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“Novos voos para o RN dependem da desoneração do ICMS”

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Entrevista – Alysson Barros Paolinelli
CEO (chief executive officer) do Consórcio Inframérica

Nadjara Martins
Repórter

A Copa do Mundo não será a única mola propulsora para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte em 2014. A partir do dia 22 de maio – nova data prevista pela Secretaria de Aviação Civil para que o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves comece a funcionar – o estado vai contar com um novo equipamento que aumentará a atratividade de novas empresas para a região. Os benefícios diretos, como geração de emprego e renda, já começaram: segundo o Consórcio Inframérica, cerca de 1.200 pessoas trabalharam no período de construção do aeroporto e outras 1.500 já começaram os treinamentos para o início das operações. Para Alysson Barros Paolinelli, CEO (chief executive officer) do Consórcio Inframérica – grupo que arrematou a primeira concessão dos aeroportos – o plano é transformar São Gonçalo do Amarante em uma cidade industrial. Na próxima segunda-feira (28), a partir das 8h, o presidente do consórcio falará sobre as perspectivas de crescimento do novo terminal durante o seminário Motores do Desenvolvimento. O evento acontece no Hotel Sehrs, na Via Costeira. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, ele traça o futuro do aeroporto. Confira:
Alysson Barros Paolinelli, CEO do Consórcio Inframérica
Em que estágio está o Aeroporto Internacional Governador Aluízio?
O aeroporto está sendo homologado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fez toda a avaliação da estrutura e agora ela tem um tempo para verificar todos os itens pendentes. Estamos, pela nossa parte, com o aeroporto pronto para a Anac ir homologar. O que pode acontecer é a agência pedir alguma pequena adequação. São coisas insignificantes para o tamanho de uma obra como aquela, mas são importantes. O que nós precisamos agora é da homologação para começar as operações. Essa fiscalização da Anac acontece em etapas. Diferente de Brasília, o novo aeroporto do RN foi feito do zero.

As empresas aéreas precisam do relatório para fazer a transferência?
Não, elas precisam é da homologação para operar. Para o aeroporto funcionar, precisa estar homologado. Mas a disponibilidade das áreas para transferência começaram no dia 1º de março. Desde então disponibilizamos áreas de escritório e manutenção e cumprimos os nossos prazos inicialmente acordados com as aéreas. Elas também estão fazendo a transferência, mas não podem simplesmente desligar no Augusto Severo e começar tudo do zero no o novo aeroporto do RN. Por isso, talvez, a transferência esteja num ritmo mais lento.

Quais são as expectativas do consórcio para o início das operações do Aeroporto?
A boa notícia é que durante a Copa do Mundo o número de voos será maior, considerável: 274 voos foram destinados pela Anac para o estado. O aeroporto tem capacidade disponível enorme, de 6 milhões de passageiros. Vai ser o novo portal de entrada para a cidade. É um aeroporto novo, bonito e que vai estar 100% operacional. A partir de então começará uma nova etapa, onde vamos buscar a retomada do número de passageiros. Temos várias negociações com companhias nacionais e internacionais, mas para isso ainda dependemos de um posicionamento do Estado quanto a desoneração do ICMS sobre o querosene de aviação.

Não houve nenhum andamento nas negociações?
Nenhum andamento, mas tenho certeza que, com o novo aeroporto, o Governo do Estado vai fazer a sua parte.

Você falou dos 274 vôos a mais durante a Copa como um benefício. Mas, se formos comparar com o que Natal perdeu nos últimos anos, não dá para compensar. O último relatório da Anac, divulgado em março, disse que a capital potiguar perdeu mais de 2,8 mil voos só em 2013… O momento que o turismo e a aviação no estado vivem preocupa um pouco o consórcio?
Contamos com a boa vontade do governo para recuperar o setor. O exemplo do que aconteceu em Brasília é simples e eficiente. O imposto cobrado sobre o QAV era de 25% e foi para 12%. No outro mês, tivemos um aumento de 58 voos. Além disso, a receita do DF aumentou em 32%. (A redução) Possibilitou a criação de novos voos dentro do hub. No RN pode acontecer a mesma coisa, pois existe uma demanda reprimida de passageiros para o Estado. As companhias sinalizam isso, mas não vão criar mais voos enquanto não for viável, com um custo tão alto para abastecimento. Elas precisam ter certeza da desoneração.

