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No meio do caminho…

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Vicente Serejo
O novo partido, filho rico da fusão do PSL com DEM, e emprenhado pelo mesmo desejo de poder tão natural na política, tem uma pedra no meio do caminho, como no poema célebre de Carlos Drummond de Andrade: tenha a cor ideológica que tiver e ocupe, no centro, o lugar que ocupar, precisa chegar ao segundo turno com um candidato próprio ou apoiar a quem venha quebrar a polaridade Lula-Bolsonaro. Sob pena de voltar a ser um caudatário do bolsonarismo. 
A equação é clara nos pressupostos: ao afastar-se do Centrão pelo gosto pejorativo que dissemina, embora guardando o travo do conservadorismo, o novo partido anuncia que pretende ser uma opção para oferecer ao eleitor brasileiro – aquele que não mais deseja viver sob o gosto travoso dos extremos, uma opção de voto. Certo, como meta. Mas, não basta eleger o alvo. É preciso ser capaz de cravar a flecha na mosca. No voto, uma flechada perdida nunca se recupera. 
Em política, não se pode duvidar da argúcia quando é capaz de um arranjo perfeito. Mas, até lá, fica a dúvida: quem, de fato, o novo partido pode gerar para disputar, a rigor, a poltrona principal do Palácio do Planalto? Não é uma pergunta de fácil resposta. Não tem grande nome disponível em estoque.
Talvez, em condições normais de temperatura e pressão, um bom vice para um nome nacional que é A.C.M. Neto. O próprio nome define a credencial, mas não basta. 
Só uma segunda saída, depois da candidatura própria, herdando, como herdou, a botija da maior cota do fundo partidário e do tempo de tevê: rezar. Rezar sobre um tabuleiro profano? Sim. Rezar para, afastado da luta final, no segundo turno a polaridade tenha sido quebrada pelo hoje governador de São Paulo, João Dória, por hipótese. Não se pode desconhecer seu peso natural com a chave do cofre da sétima economia do país, mas, também certamente, não basta.  
Não vamos, a esta hora ainda tão precoce – com eleições só final do ano que vem – erguer castelos de areia e plantar nas suas torres nomes dali e daqui. E se o mar da polarização avançar, e não é impossível vê-lo dobrar os encantos numa maré de lua, e Jair Bolsonaro, esse capitão de longo curso, consolidar de novo a capacidade de galvanizar em torno dele um terço dos votos apuráveis? Quem vai afastá-lo? Pode existir? Pode. Mas precisa antes fazer brilhar seu fulgor. 
O novo partido chamado União Brasil pode unir, mas pode não unir os brasileiros. Até esse momento, salvo melhor juízo, a defesa do Brasil, como realidade ou como metáfora, tem nome: Jair Bolsonaro. A ninguém é dado desautorizar, por vontade própria, o velho mantra de que a política é dinâmica. É, sim. Mas, seu combustível foi sempre a plausibilidade. Ninguém faz política com ilusões. Os fenômenos e excentricidades existem, mas são exceções. E raras. 
PODER – Quem leu o texto expedido pelo Solidariedade, já sabe: em 2030 o partido quer eleger o governador do Rio Grande do Norte. Não cita, mas o deputado Kelps Lima espera ser ungido.  
MUITO – Até agora, segundo a mesma notícia oficial do Solidariedade, mais de cem jovens de Natal, Mossoró, Caicó, São Miguel, Tangará, Assú e Macaíba já foram diplomados nos cursos. 
LUTA – Fez bem a governadora Fátima Bezerra ir direto à presidência da TAP defender maior presença de Natal nos vôos interacionais Lisboa-Natal-Lisboa. Somos lanterninha no Nordeste. 
ALIÁS – É alucinante o ritmo de viagens dos executivos do trade oficial do governo para todas as regiões do país. Há três anos o modelo é este sem que o Estado obtenha qualquer vantagem.
 
AGENDA – Depois de defender o repente nordestino no Festival Literário de Óbidos, Portugal, o poeta Diógenes da Cunha Lima curte as livrarias e restaurantes de Lisboa e já retorna amanhã.  
MENU – Aos que criticaram as picanhas do deputado Eliéser Girão, pagas pela Câmara Federal, ele substituiu a piéce de résistance, pela suculenta lasagna com ‘dindin gourmet’ na sobremesa. 
BELCHIOR – Já está disponível nas livrarias do Rio e São Paulo, ‘Viver é melhor que sonhar’, a história dos últimos e estranhos caminhos de Belchior. De Chris Fuscaldo e Marcelo Bertoloti.
TESÃO – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, no emaranhado de frases de uma tese de doutor e suas citações: “Tese inibe a libido, empata o tesão e mata o prazer da leitura”.  
FESTA – Só há uma justificativa para a governadora postergar a reabertura da Biblioteca Pública Câmara Cascudo: se deseja fazê-lo dia 30 de dezembro, aniversário do seu patrono. E abrir 1922, ano do centenário da Semana de Arte Moderna. Cascudo foi, sim, um modernista.  
DICA – Como alguns estão convencidos de que basta escrever um livro para entrar na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, vai a dica: “Como escrever um livro e se tornar um imortal”, de Elio Marchand, 329 páginas. Lições para alcançar a glória custam uma bagatela de R$ 74,90. 
CAVE – Mano Targino, nascido em pleno sertão seco de Messias Targino, que é seu avô, agora resolveu fazer do seu sítio, em Macaíba, um cantão suíço. Está cavando um buraco enorme para fazer uma cave, no frio do ar-condicionado, com adega de vinhos daqui e do mundo. Arre égua! 
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