eles renovaram os apelos para que ele não indicasse os ministros da legenda antes da convenção nacional de domingo (11), como queriam Temer e a grande maioria da bancada federal que defende a reeleição.

Lula, no entanto, chamou o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) ao Planalto na noite de ontem, acompanhado do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que apadrinha a indicação do peemedebista para o Ministério da Integração Nacional. Não bastasse a fotografia da dupla sorridente ao lado do presidente, sugerindo o convite a Geddel para o ministério, o Lula ainda marcou uma audiência com o presidente nacional peemedebista para ontem à tarde.

Foi a senha para que os senadores e Jobim identificassem a “virada” do governo em favor do adversário. Afinal, até o fim de semana, quem levava o carimbo de “candidato do coração” do presidente era o ex-presidente do Supremo Tribunal, e não Temer. O grupo ainda telefonou para Lula no Palácio da Alvorada com o objetivo de tentar impedir a audiência dele com o presidente do PMDB. Eles avaliaram que o encontro desequilibraria ainda mais a disputa, tirando as poucas “chances matemáticas” de vitória que Jobim ainda teria.

Michel Temer nega interferência

Ao comentar a desistência de Nelson Jobim, em vez de cantar vitória, o deputado Michel Temer evitou comemorar e tratou de pôr panos quentes na crise e destacar a necessidade de ampliar os apoios para construir a unidade em torno do próprio nome. “Interferência do Planalto não houve. O convite para a audiência no Planalto é uma demonstração de que as instituições estão conversando entre si”, disse, ao frisar que foi chamado como presidente e representante institucional do PMDB.

O deputado anunciou a intenção de procurar Calheiros, Sarney e Jobim para compor uma chapa de consenso ao diretório nacional do partido. Mas começou a articulação pelos governadores que ficaram neutros ou aderiram à chapa de Jobim.

Reuniu-se à tarde com os governadores do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), do Mato Grosso do Sul, André Puccineli (PMDB), do Rio, Sergio Cabral Filho (PMDB) e do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB).

Cabral Filho e Braga, que estavam na linha de frente da campanha de Jobim, comprometeram-se a defender a tese da unidade junto a Calheiros e Sarney. Cabral Filho e Calheiros encontraram-se à noite no Senado e, ao fim da conversa, o governador fluminense anunciou que o grupo dele não comparecerá à convenção do domingo. Afirmou, no entanto, que “não ficou nenhuma seqüela” em relação ao governo. “Sou aliado do Planalto. Não dá para confundir a questão do partido com o presidente Lula”, declarou, ao justificar a ausência na convenção como um gesto de solidariedade a Jobim.

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