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Nuvens passageiras

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Valério Mesquita
Escritor

01)  Francisco Dantas ou Chico da prefeitura, como era conhecido em Mossoró, ingressou no folclore político local por haver se elegido “vereador” sem concorrer a eleição. Passava o tempo todo na calçada da câmara municipal varrendo aqui e acolá, convidando os amigos para conhecer o seu “gabinete”. Após longos meses de “legislatura” foi flagrado pelo presidente da Casa com três amigos ao redor do seu birô, ligando para o ramal da copa: “Dona Raimunda? (a copeira), por favor, traga aqui três “cafezes” para o meu gabinete por “obeseque””. Ali mesmo, perdeu o “mandato”.

02)  Muitas são as atribuições enfrentadas pelo presidente da Fundação José Augusto. Pedidos de emprego eram rotinas que desafiavam a capacidade do escritor François Silvestre. Certa vez, foi procurado por um pai extremado que defendia com ardor um cargo comissionado para a sua filha. “Dr. François, a minha filha fala corretamente quatro idiomas. Onde o senhor pode colocá-la?”. Sem se perturbar, com a mão esquerda segurando a cabeça, silencioso, François, suspirou: “Só se for na Torre de Babel”.

03) O vereador mossoroense, Expedito Bolão, chegando à rodoviária da Ribeira foi a uma lanchonete. “Traga aí uma água mineral. Quero a mais pura e mais gelada que tiver!”. O moço do balcão perguntou: “O senhor quer com ou sem gás?”. Expedito corrigiu: “Com gás? Lá em Mossoró, água com gás a gente dá banho nos cavalos. Lá nós tomamos água minerálica, termal, cloroterápica, como diz o doutor Dix-Huit.” O balconista sem entender o fraseado, disponibilizou dez garrafinhas: “Por favor, doutor escolha aí uma do seu agrado”.

04)  O prefeito Chico da Bomba, de João Câmara, alimentava a esperança no final do mandato que seria indicado para um cargo na esfera estadual. Seus olhos estavam voltados para o Detran. “É um ótimo lugar para eu fazer um pé de meia e minha futura campanha”, dizia. Certo dia, Chico descia a ladeira pela calçada do hospital Onofre Lopes, quando uma anciã cruzou o caminho. O choque foi inevitável. Rapidamente, ele ajudou a mulher a se levantar, mas passou-lhe um corretivo. “A senhora tome cuidado! Eu vinha na via preferencial!”. A velhinha quis falar alguma coisa, mas Chico da Bomba interrompeu: “Não diga nada. A senhora tá falando com o futuro chefe do Detran”.

05) Padre Sabino Gentille adotou os bairros de Mãe Luiza e Aparecida, em Natal, para ali implantar sua catequese. Pontualíssimo, o sacerdote chegou à capela de Aparecida na hora marcada para a celebração. Aconteceu que as carolas que cuidavam da igrejinha não haviam sequer aberto às portas da santa casa. O vigário não demonstrou estresse. Caminhando cerca de trezentos metros, padre Sabino encontrou um barzinho, pediu uma cerveja e começou uma partida de sinuca. Uma hora depois as mulheres catequistas organizaram o altar e foram chamar o vigário. A missa teria início às sete e já passava das oito da manhã. Sabino foi enfático: “A missa fica para o próximo domingo. Espero que cheguem cedo. Agora vou tomar umas cervejinhas”. Em seguida encaçapou a bola sete. Sem traumas.

06) A bodega é o que podia se dizer: “De tudo tem”. De freio pra gato a suspensório pra cobra o freguês encontrava. Certa vez, Zé Inácio de Ipanguassu exagerou na comida e passou mal do estômago. Não permanecia quinze minutos no balcão, ele disparava para o banheiro lá no fundo do quintal. Enquanto isso, ficava na mercearia sua filha, jovem de dezessete anos, meio retardada. Só pastorava o comércio. Numa dessas saídas, uma senhora perguntou: “Rita”, – era o nome da moça – “cadê seu pai?”. A menina respondeu inocentemente: “Foi ali, vem já. Foi ‘desovar’… Mas já saiu pipocando!”.

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