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No tempo dos recitais

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Woden Madruga
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Nos intervalos do carnaval que dei uma repassada pelas gavetas dos papeis desarrumados em busca dos tempos passados, quem sabe alguma coisa do bloco dos Bacurinhas ou do Jardim de Infância, dos bailes do Aero Clube, do corso pela Deodoro (lá vem o conversível de Maria Boa), da batalha de confetes no Bar e Confeitaria Cisne, um dos “qgês” do Grande Ponto, onde todos se encontravam, Djalma Maranhão visitando as “tribos” do Alecrim e das Quintas. Não me reencontrei com o carnaval dos anos 50, mas, na primeira busca, me deparei com cartas e bilhetes de Carlos Silva, Meira Pires e Mirabô Dantas tratando de espetáculos musicais, teatro e gravação de disco. Coisas dos anos 70 e 80.

Carlos Silva foi um agitador cultural daqueles tempos, empresário e agente artístico, promotor de grandes shows por estas bandas de cá e também pelo Brasil todo. Quando me escreveu, em maio de 1974, morava no Rio de Janeiro, trabalhando para a Benil Santos – Promoções & Produções, escritório instalado na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, como se lê no papel timbrado:

“Rio – maio 15, 1974:

Caro Woden:

Preciso de sua ajuda, a mesma que sempre tive, quando fazia promoções aí. Negócio seguinte: sábado e domingo – 25 e 26 -, vamos apresentar no Alberto Maranhão, um espetáculo de duas horas, em dois atos, denominado “Recital no MPB-4”. O roteiro musical é do Chico Buarque e é o mesmo espetáculo que apresentamos aqui no Rio, no Teatro Casa Grande, em São Paulo, no TUCA (Teatro da Universidade Católica), em Porto Alegre, no Teatro Leopoldina, em Curitiba, no Teatro do Paiol e, agora, semana passada, temporada em Belo Horizonte, no Teatro Francisco Nunes, cujo diretor é parente do nosso Zé Leandro, que, na minha época, também circulava pelo Karecão.

Os meninos têm uma penetração incrível na faixa universitária, que deve ser bem explorada. A nossa ida a Natal é um aproveitamento da apresentação que vamos fazer dia 24, sexta, em Recife, na festa de escolha de Miss Pernambuco. Daí, aproveitaremos a proximidade para levar algo de bom e rever os “verdadeiros amigos”.

Aqui no Rio estou ao seu dispor. Para o quem der e vier. Pessoalmente levaremos um grande papo. O que estou fazendo e o que vem pela frente. Um abraço do amigo certo e ex-aluno,

Carlos Silva.”

O teatro de Meira Pires
A cartinha de Meira Pires está datada de 5 de maio de 1979, escrita assim:

“Meu querido Woden:

Venho recebendo os seus recados sobre a temporada de Ruth Escobar, através de sua coluna.

Enviei o recorte de minha entrevista a você para o Deputado João Faustino. Hoje, dele recebo o seguinte telegrama que me parece conveniente divulgar por se tratar do ex-Secretário de Educação e Cultura que de muito perto acompanhou o meu esforço. Eis o texto:

“Mais uma vez o nosso querido Woden retrata com a fineza e fidelidade aspectos notáveis relativos à sua dedicação a Casa de Alberto Maranhão, nosso histórico e tradicional Teatro”.

Despachei com o Secretário de Educação, anteontem. Fui recebido carinhosamente. Arnaldo é muito educado, simples e até humilde. Tive dele excelente impressão e espero que engrene na Secretaria.

Abraços do velho Meira Pires.

O disco de Mirabô
A carta (pouco mais de que bilhete) de Mirabô (Mirabeaux Dantas Filho) está escrita em papel timbrado do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, do qual ele era diretor-secretário:

“Rio, 3 de agosto de 1968

Woden, meu irmão,

Tou mandando o projeto de gravação do disco que resolvi fazer e que mereço, não achas? Pois bem preciso que você entregue o dito na mão do nosso governador. Sei que só você pode e deve me ajudar nisso. Se não for desta vez vai ficar difícil mesmo, pois o mercado tá cada vez mais fechado e o que tá salvando o compositor brasileiro é a produção independente. Gravadora só quer mesmo Roquenrol. Viva a música brasileira!

É isso, mano. É o que preciso. É da sua força mais uma vez. Conto com você sempre.

Um grande abraço,

Mirabô Dantas

P.S.  A cópia é tua embora a xerox esteja um cocô.”

Vivi e Oswaldo
Verissimo de Melo me escreve no dia 10 de junho de 1994:

“Woden: meu abraço.

Mando-lhe a revista alemã “DEUTSCHLAND”, que recebo regularmente, com um interessante artigo sobre JORGINHO, o crak brasileiro. Passe os olhos. Aproveite algo, pois o momento é para se falar em futebol.

Já fiz a correção na Introdução do trabalho sobre Oswaldo Lamartine – conforme ele me disse, pelo telefone: “Ponha uma vírgula – depois de “E agora, Woden – etc…”  De maneira que você já está devidamente na posteridade.

Mais adiante – semana que vem – escreva os dois ou três parágrafos sobre Oswaldo Lamartine – para botar na “orelha” da plaquete.

Abraços futebolísticos do

Veríssimo, vulgo VIVI”

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