sexta-feira, 19 de abril, 2024
28.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Nervuras

- Publicidade -

Vicente Serejo
[email protected]

folha

A discussão final em torno do Plano Diretor, passada a fase atual vivida no âmbito das várias instituições naturalmente envolvidas, chegará ao plenário da Câmara Municipal levada pelo calor dos debates. E com as nervuras – para usar uma metáfora elegante – inevitáveis de uma carne viva sob o fogo das idéias. Marmorizada, como dizem os finos churrasqueiros, pela gordura dos interesses e até na tal envergadura dos seus efeitos na prática da vida urbana.

Até lá, em que pesem a sofreguidão de uns e a ansiedade de outros, o papel crucial da Câmara de Vereadores será posto à prova. E é também natural que as posições fiquem mais acirradas na decisão final. Pela praxe, as reformas no seu texto ocorrem a cada dez anos de vigência, o que pode ser mudado pelo Legislativo. E tudo isto vai acontecer nas vésperas de uma eleição municipal que joga os senhores vereadores na luta bruta da arena dos votos .

Como se não bastasse, queiram ou não as pessoas, o Plano Diretor tem uma memória trágica colada à sua história contemporânea. Há dez anos, a notícia saltou da política, seu leito natural e saudável, e caiu nas manchetes judiciais com a ‘Operação Impacto’ do Ministério Público. E de lá, na Justiça, que recebeu a denúncia com desfecho parcial da condenação de alguns vereadores, mas em primeira instância, depois de buscas e apreensões flamejantes.

Não foi bom, já naquela hora da sentença do juiz Raimundo Carlyle, que não tivessem sido mais claras as relações da esfera pública com a esfera privada. Claro que o caso ainda vai às instâncias superiores, mas a primeira decisão já basta para demonstrar a carga de tensões que o Plano Diretor tanto atrai e agrega. Muito mais tensa quando se sabe das prerrogativas do Ministério Público, que causou tantos transtornos ao estourar a denúncia, há uma década.

Teria sido mais cuidadoso que a Prefeitura tivesse, com antecedência, elaborado uma proposta técnica sobre a qual nascessem os debates. Mesmo abertos, esse debates não chegam à sociedade, hoje muito mais instrumentalizada pelas ferramentas virtuais das mídias sociais. O poder de manifestação, mais forte e ágil do que há dez anos, certamente terá o seu papel na formação dos juízos de valor e que nem aqueles mais tonitruantes serão capazes de evitar.

É preciso, pois, e mais do que nunca, afastar esses tonitruantes dos debates, sob o risco de levar a questão para um clima de olimpíada retórica. Há exemplos de acirramentos que acabaram em pugilato no próprio plenário da Câmara. Vem ai uma campanha eleitoral e qualquer um sabe do perigo luminoso e fascinante. A transparência, por mais difícil que possa parecer, ainda é o melhor caminho diante de tantos atores e tantos cenários. Quem viver verá. 

VÍCIO – Deve ser um vício genético a tendência do deputado federal Walter Alves: só quis o pai, Garibaldi Filho, na presidência do MDB, e se justifica por sua própria trajetória política.

MAS – Agora quer afastar Gleire Belchior da direção local do Instituto Ulisses Guimarães para nomear Felipe Alves. É estratégia para elegê-lo a deputado estadual no pleito de 2022?

INJUSTO – A trama é injusta. A gestão de Gleire Belchior levou a presença do Instituto a vários municípios do Estado, publicou livro, fez treinamentos e soube promover discussões.

CONVERSA – Fontes do MDB afirmam que o prefeito Álvaro Dias voltou a encontrar com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. Não é fácil reuni-los, mas em política nada é impossível. 

PLANO – Quem for aos arquivos desta coluna verá: o Plano Diretor nunca esteve nos planos do presidente da Câmara, Paulinho Freire, agendado para este ano. A pressa não aconselha.

3×4 – Dia 24 Alex Medeiros reúne as tribos, de direita e esquerda, bolsonaristas e até petistas para o lançamento do seu livro Três por Quatro. Festeja os seus sessenta anos e dos Beatles.

QUEDA – Alguns dos principais escritórios advocatícios de Brasília trabalham com a tese de que prisão em segunda instância pode cair no STF. A não ser que tenha uma decisão superior. 

SÍTIO –  Somos um sítio às escuras. Bastou o feriado de sábado – da Padroeira – e Recife não remeteu as revistas semanais. Até a segunda as quatro edições não haviam chegado às bancas.

PERIGO – O vigário de Nísia Floresta, sem antes submeter ao patrimônio histórico qualquer tipo de consulta, vem fazendo demolições na estrutura da matriz da cidade levando o edifício a sofrer deformações. Não basta a boa fé, se é que existiu. É preciso ter consciência cultural.

TIRO – Correta a nota da Fiern estranhando o fechamento do escritório local da Agência Nacional de Mineração quando temos uma produção mineral respeitável em dez municípios e um faturamento em R$ 164 milhões em 2018. Um instrumento de desenvolvimento a menos. 

ELOGIO – O neurocientista Cidarta Ribeiro, professor da UFRN, ganhou elogio consagrador do colunista Hélio Schwartsman, da Folha, ao seu novo livro “O Oráculo dos Sonhos”. Tem, na visão do colunista nacional, uma prosa cativante que sabe manter a atenção dos leitores.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas