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No coração petropolitano

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Tádzio França
repórter

O ambiente urbano pode ser bem mais do que aquilo diante dos olhos. Pode ser também uma experiência muito pessoal. Foi com esse olhar que o jornalista e advogado Gustavo Sobral escreveu um guia sobre Petrópolis, um dos bairros mais charmosos da capital potiguar. Não se trata de um manual de “onde comer e beber”, funcional e direto; é mais uma seleção sentimental, baseada nas vivências de Gustavo, frequentador da área desde criança. Petrópolis – e seu “irmão” Tirol – reúne algumas das opções mais badaladas da cidade em gastronomia, moda e comércio em geral. Mas não é só isso. Cada um pode fazer o seu guia. É só começar a circular.
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O livro “Petrópolis – Guia prático, histórico e saboroso do bairro”, que será lançado no próximo dia 5 de abril, começou como uma pequena crônica. “Meu avós moravam aqui, cresci entre Petrópolis e Tirol, estudei no Henrique Castriciano. Minha memória afetiva já tinha muita informação. Passei a ouvir também histórias de amigos, e mais textos foram ganhando forma, até virar uma coleção de histórias”, conta. Foram acrescidas  informações sobre comida, bebida, noite, cultura e histórias. “É um passeio em forma de livro”, ressalta.

Os lugares “provocaram” os temas, segundo Gustavo. São pequenas excursões a cada um deles, sem a obrigação de profundidade, horários de funcionamento, etc. São relatos movidos a impressões, informais como um bom bate-papo. A  Banca do Tota puxa um assunto sobre charutos cubanos, que leva à esquina do restaurante Buongustaio (Afonso Pena com a Trairi), passando pelo Basilico’s e desaguando na Quitanda do Lucas, um pequeno oásis com jeitão de feira suculenta, similar às paulistanas. “Luquinha e o pessoal dele já sabem da preferência de cada cliente”, registra o livro. E se não tiver tempo de ir lá, Luquinha manda a Kombi entregar. “Um luxo!”, brinca Gustavo.

Pontos pitorescos também entram no relato. A espaçosa Praça Cívica, ainda simpática apesar dos altos e baixos, e a Praça das Flores, que funciona mais como um ponto de referência para o bairro, à frente de alguns dos restaurantes, bistrôs e bares favoritos da área. O Quibe da Praça das Flores, cortesia de ‘seu’ Semir, também é lembrado pelos habitués, boêmios e visitantes. O Clube Albatroz, “um prédio com a bossa de ter a porta de entrada na esquina”, as belezas neo-clássicas do Centro de Turismo e da Januário Cicco, e o histórico Colégio Atheneu são algumas das construções que dão a cara do bairro.

A varanda é um lugar disputado pelos frequentadores de Petrópolis e Tirol. O radar de Gustavo Sobral captou isso em lugares como o Armazém Gourmet, recomendado para fãs de petiscos saborosos, cervejas especiais e vinhos. Para acompanhar, algo das padarias finas do bairro, ou um bem servido pastel do Pastel Petrópolis. Os fãs das calçadas terão o happy hour da Choperia Petróplis, vizinha à Confeitaria Atheneu – que não está no roteiro. “Há omissões, mas é pelo fato de o roteiro seguir a minha experiência pessoal. Não se trata de um Guia 4 Rodas”, brinca.

Gustavo afirma gostar de encontrar em Petrópolis um mercado de antiguidades ao lado de um quitanda, e apreciar uma obra de Dorian Gray no meio da rua. Para ele, nada mais equivocado que o ar elitista que dão ao bairro. “Acho uma besteira essa história de ‘a nossa Oscar Freire’. Petrópolis apenas soube crescer e acompanhar as necessidades do mercado”, analisa. O autor do guia, aliás, prefere não “eleger” seus lugares favoritos. “A ideia por trás do  guia é motivar as pessoas a terem suas próprias impressões sobre o  local. Todo bairro tem suas variações de tonalidades, vai do restaurante ao boteco, e o melhor é poder experimentar um pouco de tudo”, diz.

Serviço
Lançamento do livro “Petrópolis – guia prático, histórico e saboroso do bairro”: dia 5/4, às 17h, na Feira de Artes de Petrópolis, Praça das Flores.

Petrópolis e Tirol na memória de cada um
No começo, Petrópolis e Tirol eram um só: a recém traçada rua Cidade Nova, em 1901, um território bucólico, rodeado por chácaras. Mais de 100 anos se passaram, o cenário mudou radicalmente, mas o encanto dessa área persiste entre petropolitanos, tirolenses e seus simpatizantes. Todos sabem que os bairros não são mais os mesmos, mas adaptam seu amor a eles.

“Era lá onde as coisas aconteciam”, conta o jornalista Petit das Virgens, frequentador da área desde adolescente. Lembranças não faltam: desde os bailes de carnaval do América, ABC e Aero Clube, até as domingueiras rockers com a banda Impacto Cinco na antiga sede do ABC, atual CCAB. Ele conta que frequenta o Dom Vinícius e a Confraria do Ari (antigo sebo), na Floriano Peixoto. Ressalta a presença de bons shoppings, supermercados, academias, farmácias, padarias e restaurantes. Lamenta os espigões que aqueceram o ambiente, o trânsito caótico, e a falta de segurança à noite. “Mas ainda é um dos melhores bairros pra se viver. Dá pra fazer passeios de bicicletas e caminhadas pelas ruas planas ou beber uma cervejinha em qualquer um dos muitos bares”, diz.

Carlos Sérgio Moura é comerciante no bairro desde 1992. Começou com o Dom Quixote, e atualmente comanda os Dom Vinícius e Dom Miguel. “Era um bairro muito tranquilo, não era rota de badalação. A clientela era de moradores da área, e curiosos sem melhores opções. Mas desde 98 o perfil começou a mudar, e ficar frenético como hoje”, diz. Para ele, há de tudo – para o bem e para o mal – mas destacam-se lugares como o Jobim, Cascudo e 294.

O jornalista Frederico Luna já morou nos dois bairros, mas segue apurando o olhar “para o que resta de lindo e bucólico em suas ruas largas cheirando a castanhola e jambo”. Ele gosta de ver o resto de céu que ainda dá para se ver da calçada. “Para isto, Dona Sílvia, da Confeitaria Atheneu, não tem erro. Tomar uma cerveja gelada na calçada depois da corrida é sensacional. Não gosto dos caixotes com ar condicionado, tão em alta. Boteco na calçada é artigo raro, infelizmente”, diz. Outros lugares que ele recomenda são o Fio de Azeite, o quibe da Praça das Flores, 294, Benditas, e o espeto de camarão do Six Bar. “Só queria mais lugares com menos pessoas preocupadas com a vestimenta”, brinca.

O jeitão de boteco típico da Confeitaria Atheneu e a qualidade sonora e gastronômica da Choperia Petrópolis cativam a jornalista Eliade Pimentel. Os bistrôs e botecos da Praça das Flores também merecem a ida segundo a editora do caderno FDS, Cinthia Lopes, também nascida e moradora do bairro. E nem tudo é noite em Petrópolis. “Às sextas pela manhã a praça oferece uma feira de orgânicos maravilhosa, verdadeiro luxo para os moradores da região. E ainda tem o Mercado com seus cafés e antiquários, o Douce France, a Casa da Farinha Potiguar…só lugares que te recebem bem”, afirma Eliade.

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