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Nova ponte passa no meio da favela

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ÁFRICA - Projeto de urbanização está parado e sem data para conclusãoEnquanto os olhos do natalense se voltam para a Ponte Newton Navarro, o bairro da Redinha, que fica na rota da edificação sofre com a falta de planejamento, infra-estrutura e falência dos serviços básicos como segurança, saneamento, moradia e educação.

De acordo com os comerciantes e moradores da localidade, a falta de interação entre as administrações estadual e municipal chega a ser gritante, pois pensou-se na ponte como solução de fluidez para o caótico trânsito da zona Norte e instrumento de fomento ao turismo, mas esqueceram de dotar o bairro de infra-estrutura para acolher esse turista, que ao término da obra poderá constatar do alto da ponte os problemas do bairro.

A promessa de conclusão da ponte é para o fim deste ano; logo, no início do ano que vem, quem estiver trafegando no sentido Forte-Litoral Norte, bastará  dar uma olhada pela janela do carro, no lado do passageiro, para ver as filas de pessoas que se formam na praça em frente à igrejinha para utilizar os dois únicos banheiros públicos instalados no local. Também será possível observar a falta de segurança, flagrar um assalto na beira da praia ou na área do mirante.

Mas descaso mesmo, será verificado no fim do percurso quando o turista chegar na comunidade da África. Embora haja um projeto de urbanização e inclusão social para a localidade em andamento, o prazo de conclusão é de dois anos, ou seja, com a ponte concluída será possível observar um verdadeiro amontoado de edificações subnormais com ruas esburacadas e alagadas, sem saneamento básico, com trechos onde a água não chega e a educação passou longe, pois não conseguirá identificar se quer visualizar uma escola pública.

Segundo o comerciante Claudionor Coelho, que tem um quiosque na orla da Redinha, a área da praia até que recebeu alguns investimentos na infra-estrutura, pois asfaltaram as principais vias de acesso e promoveram a revitalização dos quiosques e do mercado, mas esqueceram da questão dos banheiros públicos e da segurança. “Como é que o turista vai vir para a Redinha se a violência aqui é grande. Eu mesmo já fui assaltado quando estava fechando o quiosque por volta das seis horas da tarde. Quase todo dia tem gente que é assaltada na beira da praia e ao longo do mirante. Antes tinha um quiosque com policiais e informações turísticas, hoje não tem mais nada. Os dois únicos banheiros públicos que existem aqui foram colocados por insistência dos comerciantes e do pessoal da igreja. Antes, quando não tinha banheiro, o pessoal urinava e até defecava na lateral da igreja. O retrato da Redinha? É um abandono total”, disse.

Ao se dirigir à comunidade da África, o cenário de propagandas de políticos pedindo voto pintadas nos muros das casas contrasta com a realidade social do lugar, fato que chega a revoltar os mais prejudicados pelo abandono como a dona de casa Lindalva Nascimento da Silva que depende do poço de um vizinho para pegar água para consumo, banho e cozimento de alimentos.

“Moro nesse trecho da rua Beberibe há mais de oito anos e nunca vi benefício algum feito pela Prefeitura ou pelo governo do Estado. Aqui falta tudo, desde de saneamento até escola. Muitas dessas pessoas são analfabetas, as crianças convivem com o lixo e as doenças. Não temos o básico do básico que é água encanada. Em outras épocas, no período eleitoral, os políticos até que faziam uma camuflagem dos problemas e prometiam soluções, mas esse ano, nem promessa fizeram para agente. Nos resta olhar para o outro lado da cidade e imaginar o quanto é bom ter, pelo menos, água no chuveiro para tomar banho e na torneira para beber e fazer o almoço”, reclamou Lindalva Nascimento.

Construtora rescinde contrato

Moradores da rua Conselheiro Tristão, continuação da ponte, denunciam que o projeto de urbanização e inclusão social da comunidade está parado porque a empresa que estava à frente das obras solicitou rescisão do contrato à Prefeitura.

