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Nevaldo e a sociedade com a Tribuna do Norte em 1975

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O empresário Nevaldo Rocha sempre foi um homem avesso às entrevistas. Tido como “discretíssimo” pelo jornalista Woden Madruga, com quem nutriu uma amizade desde os tempo da loja ‘A Capital’, Rocha se interessou pela TRIBUNA DO NORTE no final dos Anos 1970, quando os Anos de Chumbo recrudesceram e os militares cassaram os mandatos de Aluízio Alves, então deputado federal; e Agnelo Alves, então prefeito de Natal.

#SAIBAMAIS#“A aproximação de Nevaldo Rocha com a TRIBUNA DO NORTE foi no começo dos anos 1970. Foram cassados Aluízio e Agnelo. Na mesma época, Cassiano Arruda, que era diretor de Redação, foi preso pelos militares. Eu tinha uma amizade de muitos anos com Nevaldo e, por causa da prisão de Cassiano, assumi a direção de Redação da TN”, relembra o jornalista Woden Madruga.

Dias depois, num encontro casual entre os amigos para comemorar as obras da fábrica na Av. Bernardo Vieira, Nevaldo procurou Woden e questionou como estava a situação financeira do jornal com a prisão de Cassiano Arruda e a cassação dos mandatos de Aluízio e Agnelo. “Na conversa, eu senti que ele estava interessado. De volta à TN, conversei com José Gobat sobre o assunto. Depois, Gobat ligou para Nevaldo e marcaram uma reunião. Dessa reunião, surgiu a sociedade. Mas ele não queria aparecer. Colocou o advogado Eider Furtado como representante”, diz Madruga.

    O novo contrato social foi assinado no início de outubro de 1975. Na foto que eterniza o momento e que foi usada na capa da edição da TRIBUNA DO NORTE do dia 2 de outubro daquele ano, aparecem Aluízio, José Gobat e Agnelo Alves, Eider Furtado e Nevaldo Rocha.

“Um jornal moderno, à altura do desenvolvimento eco· nômico e social do Rio Grande do Norte, dotado de equipamento moderno, com instrumento de distribuição que permita a sua circulação por todo Estado, é o que prometem os que vão fazer a TRIBUNA DO NORTE através de uma nova sociedade acionária, integrada pelos empresários Aluízio Alves e Nevaldo Rocha e os jornalistas Agnelo Alves e José Gobat AIves, ao assinarem terça-feira passada o contrato social da EMPRESA JORNALÍSTICA TRIBUNA DO NORTE LTDA com capital de três milhões e quinhentos mil cruzeiros, a ser integralizado em dois anos”, destacava a reportagem publicada à época.

Questionado por quais motivos Rocha decidiu investir no jornal, Madruga afirma que foi um ato espontâneo que resultou na salvação da TRIBUNA DO NORTE. “Isso foi muito importante para o jornal. Poucas pessoas sabem dessa história. Ele investiu dinheiro num jornal em troca de nada. Ele não tinha interesse político. E naquela época se respirava política. Ele sempre foi um homem discretíssimo. Não gostava de entrevistas, mas  gostava de conversar numa roda de amigos”, relembra Woden Madruga, que foi cliente da loja A Capital, fundada por Rocha, na Praça Augusto Severo, na Ribeira, no final dos anos 1940.

Madruga relembra aspectos interessantes da jornada empresarial de Nevaldo Rocha. “Pouca gente sabe dessas histórias, que valem a pena ser contadas. Nevaldo trabalhou dentro da Base Aérea dos americanos, em Parnamirim, onde tinha uma espécie de centro comercial. Lá, fez amigos e aprendeu muita coisa”, afirma. Anos depois, já como empresário bem sucedido, passou a viajar para os Estados Unidos e a fotografar as vitrines das lojas masculinas das cidades pelas quais passava. “Isso serviu de inspiração. Ele olhava as vitrines, o que os manequins estão usando e se inspirava para trazer para cá, para sua fábrica e para suas lojas”, comente Madruga.

O diretor presidente da TRIBUNA DO NORTE, Henrique Eduardo Alves, destaca as qualidades de Nevaldo Rocha que permanecerão.

“Esse homem é de uma grandeza enorme, absoluta. Porque ele fez aqui, na sua terra, as melhores lojas, a maior fábrica, o melhor shopping, o melhor teatro, tudo marcas suas plantadas com seu trabalho, com seu suor, com sua ética, com sua coragem, com seu desassombro.

Ao mesmo tempo este homem tão grande era um homem tão humilde, tão simples, e isso dá ainda mais valor a tudo que ele foi”.

Henrique Alves destacou, ainda, a relação que seu pai, o ex-governador Aluízio Alves, teve com Nevaldo Rocha. “E eu dou um exemplo do que foi Nevaldo, na relação com meu pai (Aluízio Alves, fundador da TRIBUNA DO NORTE), que até me emociono em lembrar. Em 1963, o meu pai queria fazer a TRIBUNA DO NORTE crescer, primeiro sobreviver, depois se levantar e se modernizar como elemento de comunicação, de cultura e de informação. Para isso ele precisava abrir o capital da empresa. Ele procurou Nevaldo, por meio de uma simples correspondência, para saber se ele poderia participar desse esforço de colaboração em favor da TRIBUNA DO NORTE. E Nevaldo deu sua colaboração, sem alarde, sem divulgação, nada”, relembra Henrique Eduardo Alves.

Um fato desconhecido da maioria dos potiguares é hoje revelado e comprova a grandeza de Nevaldo Rocha. “Quando meu pai depois quis reaver as ações, comprá-las de volta, ele foi a Nevaldo e disse: “Nevaldo, o que você me ajudou naquela época eu quero agora recomprar para que eu possa retribuir seu gesto pela Tribuna”. E aí o gesto de Nevaldo: “Aluízio, as ações são suas.”

Foi um gesto que nos emocionou muito à época e até hoje mostra o homem, o coração, a bondade, os gestos de Nevaldo Rocha. Ele foi um dos melhores homens da história do Rio Grande do Norte”, declara o diretor presidente da TN.
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