Paris (AE) – François Hollande, de 57 anos, tomou posse ontem da presidência da França, em cerimônia realizada no Palácio do Eliseu. Hollande prometeu em discurso “fazer uma reviravolta na França de maneira justa e abrir um novo caminho na Europa”. 
À tarde, depois de almoçar com políticos e indicar o deputado socialista Jean-Marc Ayrault como primeiro-ministro, Hollande viajou a Berlim, onde se reuniu com a chanceler alemã Angela Merkel. O presidente passou por um susto quando o avião que o levava à Alemanha foi atingido por um raio – a aeronave voltou a Paris e logo depois o mandatário partiu com sua comitiva em outro jato para Berlim.
Na Alemanha, Hollande e Merkel concordaram em discutir nas próximas semanas a grave situação econômica do bloco europeu e a crise da dívida – Hollande afirmou que é a favor da “seriedade orçamentária” mas que também é a favor da retomada do crescimento econômico.
“Eu vou definir as prioridades”, disse Hollande no seu discurso de posse, no Palácio do Eliseu. “Mas não vou decidir tudo, para todo mundo, em todos os lugares”. O socialista afirmou ainda que não vai governar como seu antecessor, Nicolas Sakorzy, que controlava de perto as operações cotidianas, geralmente ofuscando seus ministros.
De acordo com a Constituição da França, o primeiro-ministro é encarregado de gerenciar o governo. Ele pode ser avaliado pelo Parlamento e forçado a renunciar caso os legisladores aprovem uma moção de censura.
Ayrault é membro do Partido Socialista há 40 anos e nunca teve um cargo no governo central. O político, de 62 anos, foi professor de alemão durante 13 anos. Suas habilidades linguísticas e sua simpatia pela cultura alemã podem ser uma ferramenta importante para Hollande, que já prometeu combater a tática da chanceler alemã, Angela Merkel, de combater a crise da dívida na zona do euro com medidas de austeridade.
“Esse é um forte sinal para a Alemanha”, comentou Sigmar Gabriel, presidente do Partido Social Democrata alemão. “Ele fala alemão muito bem e entende nossa cultura política”. O novo primeiro-ministro também pode ajudar o partido de Hollande a conseguir uma vitória sólida nas eleições legislativas que serão realizadas em 10 e 17 de junho. Ele está no Parlamento desde 1986, sem interrupções. Ayrault também já foi prefeito de Nantes, sexta maior cidade francesa, quatro vezes.
Hollande tomou posse acompanhado da sua atual companheira, a jornalista Valérie Trierwiller, de 47 anos e repórter da revista Paris Match. Com Hollande, ela forma o primeiro casal não casado sob a lei civil a governar a França – uma formalidade que a maioria dos franceses não vê mais como necessária. Sarkozy, acompanhado de sua esposa, a cantora Carla Bruni-Sarkozy, passou o cargo a Hollande no Palácio do Eliseu em uma rápida cerimônia. Em seguida, Hollande e Trierwiller foram ao Jardim das Tulherias, onde participaram de outra cerimônia, e ao Hôtel de Ville, onde o novo mandatário recebeu a medalha da cidade de Paris.
Crise
Em casa, Hollande herda uma economia sem fôlego. Números divulgados ontem mostram que a economia francesa ficou estagnada no primeiro trimestre e expandiu apenas 0,1% nos últimos três meses de 2011. O crescimento anêmico – o Banco da França prevê nova estagnação no segundo trimestre – tornará difícil a tarefa de controlar a taxa de desemprego, que chegou a 10%, o maior nível em 13 anos. Além disso, a Comissão Europeia alertou a França na semana passada que, sem mudanças na política econômica, o país não conseguirá reduzir o déficit orçamentário a 3% do produto interno bruto (PIB) em 2013, como foi estabelecido para todos os países da zona do euro. Hollande derrotou Sarkozy no segundo turno da eleição presidencial no último dia 6.
