Tádzio França
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Em sua época áurea, São José de Mipibu chegou a ter 32 engenhos em funcionamento. Deste período, o que melhor guarda as características daquela época é o Engenho Lagoa do Fumo. Localizado a cinco quilômetros do centro da cidade, ainda respira os ares e a aparência de 1810, ano em que foi construído. A propriedade pertenceu à família de Miguel Ribeiro Dantas, o poderoso Barão de Mipibu. Com a morte do barão, o engenho foi vendido para o coronel Felipe Ferreira em 1897, cujos descendentes administram o local até hoje.
Leda Souza Ferreira e Murilo Ferreira, atuais proprietários, cuidam do engenho como uma jóia preciosa, e querem que outros também possam admirar essa beleza. A família já realiza uma tradicional festa de São João há 15 anos na propriedade. Informalmente, também já cedeu o espaço para a realização de casamentos. “A ideia é usar o engenho como um local para a realização de eventos fechados, como aniversários, casamentos e confraternizações de empresas”, explica Leda.
Visitas ao engenho por agendamento, em grupos pequenos, também são atividades que os proprietários querem desenvolver. “Serão como aulas de passeio, onde vamos informando sobre a história da propriedade e suas particularidades. Mas não pretendemos colocar refeições, café ou almoço, dá muito trabalho e não é nossa intenção”, ressalta Leda. O engenho é a atração por si só.
Passeio ao século 19
O Engenho de Lagoa do Fumo é um documento fiel do Brasil colonial e rural. A casa-grande de 203 anos conserva a estrutura original. É uma ampla construção térrea de tijolos, telhado (original) de duas águas, e diversos ambientes divididos segundo a arquitetura da época. A extensa varanda e seus janelões são naturalmente arejados. Os armários internos, instalados nas paredes, ainda estão conservados. A poucos metros está o engenho, apenas com a fachada conservada, junto com a imponente chaminé. A moenda foi trazida da Paraíba – a original se perdeu no tempo. Ao lado da casa-grande, a capela de São Pedro é uma construção mais “recente”, de 1919.
O engenho de cana-de-açúcar funcionou até 1963. Durante esse tempo chegou a produzir as cachaças Soberana e Riqueza, muito apreciadas pelos degustadores de uma caninha artesanal. Hoje em dia, a propriedade é usada apenas para a criação de gado nelore. O uso do engenho como cenário de passeio cultural e área para eventos é uma ideia nova, que os proprietários ainda querem aperfeiçoar. “É um lugar muito antigo, e exige cuidados especiais para ser trabalhado. Queremos que o engenho continue do jeito que ele é”, conclui Leda.
O Engenho do Forró
#saibamais#Um dos engenhos mais antigos de São José de Mipibu é o da fazenda Olho d’Água. Foi criado em 1773 pelo português Miguel Ribeiro Dantas, avô materno do Barão de Mipibu. O conjunto arquitetônico conta com uma bela casa-grande construída posteriormente à primeira em 1851, galpões de 1920, moenda, e chaminé. Esse sítio histórico foi reavivado devido a realização do Forró da Olho d’Água, grandes festas mensais que atraem pessoas da capital e de outros estados. Atualmente o forró está sem calendário fixo.
A estrutura foi adaptada para receber as festas, com a inclusão de duas palhoças e um bar. Localizado a pouco mais de dois quilômetros da cidade, o engenho também manteve até 2003 a atividade produtora de cachaça artesanal, a Berckmans – tradição na área desde 1921. Mesmo com a produção momentaneamente parada, ainda é possível achar a caninha em estoque. A fazenda também já produziu no passado açúcar mascavo, mel de engenho e rapadura.