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Novas emoções em alto-mar

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Fábio Grellet/AE

Descalça e de pé sobre a poltrona estofada, Luíza grita sem parar, tentando atrair a atenção de seu ídolo, de quem está a menos de 10 metros. Ao seu lado, porém, centenas de outras fãs também protagonizam ataques histéricos – Luíza, cabelos despenteados e lágrimas no rosto, é só mais uma na multidão. Não, não se trata de um show de rock nem Luíza é adolescente. A professora aposentada tem 63 anos e está pela primeira vez diante de seu maior ídolo, Roberto Carlos, que neste momento distribui rosas vermelhas à plateia, no encerramento de um show no navio Costa Favolosa. Não fosse pelo fato de o navio estar ancorado no porto do Rio, e não navegando, o nome do evento resumiria a cena com perfeição: “Projeto Emoções em Alto-mar”.
Roberto Carlos: Todo mundo pode cantar qualquer música minha, mas acho que, para gravar, é necessário pedir autorização
Em sua nona edição, o passeio de navio com Roberto Carlos se estende por quatro dias, de sábado até quarta-feira, e reúne 3 780 fãs do rei que pagaram até R$ 10 mil pelas mordomias, dependendo do luxo da cabine. A embarcação saiu de Santos e passa por Ilhabela, Rio e Angra dos Reis. “Mas, se não saísse do lugar, eu viria do mesmo jeito”, garante o advogado Antonio Pereira, de 67 anos.

Se o show não difere daqueles realizados em terra firme, o cruzeiro permite outra experiência rara: o público pode acompanhar a entrevista coletiva que Roberto concede aos jornalistas convidados. Embora um assessor peça à plateia que não se manifeste, são as fãs que proporcionam os momentos mais inusitados. Questionado por uma jornalista sobre as características da mulher ideal, o rei é interrompido pelo grito de uma senhora: “Eu, eu”. Quando conta que não está namorando, Roberto desperta burburinho, que aumenta quando lhe perguntam se está beijando muito. “Não dá pra viver sem isso, nem sem sorvete “

Até jornalista se deixa levar pela tietagem. Ao conseguir o microfone e saber que faria a última pergunta da entrevista coletiva, um repórter dispara: “Roberto, tira uma foto com minha mãe?”. Sempre atencioso, o cantor concorda. Quem não tem a possibilidade de usar o microfone recorre a cartazes. “Meu Rei, há 50 anos espero tirar uma foto com esse cara. Realize meu sonho”, pede uma senhora que se identifica como Jeny. Ao lado dela, uma jovem segura outro cartaz: “Roberto, tira uma foto com minha mãe! Assinado: Filha da Jeny”.

Entre elogios e suspiros, a coletiva também trata de projetos musicais. Em 2013 Roberto Carlos pretende lançar três discos. Um deles é de canções antigas remixadas. “Estou muito entusiasmado com o trabalho dos DJs”, diz. Outro deve ser de músicas cantadas em espanhol. “Faz tempo que não lanço um disco em espanhol”, justifica. E o terceiro é um disco com dez músicas, das quais quatro serão as mesmas já lançadas no compacto que inclui “Esse Cara Sou Eu”. “Acho que o ideal é que o CD tenha 10, 12 músicas, mas não deu tempo de compor as outras 6, então eu lancei esse com 4”, brinca. “Mas vou fazer as outras e juntar com essas.”

Graças ao sucesso de “Esse Cara Sou Eu”, o compacto já vendeu 2 milhões de cópias, número que impressiona em meio à crise do mercado fonográfico. Outras 700 mil cópias foram comercializadas em formato digital, pela internet.

Ao explicar uma polêmica envolvendo sua atual música de sucesso (ao saber que uma versão de “Esse Cara Sou Eu” cantada pela banda Aviões do Forró fora usada durante o “Big Brother Brasil”, ele teria pedido à TV Globo que não utilizasse mais a gravação), Roberto foi incisivo. “Todo mundo pode cantar qualquer música minha, mas acho que, para gravar, é necessário pedir autorização. Essa música ainda tem uma história, está fazendo muito sucesso e não é o momento de regravar. É uma falta de respeito gravar sem autorização”, criticou.

O rei anunciou ainda que fará show em Porto Alegre, no novo estádio do Grêmio, em abril, como parte da comemoração de seu aniversário (ele completa 72 anos em 19 de abril), e sua turnê vai passar por outras capitais.

Na entrevista também foram abordados dois eventos de 2014: a décima edição do cruzeiro, para a qual Roberto prometeu surpresas, e a possibilidade de cantar na abertura ou no encerramento da Copa do Mundo. “Eu ficaria muito nervoso, mas seria uma honra”, afirmou.

Embora Roberto Carlos seja o centro das atenções do “Emoções em Alto-mar” (o que faz com que até banheiros e elevadores tenham como som ambiente as músicas dele), o cruzeiro inclui outras atrações e ritmos. O padre Antonio Maria celebra uma missa (em que canta sucessos do rei), o humorista Tom Cavalcante faz show (em que imita Roberto, entre outros), e a música também fica a cargo do DJ Memê, da banda Oba Oba Samba House, que mescla samba e música eletrônica, e da bateria da Beija-Flor, que anima um baile de carnaval.

No show de domingo, promovido enquanto o navio estava ancorado no Rio, não faltou mulher bonita e gente famosa, Luma de Oliveira, Luana Piovani, Fernanda Paes Leme, Eri Johnson e o ex-jogador Junior, entre outros, atraíram muitos flashes. A maioria dos famosos foi ao navio exclusivamente para jantar e ver o show, que teve como um dos pontos altos um brinde com espumante servido ao público em taças de plástico enquanto o rei cantava “Champagne”, sucesso de Peppino di Capri.

Luíza, a fã, conseguiu uma rosa vermelha e terminou o show devidamente calçada, alternando lágrimas e sorrisos de satisfação.

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