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No Caic, apenas o Museu sobrevive

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Everaldo Lopes
Repórter e Colunista

O que poderia ser, hoje, um formidável centro formador de talentos e manutenção de atletas potiguares,  o CAIC de Lagoa Nova parece mais um quarteirão que soçobrou de um tornado, uma grave crise e uma seca avassaladora, deixando tudo em ruínas, nenhuma árvore em pé. Dois ginásios aparentemente com instalações e piso em condições de serem utilizados, mas revelando nitidamente um quase total abandono. A vegetação que os circundam está transformada em galhos secos, as grades que protegem as janelas, todas enferrujadas, janelas e portas sem conservação,  bebedouros, lavatórios,  banheiros e sanitários em péssima situação. Grande parte do piso interno, formado por grandes blocos, está solta. Uma piscina de 100m, é o único setor do CAIC que está sendo recuperado, mas muito lentamente pois conta  apenas quatro operários recolocando azulejos na parte interna. Pela dimensão da piscina, somente com o atual número de operários, é serviço para vários meses.
Troféus históricos podem ser observados na exposição
  O CAIC de Lagoa Nova ocupa o espaço de um quarteirão inteiro, tendo como vizinhos a CEASA e, em frente o Tribunal Regional do Trabalho 21ª Região. A imensa área abriga dois ginásios com capacidade para 1.500 assistentes, piscina, campo de mini-futebol, alojamento para jogadores denominado “Pousada do atleta”. Várias dependências hoje estão desocupadas ou servem para turmas do Supletivo, funcionando na parte da tarde e à noite.  Um mini-teatro circular, a céu aberto, está ainda conservado. Uma outra dependência, está servindo a uma unidade da Polícia Militar Preventiva de usuários de drogas. Quando inaugurado, o  CAIC  contava com uma excelente pista para provas atléticas de 50, 100, 200 e 400m, melhoramento que implicou na utilização de parte do  antigo campo de futebol, dando a impressão de ser um pista de tartã. Também sucumbiu vítima do abandono. O medalhista potiguar Vicente Lenilson aprimorou seu talento e ganhou muitas medalhas como velocista, inclusive no exterior, mantendo a forma na pista que circundava o campo de futebol.

A impressão negativa de quem chega ao CAIC, numa segunda entrada é o portão de ferros retorcidos presos por arames, enquanto parte da cerca que circunda o CAIC sofre o mesmo problema de corrosão. Um espaço que prometia ser a redenção do esporte colegial, muito cedo começou a revelar problemas, sem que surgisse uma medida séria capaz de manter utilizável centro de esportes   tão generoso para modalidades esportivas como vôlei, basquete, futsal, atletismo, natação, handebol, pólo aquático, competições tipo JERNs, servir de sede para torneios, conferências e  palestras.

MUSEU ESTÁ A SALVO

O Museu do esporte é uma ilha em meio a tanto abandono. A atual administradora é a prof. Edna Fernandes, embora na visita da reportagem da TRIBUNA não se encontrasse para fornecer algumas informações. Mas, é elogiável o zelo pelo espaço reservado à história do desporto potiguar. São milhares de fotografias, a maioria bem conservada, outras amareladas pelo tempo. Emociona a quantidade de fotos e jornais do fantástico raid  Natal/Rio de Janeiro numa iole a quatro remos, epopéia de quatro remadores potiguares e um timoneiro, capitaneados por Ricardo da Cruz (o chamado “patrão” na linguagem do remo, era vovô da guarnição, com seus bem vividos 60 anos de idade), enquanto o mais jovem da guarnição tinha 40 anos. O raid largou do cais do porto de Natal, em abril de 1952, chegando à baía de Guanabara sendo os remadores recepcionados pelo vice-presidente da República, o natalense João Café Filho, falecido há anos. A epopéia aconteceu nos chamados Abrolhos, na Bahia, avariando a iole, sendo os remadores obrigados a retornar a Natal e aguardar a recuperação da iole Rio Grande do Norte, prosseguindo viagem vários dias depois.

 O Museu do Esporte contém vasto material sobre o que se considerou “o maior feito náutico da humanidade”, inclusive a exposição da iole “Rio Grande do Norte”, confeccionada com madeira especial, porém pesada, o que tornava o barco cinco  vezes mais  difícil locomover do que as ioles categoria quatro remos, dos dias de hoje, com os barcos confeccionadas em fibra carbono, 10 vezes mais maneiro, inclusive os remos. Há destaque para as empresas natalenses que colaboraram com os familiares dos cinco corajosos remadores, firmas  praticamente quase todas já extintas.

   Além do farto material relativo ao raid Natal/Rio, o Museu praticamente dispõe de fotos de outras modalidades, com predominância do futebol e futsal Uma das fotos valiosas no museu do esporte é a que mostra o ex-prefeito Djalma Maranhão como zagueiro do Clube Atlético Potiguar. Maranhão foi um dos prefeitos mais atuantes que Natal já teve, foi político, acusado de comunista, pelo governo revolucionário de 64, preso e exilado para o Uruguai.  Estão também expostas antigas camisetas, flâmulas, muitos troféus bastante antigos, uma aceitável quantidade de livros específicos do esporte. Em um outro local do museu, há uma foto, tamanho 30 x 40 do grupo de pessoas que organizaram o raid Natal/Rio, professor Nunes, Luiz Siqueira, Ivone Reis, José Reis, prof. Acrísio Freire, Murilo Aranha,  José Cavalcanti Neto e Major Ulisses  Cavalcanti. O Caic foi construído  durante o governo José Agripino, Secretário de esportes Marcos Guerra, prefeita Wilma Maia, ministro da Educação Murilo Avelar. A inauguração em 28/11/1994. a prefeita era Wilma Maia, que foi sucedida por Aldo Tinoco.

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