terça-feira, 19 de março, 2024
27.1 C
Natal
terça-feira, 19 de março, 2024

Nuvens sobre a Lava-Jato

- Publicidade -

Lydia Medeiros

O presidente Michel Temer terá uma oportunidade de ter no comando da Lava Jato alguém mais afinado com o governo, que tem ministros e líderes no Congresso afetados pela investigação. Procuradores temem que o processo de sucessão de Rodrigo Janot na Procuradoria Geral da República, que começa em maio, seja usado pelo governo para enfraquecer a operação. Também em maio, serão eleitos dois novos nomes para o Conselho Nacional do Ministério Público Federal. Eles devem ser indicados por Janot, sabatinados pelo Senado e nomeados pelo presidente. Em agosto, participam da eleição para presidente e vice do órgão. No mês seguinte, termina o mandato de Rodrigo Janot. Interinamente, ele será substituído pelo vice-presidente do Conselho. Para procuradores, essa é a brecha para Temer ter alguém mais próximo no posto, preparando caminho para o novo procurador-geral, que não tem prazo para ser nomeado.

Em baixa dentro de casa
Votação realizada em março no Conselho Nacional do MPF mostra que nem entre os procuradores a Lava Jato é consenso. Os integrantes do órgão deveriam fazer cinco promoções – três por merecimento e duas por antiguidade. Mais de uma centena de procuradores eram “elegíveis”, entre eles, Deltan Dallagnol, um dos integrantes da força-tarefa em Curitiba, com destacada atuação na mídia. Deltan não teve um voto sequer.

Injeção de ânimo
O governador Geraldo Alckmin (foto) esqueceu as agruras da Lava Jato por algumas horas, ontem. No encontro da Frente Nacional de Prefeitos, posou para selfies por onde passou, e ficou particularmente satisfeito com o assédio de prefeitos nordestinos. Para a semana que vem, aliados organizam reunião com prefeitos paulistas, em Campos do Jordão.

Não é bem assim
A interpretação corrente entre senadores ontem era que o fim do foro especial não afetaria processos em curso. De acordo com advogados com atuação no STF, porém, a mudança tem impacto imediato e todos os processos contra pessoas que hoje têm direito a foro especial iriam para instâncias inferiores do Judiciário. Poderia haver exceção para casos em alegações finais ou pautados para julgamento, mas seria algo residual, apostam.

Irritação no PSB
Irritados com a decisão da Executiva do PSB de fechar questão contra as reformas de Michel Temer, deputados como Heráclito Fortes, chegaram a colocar a filiação ao partido à disposição na reunião da bancada, ontem. Ao longo da semana, o presidente tentou reverter a situação. Cobrou apoio e recomendou parcimônia. Disse que os ânimos se acalmam com o tempo, lembrando que já houve reunião do PMDB que acabou em briga física.

Todo mundo liberado
Parlamentares de oposição vão fechar os seus gabinetes amanhã e liberar funcionários. Preparam placas para pregar nas portas. “Gabinete fechado. Motivo: Estamos participando da greve geral”, registram os cartazes, convidando gabinetes vizinhos a participar da mobilização.

Cantinho do Moreno
Há vários movimentos em curso para abolir ou, pelo menos, limitar o foro. Mas, enquanto a mudança não vem, todo mundo batalha agora para não ser remetido à primeira instância. Por isso, uma das maiores preocupações atuais é com a manutenção de algum mandato em 2018. Vários senadores de reeleição considerada difícil já planejam migrar para a Câmara, e surgiu agora uma ideia entre os aliados de Michel Temer: que o presidente se candidate a uma vaga de deputado federal. Faz sentido.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas