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Níveis dos reservatórios preocupam

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Os potenciais de abastecimento dos reservatórios de superfície do Rio Grande do Norte estão em situação crítica. A Lagoa de Extremoz, na Grande Natal, nunca atingiu um volume tão baixo desde que passou a ser monitorada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em 2007. O manancial está com 48,55 % do total da capacidade e, caso as chuvas não cheguem, em alguns meses será necessário um racionamento de água da população atendida pela lagoa. O reservatório é responsável pelo abastecimento de 70% da região Norte de Natal.
Os efeitos da seca atingem toda a população do RN, especialmente os que dependem da agricultura
A Lagoa do Bonfim, em Nísia Floresta, está com 59,43% da capacidade hídrica acumulada, o que corresponde a aproximadamente 50 milhões de metros cúbicos. É de lá que sai a água que abastece 14 cidades do interior potiguar, a maioria delas no Potengi, cuja oferta do líquido já foi reduzida em 30% desde o mês passado. Na Lagoa do Jiqui, entre Natal e Parnamirim, o percentual de armazenamento é de 73%.

A Lagoa do Bonfim, principal fonte de abastecimento para a Adutora Monsenhor Expedito, está com a capacidade pluviométrica num nível considerado “muito baixo” pela Semarh. Dos 84,2 milhões de metros cúbicos possíveis de serem concentrados no reservatório, atualmente estão disponíveis pouco mais 50 milhões.

A elevação da temperatura contribui ainda mais para a redução do potencial de acúmulo de água nas lagoas. elevação da temperatura que contribui negativamente com a questão da reposição hídrica dos reservatórios potiguares. De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, o aumento da temperatura média provoca uma evaporação muito acentuada. “Enquanto não começar a chover, as temperaturas poderão aumentar em até 1º Celsius do normal”, explicou o meteorologista.

Agropecuária é um dos setores mais afetados

 Uma das consequências da estiagem prolongada no Rio Grande do Norte foi a mortandade do rebanho bovino. Não há, porém, estatísticas oficiais que indiquem o percentual de bois, vacas e garrotes que morreram em mais de um ano sem chuvas. “A rigor, não existe estatística confiável que a gente possa afirmar o percentual do rebanho que morreu. Entretanto, há uma média de perdas, entre mortos e vendidos, que varia de 30% a 40%”, aponta o presidente da Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc), Marco Aurélio Sá.

Ele avalia que, somente com a incidência de chuvas e a abertura de créditos desburocratizados, o produtor rural poderá salvar o rebanho que duela com a falta d’água para sobreviver. “Se ainda ocorrerem chuvas suficientes para fazer brotar rama na região do semiárido, dá para salvar o rebanho. Se não chover, o desmantelo será grande”, adverte. Para ele, o Governo do Estado agiu tardiamente, com a distribuição de grãos para o homem do campo e forragem para o rebanho.
#SAIBAMAIS#
Entretanto, Marco Aurélio Sá ressaltou que a Secretaria Estadual de Agricultura está procurando ampliar a distribuição de forragem para o rebanho e a distribuição de milho através da venda em balcão. Com isto, segundo o presidente da Anorc, a situação que se agravou nos últimos meses, poderá ser controlada por um período maior de tempo. “As providências para salvar o rebanho vieram um pouco tarde, mas foram tomadas”, afirma. Além dos itens distribuídos pelo Governo do Estado, os produtores rurais estão firmando parcerias com indústrias de cana-de-açúcar para comercializar o excedente da produção, que deverá ser usado como alimento para o gado.

Sobre a Festa do Boi, organizada pela Anorc anualmente, Marco Aurélio Sá confirma que não há interesse da Associação em cancelar o evento, mesmo diante de um cenário de seca. “A Festa do Boi deve acontecer por ser um evento de natureza técnica, com um caráter econômico. Por hora, a gente não pensa no arquivamento da feira este ano”. Somente se as chuvas não ocorrerem, especialmente na zona litorânea, a realização do evento será repensada.

Especialista prevê nove anos de estiagem

De acordo com o pesquisador Luiz Carlos Baldicero Molion, PHD em Meteorologia e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas, o Rio Grande do Norte terá, assim como a Paraíba, mais nove anos de estiagem. Ele afirma que os estudos sobre o comportamento das temperaturas nos oceanos, relacionados com os levantamentos dos dados das séries históricas de chuvas nos estados nordestinos, indicam que haverá um longo período seca na região.

“Será preciso medidas emergenciais nos próximos anos. Mas é preciso ultrapassar o imediato. Não se pode mais perder tempo e adiar as ações que criem condições para ao desenvolvimento ao  aproveitar as características”, destaca. O professor alerta que os estados do Nordeste precisam estar preparados para um longo período de poucas chuvas nos próximos anos. “Não gosto da palavra ‘seca’, porque a região já tem essa característica quase de forma permanente. Trata-se de mais um período com chuvas abaixo da média”, defende.

Segundo ele, as secas constantes e severas no semiárido nordestino têm relações diretas com fenômenos que ocorrem no Oceano Pacífico. Ele lembra que em torno de 71% da superfície da terra é coberta pelos oceanos. Por isso, a temperatura das águas oceânicas influenciam o comportamento das chuvas. “Quando as águas do Pacífico estão frias, as chuvas nos Estados nordestinos são reduzidas. Quando as águas esquentam no Pacífico, as chuvas aumentam por aqui”, explica.

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