quinta-feira, 18 de abril, 2024
28.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Nicholas, sete anos, está na fila da vida

- Publicidade -

Yuno Silva
Repórter

Os pais de Nicholas Araújo Arimateia foram surpreendidos, em outubro, por um Acidente Vascular Cerebral que acometeu o garoto de sete anos. Desde então o pequeno natalense, que sofre de uma doença rara chamada miocardiopatia restritiva diagnosticada ano passado, está na fila de transplante de coração. Ele e o pai Giovanni Arimateia estão em Brasília – uma das quatro cidades do País que realizam o procedimento em crianças – à espera do órgão. O coração resiste apenas 4 horas entre a coleta e o transplante, antes de uma isquemia. Atualmente, no Brasil, o transplante de coração em crianças só é realizado em Brasília, São Paulo Curitiba e Fortaleza.

A família tentou vaga no Ceará, mas acabou encontrando na UTI pediátrica do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, que funciona dentro do Hospital das Forças Armadas na capital federal. “Ele está sendo medicado 24 horas, já fez os exames de compatibilidade e vem fazendo fisioterapia para reduzir as sequelas pós-AVC que limitaram os movimentos da perna e do braço esquerdos. O quadro é estável”, disse Giovanni, 40, técnico judiciário da Justiça Federal.

Apesar de ter plano de saúde privado, quando chegar a hora o transplante de Nicholas será bancado pelo SUS devido o alto custo do procedimento. A miocardiopatia restritiva é uma doença congênita e progressiva, e faz com que o coração tenha músculos mais rígidos “que impedem a entrada de sangue suficiente para o bombeamento”, explicou o pai.

Desde que o problema do filho se agravou, Giovanni está em uma cruzada para sensibilizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos. “No Brasil não tem esse costume. Um doador saudável pode ajudar a salvar até nove vidas”, destacou. De acordo com ele, Nicholas passou a conviver com a doença na base de remédios desde o diagnóstico no ano passado. “Ele tinha uma rotina normal, o maior sintoma era um cansaço que vinha quando realizava alguma atividade física ou brincadeira mais puxada”.

Em Natal, segundo a coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO-RN), a médica nefrologista Raissa de Medeiros Marques, os transplantes de coração deixaram de ser realizados em 2009 no RN, e os de fígado em 2012. Atualmente, são realizados transplantes de rim, córnea e medula óssea – em 2016, até o mês de setembro, haviam sido feitos 131 transplantes de córnea, 65 de rim e 39 de medula. “Nossa nossa Central colabora com a coleta de outros órgãos, pois há um cadastro nacional e uma logística que permite que tecidos e órgãos sejam aproveitados por pacientes em outros estados. No caso do coração é mais complicado, pelo curto intervalo de tempo que ele resiste, já as válvulas (do coração) tem uma validade maior. O fígado também resiste mais, até 12 horas”, explicou.

O HWG é o principal fornecedor de órgãos, e o Tarcísio Maia em Mossoró está intensificando as solicitações da Organização de Procura de Órgãos (OPO), que mantém um cadastro único nacional. “Estou acompanhando o caso do Nicholas, é prioridade devido a gravidade da situação”. O garoto está no topo da lista na categoria dele: pessoas entre 12 e 45 quilos.

Exemplos que ajudam a salvar vidas

Raissa de Medeiros Marques, coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO-RN), afirmou que no Brasil a pessoa interessada em doar órgãos deve comunicar à família. “Esse é o procedimento padrão para legitimar a doação, a família fica responsável pela decisão”, frisou a coordenadora do CNCDO-RN. A recusa familiar é em torno de 62%, índice considerado alto: “O ideal é que esse número esteja abaixo ou próximo dos 50%. Com o aval da família, o fluxo sanguíneo é mantido até ser feita a captação por ato cirúrgico”.

A médica disse que os casos de morte cerebral são diagnosticados pelo hospital, e comprovados por três exames: dois clínicos e um especializado que pode ser um eletroencefalograma, arteriografia ou ultrassonografia com doppler para verificar a atividade cerebral. Raissa informa que em adultos há um intervalo de 6h horas entre os exames clínicos. “No caso de crianças, o intervalo é maior e varia de acordo com a idade”.

Logo após o primeiro exame, a situação é informada ao OPO – Organização de Procura de Órgãos, de âmbito nacional.   Assim como há as campanhas contra o câncer de mama e o câncer de próstata, o mês de setembro é dedicado à campanha de incentivo à doação de órgãos. “No mês da campanha aumentam as doações, mas também noto um aumento quando há algum evento favorável na mídia.”

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas