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No mesmo saco

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Rubens Lemos Filho
Empastelar verdades inexoráveis,quebrar regras indiscutíveis, espirrar para longe programações inadiáveis. O Coronavírus demarcará a existência humana no Brasil quando for embora. Tudo será antes ou depois dele. Quando é que é o caso. Igual a sexo em sonho. Acorda-se(decepcionado)  na hora do enlace. 
Pavoroso, mas democrático, o Covid-19 prejudica bilionário, milionário, muito rico, rico, classe média, pobre, miserável e indigente. As divisas sociais impostas pelos decantados nobres de maior saldo em conta bancária, foram abertas porque nenhum pedágio sensibiliza a doença invisível, voraz e assassina. 
A pandemia é uma desgraça tão imensa, que nem mágica é possível para desafia-la no jeitinho patropi. No começo, susto e dúvidas, a certeza de que passaria rápido, a estridência da briga estéril de facções: o Covid-19 está disponível para qualquer político da sigla que ocupar no momento, de ideologia radical, furiosa, serena e da  prostituição programática chamada fisiologismo, venda do voto e aluguel do (inexistente) caráter. 
Por desespero ou egoísmo, cada um defende o seu naco. E o Covid-19, se escuta , ri o silêncio no mover de olhos de Nosferatu, vampiro silencioso e impiedoso da versão cinematográfica de 1979, quando assombrava, pavoroso psicodélico. 
Espernear é provocar o vírus a avançar mais. É rezar à Nossa Senhora da Cautela, apertar o torniquete do confinamento, é levar lição didática e moralista da ciência. O Coronavírus conseguiu transformar 2020 num ano em forma de túmulo. No mundo inteiro. Humilhando teses e enterrando corpos. 
A ignorância, prima feiosa do desespero, estampa ameaças, quebradeiras, frases e discursos virulentos contra a pandemia que rima com economia a  desembocar no desemprego. O Covid não ouve. Não estabelece cronogramas. Não há prazos e ritos, apenas funerais sem velório. 
Os clubes de futebol – nenhum dinheiro , meu cofre primeiro-,batem o pé, repetem a ameaça de fechar por falta de grana, como lacrar suas partas fez Dona Noquinha, proprietária de um bar pé-sujo no Alecrim, ela a  chorar um dilúvio de prejuízos e saudades de  cada  cirrótico de estimação. 
Futebol agora tem a 12a posição, de verdade a primeira. Antes do goleiro, vem o infectologista, o médico especializado em (tentar) encontrar caminho para o pantanoso Coronavírus. “Se não voltarem os jogos, vamos tomar medidas drásticas”, berra um dirigente. “De que maneira renovarei o contrato do meu craque(perna de pau)? “ blefa outro. 
A proximidade física é a barreira que nem o velho Baltazar, melhor volante do futebol do Rio Grande do Norte no ABC e no América, conseguiria ultrapassar nas suas bombas disparadas pelo pé direito. Aglomeração é convite fechado em laços nobres, para o invisível homicida agir em ataque de infantaria nas vias respiratórias. 
Após rigorosas medidas de isolamento, a Espanha volta mês que vem , quem sabe Messi , a fórmula dribladora para deixar o vírus menos controlador  do planeta. Na Espanha, com todo rigor sanitário e respeito às ordens de especialistas , a doença matou 28 mil pessoas. E começou em janeiro. 
O futebol poderá voltar no Brasil, depois de cumpridas várias exigências, como treino em pequenos grupos, aplicação de testes em 100% dos integrantes de um clube e, no topo das tarefas,  o cumprimento irrestrito de determinações médicas. O tempo não desobedece  às ordens viróticas. 
Aqui, o país não parou e nem fez como outros: um mutirão exclusivo como prioridade  de governo contra o Covid-19, derrotado em audiência na mídia pelo confronto entre Bolsonaro contra petistas, pelo jornalismo transmutado à panfletagem eletrônica. Pela preocupação eleitoral. 
Na gripe espanhola de 1928 – não é para desanimar – morreram até 50 milhões de seres humanos no mundo. Uma peste infame matou mais que várias guerras. Durante(não esmoreça) dois anos. 
A pandemia que prende, liberta  a solidão sem tornozeleira eletrônica. Em todos nós, há uma imensa arquibancada existencial vazia. Silêncio, rajada de vento, medo de alma penada. Pensamentos vagos e perigosos. 
O inconsciente tormento, para alguns movidos somente por dinheiros assanha agouros: o Covid-19 é sinistro(também)  para conversinhas de pé de ouvido. Com eles, todos não são farinhas, podem  terminam cadáveres do mesmo saco de irresponsabilidade. 
Tormento Quem sobreviver como clube de futebol à pandemia, será invencível como instituição. A doença vai matando aos poucos. Asfixia financeira. 
Festa 
Tanto que o ABC festeja o lucro de 20 mil reais na ação de marketing de reprise do título da Série C. E tem que comemorar. Mesmo. 
América 
Do presidente Leonardo Bezerra ao mais humilde funcionário, todos agonizam na tensão da incerteza. 
Desrespeito 
Ao defender a volta do futebol mais do que a proteção de vidas, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, revela que corvos também são insanos. 
Mortes 
Landim não leu que 41 morreram de Covid-19 no estádio em março no jogo Liverpool 2×3 Atlético de Madrid pela Champions League. 
Jogadores 
Segundo pesquisa, 85% dos jogadores pedem a volta imediata do futebol. É querer jogar com Garrincha, Sócrates, Didi e Cruijff no gramado da morte. 
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