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Nordeste já racionaliza energia

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Brasília (AE) – O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) adotou ontem um conjunto de medidas para reduzir em cerca de 1.000 megawatts médios a geração de energia das hidrelétricas do Nordeste para poupar os reservatórios da região, que estão operando com apenas 27% da capacidade. No caso da usina de Sobradinho, uma das principais da região, a situação é ainda mais grave: o reservatório está com 12% do volume total. Para substituir essa energia, o CMSE determinou três medidas, que entrarão em vigor a partir do próximo fim de semana.

A primeira é o aumento da transferência de energia das regiões Sudeste/Centro-Oeste dos atuais 1.000 para 1.300 MW médios. Outra decisão será a transferência de 200 a 300 MW médios da usina de Tucuruí, no Pará, para o Nordeste. A terceira é o acionamento de seis termoelétricas do Nordeste, que produzirão de 500 MW a 600 MW médios. Serão três usinas a gás (Fafem, Termobahia e Termopernambuco).

O secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ronaldo Schuck, explicou que a Petrobras já está fornecendo gás para a região acima do previsto no acordo firmado entre a estatal e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por isso, as outras três termoelétricas a serem acionadas terão de ser movidas a óleo (Camaçari, Termobahia 2 e TermoCabo).

Apesar da situação preocupante, Schuck descartou o racionamento de energia no Nordeste. “Não há risco de racionamento”, declarou. “O limite de segurança da região prevê que o nível médio dos reservatórios pode chegar a até 10%.” Segundo o secretário, com as medidas adotadas ontem, o nível da água deve parar de cair.

O governo espera a recuperação dos reservatórios com o início das chuvas, a partir do fim de dezembro. Ele lembrou que, em 2006, o País passou por situação semelhante por conta da seca ocorrida no Sul, o que acabou demandando a transferência de energia do Sudeste.

Schuck admitiu que o acionamento das térmicas do Nordeste provocará uma elevação no custo da energia. Mas, segundo ele, a alta não será significativa nem sentida pelo consumidor no curto prazo. “O aumento será diluído entre todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional.”

Cota do mercado livre será ampliada

Brasília (AE) – O governo admite discutir o aumento da cota de energia para os consumidores livres para a futura usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, que será leiloada em maio do ano que vem. Mas desde que não haja uma “inundação” de energia no mercado livre, ponderou o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner. O aumento dessa participação – que na outra usina do Rio Madeira, Santo Antônio, foi limitada a 30% – é reivindicado pelos grandes consumidores. Eles defendem que a cota passe para 50% em Jirau, para evitar que tenham de pagar muito mais caro pela energia.

O chamado mercado livre é formado por grandes indústrias ou shoppings que optam por comprar sua energia diretamente das usinas. O mercado cativo, por sua vez – que ficou com 70% da energia de Santo Antônio – é formado pelas distribuidoras que revendem energia para as residências e para indústrias ou estabelecimentos comerciais que não integram o mercado livre. “O limite de 30% em Santo Antônio foi estabelecido a partir de discussões com os grandes consumidores. Vamos fazer o mesmo em Jirau”, afirmou o ministro. Jirau integra, com a usina de Santo Antonio, o complexo hidrelétrico do Rio Madeira e terá potência instalada de 3.300 MW. Santo Antônio terá capacidade de 3.150 MW. Cada uma exigirá investimentos da ordem de R$ 10 bilhões.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética(EPE), Maurício Tolmasquim, disse que não vê “nenhum problema” em aumentar o porcentual de energia que será destinado para o mercado livre em Jirau. Tolmasquim avaliou, entretanto, que a preocupação dos consumidores livres com o preço da energia de Santo Antonio deve atrair estas empresas para que entrem como investidoras em Jirau. “Acredito que muitas grandes empresas se arrependeram por não terem entrado como parceiros na usina de Santo Antonio. Porque o que está se mostrando agora é que era mais negócio ser sócio e ficar com parte da energia do que comprar do vencedor”, disse o executivo.

Segundo Tolmasquim, o Consórcio Madeira Energia, vencedor do leilão da usina de Santo Antônio, deve apresentar em janeiro ao Ibama o pedido de liberação da licença de instalação, que autoriza o início das obras.

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