quinta-feira, 25 de abril, 2024
32.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

“Nós perseguimos o crescimento”

- Publicidade -

Andrielle Mendes
Repórter de economia

O maior grupo de ensino privado do Brasil e um dos dez maiores da América Latina, adquiriu, no início da semana, a segunda faculdade natalense, a Fatern, por R$22 milhões. Apesar que já deter 8,5% do mercado potiguar, a Estácio Participações S.A afirma que este é só o primeiro passo. A capital potiguar já é o terceiro maior mercado da Estácio no Nordeste. Fica atrás apenas de Fortaleza (13 mil alunos) e Salvador (9 mil). A meta é ampliar as três instituições sob o seu comando em Natal e dobrar o número de alunos nos próximos anos’. Nos últimos seis meses, o grupo adquiriu quatro instituições de ensino no Brasil, duas delas no Rio Grande do Norte: a Fal, comprada em fevereiro, por R$12,5 milhões e a Fatern, comprada em abril. Segundo Eduardo Alcalay, presidente nacional da Estácio, o grupo, que já investiu R$70 milhões, já está de olho em várias instituições. Mais aquisições vem por aí. Algumas delas no Nordeste. Antes de adquirir faculdades, o grupo passou por um processo de reestruturação. Treinou pessoal, aprimorou processos, unificou a gestão. É esta base, segundo Eduardo Alcalay, que permitirá um crescimento sustentável nos próximos anos. “Eu tenho convicção que valeu a pena esperar. Agora a gente vai crescer e vai chegar no nosso objetivo com segurança”. Atualmente, o grupo tem 230 mil alunos no Brasil; 7,5 mi professores e 4 mil funcionários administrativos. Está presente em 36 cidades de 17 Estados brasileiros. A meta é ampliar todos os números. Confira a entrevista:

A Estácio acaba de adquirir a Fatern, terceira faculdade do grupo em Natal. Poderia falar mais sobre a política de expansão do grupo?
A Estácio está começando a fazer aquisições. Nos últimos três anos, o  grupo se concentrou em plantar sementes, desenvolver um projeto de qualidade e que permitisse um crescimento sustentável. A gente  trabalhou os fundamentos desta gestão, construindo um novo modelo acadêmico, treinando pessoas, montando processos. A gente pensou: “não vamos fazer aquisições, porque não estamos prontos para isso”. Foi uma gestão, eu diria, muito responsável. Analisamos, primeiro, o que a gente podia fazer e quando deveria fazer.  Não fizemos nenhuma aquisição no ano passado. Nos determinamos a iniciar este processo partir do final de 2010. E aí começamos. Adquirimos a Faculdade Atual em Roraima. Adquirimos a Fal, em Natal. Adquirimos a  Academia do Concurso, uma empresa especializada em cursos preparatórios, e agora adquirimos a quarta instituição,  a Fatern, também em Natal. É a nossa  quarta aquisição em seis meses.  Agora sim a gente está buscando aquisições com bastante prioridade, mas sempre com muita disciplina. A gente não sai fazendo maluquice não.  Seleciona bem. Estuda muito  e quando a instituição é de qualidade, quando soma à nossa plataforma, a gente adquire.

Quanto investiram nas quatro aquisições?
(Pausa para cálculos). Investimos uns R$70 milhões. Por aí.

O grupo pretende adquirir mais faculdades ao longo de 2011?
Sim. Temos um grande plano de aquisições para 2011. Estamos avaliando várias oportunidades. Infelizmente, a gente não pode comentar. É natural. Mas faremos aquisições no Nordeste e no Norte, Centro-oeste e parte do Sudeste. A nossa meta é adquirir entre dez e 15 mil alunos em 2011 – mais duas ou três faculdades, considerando as de médio porte. Adquirimos dez mil e queremos adquirir mais dez ou 15 mil. Já cumprimos mais da metade da meta em seis meses. No Rio de Janeiro, sede do grupo, temos uma posição de liderança absoluta. Também estamos olhando para os estados do Sudeste,  mas com muita disciplina, com muito estudo, muita análise prévia. Não queremos crescer por crescer. Queremos dar passos firmes. Adquirir faculdades de qualidade. Pode ser no Nordeste, inclusive, Região que está nos atraindo muito.

O bom momento vivido pela economia motivou essa série de aquisições?
Totalmente. É como eu digo, a Região Nordeste cresce muito. As matrículas no Nordeste estão crescendo muito. De um lado, você tem empresas demandando profissionais qualificados. Do outro, os jovens que não tem Ensino Superior, enxergam claramente que se eles investirem na sua educação, se matricularem num curso superior, vão ascender muito fortemente socialmente e profissionalmente. Está havendo demanda do lado do aluno e está havendo demanda do lado do empregador. O Nordeste é a região econômica que mais cresce no Brasil em Ensino Superior. Não é à toa que estamos aqui e que estamos crescendo aqui. Das quatro aquisições, duas delas foram no Nordeste (Rio Grande do Norte).

Ficou evidente, avaliando a política de expansão do grupo e as aquisições, que a Estácio está buscando a liderança em Natal. é isso mesmo?
A gente não persegue ninguém especificamente. A gente persegue o crescimento e a construção de um grande grupo de ensino. Temos agora oito mil alunos em Natal, somando as três instituições e queremos crescer. E se é a UNP que está na nossa frente, então é atrás dela que nós vamos. A gente respeita muito a Universidade Potiguar. A UNP é uma grande instituição. Tem muita qualidade.  Hoje é controlada por um grupo estrangeiro. Tem suas particularidades. A gente respeita muito e quer que nossos alunos nos respeitem muito também. A melhor maneira de crescer é oferecendo um ensino de qualidade e deixando nossos alunos satisfeitos. Com certeza, isso vai trazer mais alunos. Vamos crescer desse jeito.