A obra prevista para ser concluída em dois anos contempla a comunidade com a construção e reforma de casas como o que está sendo feito no Passo da Pátria, além da implantação de uma rede de saneamento. Em concomitância com as obras também serão desenvolvidas ações de inclusão social. De acordo com o engenheiro Sérgio Murilo, coordenador do Departamento de Habitação da Semov, embora a desistência da empresa tenha quebrado o ritmo da obra, a Prefeitura está trabalhando duro para vencer a burocracia e convocar a empresa que ficou em segundo lugar no processo licitação. “Esperamos resolver esse problema até a próxima semana”, disse Sérgio Murilo.

Violência é outro problema comum na favela da África 

Além dos problemas de infra-estrutura, saúde e eduçação, os moradores e comerciantes da Redinha clamam por segurança. Seja nas comunidades ou na orla da praia, para cada duas reclamações existe um testemunho de violência sempre relacionados a assaltos, violência sexual, arrombamentos e tráfico de drogas.

Segundo o comandante do quarto batalhão da zona Norte, Coronel Albuquerque, responsável pelo patrulhamento da área, o problema da violência é generalizado, mas na zona Norte conta com um agravante de cunho social: o grande número de comunidade marginalizadas com África, Alto da Torre, Favela dos Garis, Jardim Lola e loteamentos do bairro Nossa Senhora da Apresentação.

O Coronel Albuquerque informou que a zona Norte conta com grupamento de cavalaria, quatro viaturas do tipo rádio pratrulha, equipes da Rocam, além das bases comunitárias que ajudam a fazer o patrulhamento ostensivo de toda a região. “A zona Norte não está desprovida de policiamento como dizem. Hoje, o efetivo que colocamos nas ruas já consegue colher bons resultados, tanto que constatamos uma queda no índice de roubos de carros. Até a semana passada havíamos registrado apenas um roubo enquanto que na zona Sul foram nove veículos roubados”, disse.

Com relação ao policiamento na praia da Redinha e nas comunidades adjacentes, o comandante do patrulhamento da zona Norte informou que nos fins de semana e nos feriados são deslocadas viaturas e equipes da Rocam para reforçarem o policiamento na área. “Alguns comerciantes e líderes comunitários estão aproveitando o período político para competirem entre si para vê quem consegue instalar um posto de fiscalização exclusivo, mas o contingente que destinamos para a área nos dias de maior concentração de público é suficiente para garantir a segurança. O problema é que a cada dia aumenta o número de marginais oriundos das comunidades marginalizadas da região, são em sua maioria jovens menores de idade que se aproveitam do descuido dos banhistas para fazer pequenos furtos. Por isso, pedimos que as pessoas também contribuam com a polícia e com a própria segurança não expondo bens pessoais como celulares, relógios e correntes. A maioria dos assaltos são cometidos por causa do descuido e as pessoas devem entender que por causa de um contexto social, a praia da Redinha está localizada em uma área crítica devido aos altos índices de pobreza registrados na região”, justificou o Coronel Albuquerque.

Construtora rescinde contrato

Moradores da rua Conselheiro Tristão, continuação da ponte, denunciam que o projeto de urbanização e inclusão social da comunidade está parado porque a empresa que estava à frente das obras solicitou rescisão do contrato à Prefeitura.

A obra prevista para ser concluída em dois anos contempla a comunidade com a construção e reforma de casas como o que está sendo feito no Passo da Pátria, além da implantação de uma rede de saneamento. Em concomitância com as obras também serão desenvolvidas ações de inclusão social. De acordo com o engenheiro Sérgio Murilo, coordenador do Departamento de Habitação da Semov, embora a desistência da empresa tenha quebrado o ritmo da obra, a Prefeitura está trabalhando duro para vencer a burocracia e convocar a empresa que ficou em segundo lugar no processo licitação. “Esperamos resolver esse problema até a próxima semana”, disse Sérgio Murilo.

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