Em plena viagem oficial do presidente Michel Temer (PMDB) para Oslo, o governo da Noruega anunciou ontem o corte de pelo menos 50% no valor enviado para o Brasil em projetos de combate ao desmatamento. O anúncio foi ontem em uma reunião entre as autoridades de Oslo e o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho.
A Noruega é o maior doador ao Fundo da Amazônia e já destinou ao Brasil US$ 1,1 bilhão. Mas, para 2017, a liberação de recursos foi reexaminada. Em uma carta enviada pelos noruegueses ao governo brasileiro, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira, 19, o alerta já estava claro de que o dinheiro poderia secar diante das falhas do Brasil em suas políticas ambientais. Questionado se poderia garantir que a taxa de desmatamento seria reduzida para o futuro, Sarney Filho disse que “apenas Deus poderia garantir isso”.
“Mas eu posso garantir que todas as medidas para reduzir o desmatamento foram tomadas, e a esperança é de que ele diminua”, afirmou o ministro brasileiro. Sarney Filho ainda culpou o governo de Dilma Rousseff (PT) pelo desmatamento. “O ministro norueguês é bem informado e sabe que (o aumento do desmatamento) é fruto do governo passado e do corte de orçamento nos órgãos de fiscalização”, disse.
No total, o Brasil deve perder cerca de 500 milhões de coroas norueguesas (R$ 196 milhões) para o Fundo da Amazônia, metade do que recebeu no ano passado. O fundo tem como base um acordo de 2008 que diz que quando um desmatamento aumenta, o dinheiro é cortado. “Isso vai significar um corte de metade (da parcela)”, disse o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Vidal Helgeser, depois de uma reunião marcada às pressas com Sarney Filho.
Mesmo assim, ele insistiu que uma decisão sobre o futuro da Amazônia não depende dele. “As decisões sobre as florestas brasileiras dependem do Brasil, não da Noruega”, disse. “Estou otimista de que ministro brasileiro está fazendo o que pode para ter orçamento e leis.”
“O Brasil mostrou ao mundo que pode ser feito e eu sempre usou como exemplo”, insistiu o escandinavo, que fez questão de apontar que o dinheiro pode voltar em 2018 se o Brasil conseguir frear o desmatamento. O corte é baseado no avanço do desmatamento de 2016, quando chegou a 8 mil km².