Adquirir faculdades é a única forma de crescer?
Não. Existem três tipos de crescimento: orgânico (com as suas próprias unidades), ensino à distância (que é uma nova modalidade) e o crescimento via aquisições. Nós temos condição de crescer ampliando as unidades que já temos, sem novas aquisições. Vamos ampliar a oferta de vagas, e com isso, captar mais alunos. Queremos e estamos crescendo no Ensino à Distância, que é uma modalidade relativamente nova. Oferecemos aulas teletransmitidas e online. Atualmente, temos 30 mil alunos no Ensino à Distância. Só para você ter uma ideia, há 18 meses, nós tínhamos zero de alunos. Lançamos nosso Ensino à Distância há 1 ano e meio e crescemos rapidamente. Hoje, essa modalidade de ensino já representa  10%, 15% do nosso negócio.

Abrir uma faculdade leva muito tempo. É mais vantajoso adquirir uma?
A aprovação do Ministério da Educação (MEC) leva um ano e meio para sair.  E aí, depois de 1 ano e meio, você precisa fazer o primeiro vestibular e matricular alunos aos poucos. A Fatern tem 4 anos e meio de vida e tem 3,5 mil alunos. Isso é um baita sucesso. A Fal, a mesma coisa. É um tempo de maturação relativamente longo. A gente adquire faculdades para acelerar este processo. O Ensino Superior no Brasil é uma atividade regulada. Você precisa de uma licença para abrir um determinado curso, uma faculdade e é por isso que a gente olha para aquisições como a da Fatern como uma forma de acelerar este crescimento. Se eu fosse esperar para ter uma licença, para ter 2,5 mil ou 3,5 mil alunos em Natal, precisaria esperar muito tempo. Então quando a gente identifica empresas de qualidade, que pregam a nossa filosofia de ensino e gestão, adquire.

Porque esperar um pouco mais para entrar na fase das aquisições?
Esta pergunta é muito importante, porque podemos explicar a nossa política, a nossa filosofia. No campo do Ensino, crescer rapidamente, sem sustentabilidade e sem qualidade, é fácil. Mas é como um voo de galinha, dá aquela arrancada, mas lá na frente, cai. Quando digo lá na frente, não me refiro a quatro, seis meses. É lá na frente, dois, três anos. Se você não buscar a qualidade de ensino e gestão, não aprimorar seus processos e capacitar seus profissionais, não avança. A gente estava construindo tudo isso na Estácio. Estava construindo um modelo de gestão que não só melhorasse a qualidade de ensino como criasse uma plataforma sobre a qual pudéssemos crescer com segurança. A gente preferiu não fazer aquisições naquele momento, porque sabia que daria um salto, mas teria um monte de problemas logo em seguida. Esperamos esse tempo, que terminou agora no final de 2010, e agora a gente dá início a este processo de crescimento. Alguns concorrentes nossos saíram na frente, saíram comprando faculdades. Nós tivemos a responsabilidade, a disciplina de pensar a longo prazo. Quando o assunto é Ensino, tudo que você fizer tem que fazer pensando a longo prazo. O aluno que está entrando hoje na faculdade vai se formar daqui a três, quatro anos, dependendo da duração do curso. Tenho que ter uma visão de longo prazo. Se tiver uma visão de curto prazo, daqui a quatro anos esse aluno vai se desencantar, vai me dar problema. A gente não está pensando nem a curto nem a médio prazo. Por isso, que a gente se resguardou, trabalhou internamente, dentro de casa, construindo a nossa base. Agora a gente está acelerando e vai acelerar mais. Eu tenho convicção que valeu a pena esperar. Agora a gente vai crescer e vai chegar no nosso objetivo com segurança. É como a história do coelho e da tartaruga. O coelho saiu correndo na frente, mas o gás dele vai acabar.  A gente segue devagarzinho e vai ultrapassá-lo. Nossa filosofia é qualidade do ensino e satisfação do aluno. Todo o resto tem que servir a esta equação. E aí com isso, vem a capacitação dos professores, a qualidade das instalações, os nossos resultados, a qualidade da gestão.

O grupo tem quantas instituições de ensino no Brasil?
A Estácio tem 71 unidades de ensino no País. Nós queremos, não vou dizer dobrar, mas quase duplicar este número. Nós vamos crescer com a nossa plataforma atual. A gente quer dobrar o tamanho da Estácio dentro de sete, oito anos.

Essas 71 unidades se concentram em uma região específica do Brasil? Isso pode mudar com esta política de expansão?
Hoje, 40% de toda nossa atividade está concentrada no estado do Rio de Janeiro, que é a origem da Estácio; 25% está no Nordeste; 10%, no Norte, e os outros 25% estão no Sudeste e no Sul. Esse quadro vai mudar. Nós vamos aumentar o peso do Norte, Nordeste e Sudeste. Nós queremos crescer fora do Rio de Janeiro. A gente quer estar mais presente no Nordeste e no Norte e queremos penetrar mais no Sudeste.

Quantos alunos estão matriculados e quantos professores trabalham na Estácio?
Temos 230 mil alunos no Brasil; 7,5 mi professores e 4 mil funcionários administrativos. É um grande time espalhado pelo País.

O que o Rio Grande do Norte pode esperar do grupo Estácio?
Investimento, contribuição na formação de profissionais de qualidade e atuação social muito forte.

O Rio Grande do Norte, assim como outros Estados brasileiros, sofre com a falta de mão de obra qualificada. É esta lacuna que a Estácio vem preencher?
Exatamente. Queremos preencher esta lacuna com bons currículos, bons profissionais, bons professores. A gente tem oito mil alunos hoje, mas está longe de ficar parado. Porque não dobrar este número em alguns anos?

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas