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Novos impactos da pandemia

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Antonio Roberto Rocha 
A Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), em parceria com o Laboratório de Estudos em Sustentabilidade e Turismo da Universidade de Brasília (Lets/UnB), promoveu mais uma pesquisa entre os seus associados para medir os impactos na pandemia do Covid-19 no negócio das operadoras de turismo ao longo do mês de abril. 
Um dos fatores preponderantes para a perda de faturamento em abril está no fato de que a maioria das empresas (54%) não realizou nenhuma venda no mês, número superior aos 45% que não tinham tido comercialização no mês de março. Entre as empresas que conseguiram faturar com viagens, apenas 24% venderam produtos com embarques até julho. Já 93% delas tiveram vendas com embarque para o segundo semestre e 84% para 2021.
Dessas vendas, 64% das empresas registraram 90% ou mais do faturamento em viagens nacionais, o que confirma a tendência de que as vendas do turismo doméstico serão mais beneficiadas (ou menos prejudicadas) em 2020. Mesmo com vendas, o faturamento registrado em abril não representou nem 10% do mesmo período de 2019, segundo 80% das empresas, o que representa cerca de R$ 1,08 bi. As dificuldades advindas da pandemia se agravam com a valorização do dólar. 
Redução de custos Em relação às ações tomadas para conter a crise, 100% das empresas pesquisadas lançaram mão de diferentes alternativas para reduzir custos, que passaram por renegociação de contratos com terceirizados (limpeza, contabilidade, TI etc.), redução proporcional de jornada de trabalho e de salário de equipes contratadas, diminuição do número de colaboradores internos, diminuição de estrutura física ou suspensão temporária do contrato de trabalho. 
Um agravante é a dificuldade de acesso às linhas de crédito com condições especiais. Das associadas, 39% das operadoras de turismo buscaram crédito junto a instituições financeiras e 55% ainda pretendem buscar. Entretanto, apenas 7,4% das empresas obtiveram os recursos financeiros solicitados. 
 
Marketing digital Cerca de 96% das empresas têm realizado esforços de marketing durante o distanciamento social, sendo expressivo o reforço de marca nas redes sociais (90%), seguido por envio de e-mail marketing (78%), realização de treinamentos online/webinars (76%) e contato telefônico/mensagem (72%). Entre outras ações (6%), aparecem: articulação com fornecedores, criação de produtos e visitas virtuais a clientes.
 É importante também ressaltar o impacto econômico dessas viagens para os fornecedores (hotéis, pousadas, empresas de aluguel de veículos, entre outros) e para a economia local, já que os turistas consomem produtos e serviços não inclusos nas viagens, como alimentação, transporte, passeios extras, bares, presentes e artesanato, dentre outros, ajudando na geração de trabalho e renda nos destinos.
 
Retomada das viagens Considerando o cenário atual da pandemia, a maioria das empresas (58%) espera comercializar viagens nacionais no segundo semestre de 2020, enquanto 13% apontam para 2021. Já em relação a viagens internacionais, 50% indicam o segundo semestre e 42% apontam 2021, sugerindo uma retomada mais lenta para este mercado.
Os números indicam uma tendência que já é verificada no mercado europeu, que iniciou sua reabertura recentemente, com novas medidas de isolamento social. Os consumidores tendem a buscar primeiramente as viagens regionais e nacionais, que dão maior segurança sanitária. A retomada do turismo internacional certamente será mais lenta. Depende das aberturas de fronteiras, de mais estabilidade cambial e de protocolos globais para garantir a segurança dos viajantes.
 
Constatação Em meio a tantos desafios, a expectativa para este ano saiu de um crescimento para uma queda de faturamento das operadoras que pode ser de 7,7 a 11,3 bi, ou seja, entre 51 a 75 % do faturamento registrado em 2019 (R$ 15,1bi).
Dívida global do setor aéreo
Análise divulgada pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata – International Air Transport Association) indica que a dívida global do setor aéreo pode subir para US$ 550 bilhões até o final do ano. Isso representa aumento de US$ 120 bilhões em relação aos níveis da dívida no início de 2020.
A ajuda financeira, segundo a Iata, é a salvação para superar a pior fase da crise da aviação comercial. Durante o período de retomada, no final deste ano, a expectativa é que a dívida do setor será de quase US$ 550 bilhões. 
No total, os governos forneceram US$ 123 bilhões em ajuda financeira às empresas aéreas. Desse montante, US$ 67 bilhões devem ser reembolsados. O saldo atual é composto por pagamentos de salários (US$ 34,8 bilhões), financiamento de capital próprio (US$ 11,5 bilhões) e isenção de impostos/subsídios fiscais (US$ 9,7 bilhões). 
Ainda segundo a Iata, as empresas aéreas gastarão cerca de US$ 60 bilhões de reserva em caixa só no segundo trimestre de 2020.
Pesquisa sobre intenção de viagem
O Observatório do Turismo do RN está realizando a pesquisa “Intenção de viagem do potiguar após a pandemia da Covid-19”. O levantamento pretende traçar o perfil dos turistas em pontecial para nortear a retomada do setor, principalmente pelas empresas norte-rio-grandenses que sofreram com os decretos de isolamento social, como agências de viagens, hotéis e demais comerciantes e prestadores de serviços relacionados.
Os pesquisadores também usarão as respostas para orientar as políticas públicas de turismo. O formulário digital ficará disponível até dia 04 de junho. Mais de 600 pessoas já responderam as questões formuladas pelos pesquisadores da UERN, UFRN e IFRN, em parceria com a Universidade Estadual do Piauí.
“A idéia é desenvolver pesquisas técnicas e científicas que contribuam com diagnósticos sobre a nova realidade do turismo do país. 
Produzir um banco de dados que possa nortear e assessorar o planejamento e gestão do turismo, considerando especialmente os novos comportamentos do turista pós pandemia, bem como realizar análises das ofertas de atrativos e destinos, os quais deverão garantir uma retomada de atividades de forma segura e que promova experiências adaptadas a protocolos sanitários recomendados pelos órgãos oficiais de saúde e turismo do país”, explica a professora Ana Angélica Costa, coordenadora do projeto.
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