De quanto seria essa demanda reprimida?
O primeiro cenário é o da copa: existiam novos voos e eles foram criados. Mas vai ser difícil manter esses voos, pois a demanda de passageiros volta ao que era normalmente depois do mundial e, para que os voos se mantenham, é preciso ter a desoneração do imposto. Isso diminui o custo de abastecimento das aéreas, diminui o preço das passagens, uma vez que a opção de voos partindo e chegando em natal aumenta. Isso representa um crescimento  e a recuperação para o turismo de lazer e do turismo de negócios em Natal.

Criou-se a expectativa do aeroporto cidade e do hub. Entretanto, vocês criaram o projeto de um aeroporto de porte médio. O novo aeroporto tem capacidade de crescer e chegar ao que necessita? O único fator que levaria a isso é  a desoneração do ICMS?
Para nós, aquele é um aeroporto estratégico.  Nós não imaginamos que ele se torne um hub internacional, e sim uma porta de entrada para o Brasil. Só que, para isso, o  novo aeroporto do RN precisa ter uma malha doméstica forte para que os passageiros internacionais, quando chegarem em Natal, possam se direcionar para outras regiões. É um efeito em cascata. O que pode ajudar a aumentar o numero de voos é a redução do ICMS. Com isso, as companhias aéreas aumentam o número de voos, há diminuição do preço da passagens; os passageiros passam a se deslocar de outras regiões para voar no RN; novos passageiros novos voos, e assim por diante.

Você falou que o novo aeroporto não vai se tornar um hub internacional. Por que?
O hub internacional aconteceria se tivéssemos aviões entrando e saindo de Natal para fora do país, o não deve acontecer agora. Brasília é um hub doméstico, por concentrar voos nacionais. Natal tem uma característica de voos muito diretos para Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, mas isso não o torna um hub,  nem nacional nem internacional (até porque de internacional só temos a TAP). Para tornar o novo aeroporto do RN um hub é preciso ter vários voos internacionais se conectando. Agora, quantos mais voos domésticos a gente conseguir levar para natal com vários destinos, mais fácil trazer voos internacionais que terminem em Natal. Mas isso não é agora, é um processo de conquista. Para isso, o governo do estado tem que fazer a sua parte.

E a proposta de que o novo aeroporto se torne um aeroporto-cidade, concentrando diversos serviços? Sairá do papel?
Nós já temos, para dentro do aeroporto, praticamente todas as lojas comercializadas. Nosso objetivo é fornecer ao nosso passageiro a maior gama de entretenimento possível. Então nós decidimos o que queríamos oferecer ao passageiros e fomos em busca de empresas nacionais e internacionais. Buscamos as melhores parcerias. Algumas lojas que estarão lá são a Dufry, a Hudson News… também queremos levar as empresas que estão aqui em Brasília para lá.

Com a proximidade do aeroporto da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Macaíba, desenvolveu-se a teoria de que o aeroporto poderia se tornar um centro de processamento de carga. Isso é possível?
Nossa estratégia é colocar no aeroporto de SGA dentro do contexto do que está sendo desenvolvido em volta – não só inserindo-o em São Gonçalo do Amarante, mas na economia de todo o estado. Estamos em negociações para atrais indústrias para a ZPE de Macaíba. Com isso, vamos transformar o que você chama de cidade em cidade industria. Assim podemos fomentar exportações pelo aeroporto; fazer com que industrias de tecnologia se aloquem naquela região. É uma discussão para transformar a região é um centro de processamento de cargas; é um caminho estratégico para saída de produtos para a Europa… o aeroporto tem essa capacidade. Só que para que tudo isso aconteça é preciso que o aeroporto esteja funcionando.

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