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O adeus a Pedro Vicente

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Yuno Silva – Repórter

Autor de livros nas áreas de sociologia e política, professor universitário, membro da Academia Norte-riograndense de Letras e, acima de tudo, um amante dos livros e da Cultura, Pedro Vicente da Costa Sobrinho faleceu aos 67 anos no final da tarde de quinta-feira (5), após lutar contra um câncer no pâncreas. O velório, que começou às 22h de quinta no Cemitério Morada da Paz em Emaús, varou a madrugada para receber os muitos amigos do escritor e professor. Ontem à tarde (16h) foi celebrada missa em sua memória antes do corpo do professor e escritor ser cremado. Conforme desejo de Pedro Vicente, suas cinzas serão depositadas no rio Acre, em Rio Branco (AC).
O escritor Pedro Vicente publicou A Amazônia Ocidental e Vozes do Nordeste
Mariana Araújo Costa, 21, lembra que o pai recebeu o diagnóstico do câncer no início deste ano e que há 18 dias estava internado. “Ele fez todos os tratamentos recomendados desde a descoberta da doença, mas o organismo não reagiu às sessões de quimioterapia e radioterapia”. Mariana contou que antes do diagnóstico Pedro Vicente reclamava de dores nas costas e os médicos também haviam identificado uma pré-diabetes: “Hoje sabemos que são sintomas que podem ser relacionados ao problema no pâncreas”, explicou a filha. “Agora no final, estava com metástase no fígado e no pulmão, os ossos também foram atingidos. Deixou de falar e de andar enquanto estava internado”.

Pedro Vicente nasceu em Macau. No período que esteve no Acre, foi professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal. Foi no extremo Norte do país que o potiguar constituiu família: conheceu a esposa Maria do Socorro Araújo, 50, e sua filha mais nova, Mariana, nasceu por lá. Na capital acreana também manteve a livraria Casarão, foi diretor do Sesc-AC e organizou a primeira Bienal do Livro de Rio Branco. Tatiana Araújo Costa, a primogênita do casal Pedro e Socorro, nascida em Natal, é fisioterapeuta e atualmente mora em Ipatinga (MG). Ela está na cidade acompanhando a família neste momento.

Pedro Vicente foi a terceira pessoa a ser cremada no Rio Grande do Norte. O crematório do Morada da Paz já está funcionando, mas o equipamento só será oficialmente inaugurado  durante solenidade no próximo dia 11 de setembro, às 8h.

Amigo de todos

Pedro Vicente ocupava a cadeira número 32 da Academia Norte-riograndense de Letras. Sociólogo e cientista político, era professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN e chegou a ser diretor da Editora Universitária (EDUFRN) na gestão do reitor Ótom Anselmo de Oliveira.

“Pedro trabalhou comigo mais de uma vez. Era um homem retilíneo, competente e muito sério. Quando fui visitá-lo no hospital disse que estava se sentindo como um jogador de futebol que não pode mais chutar a bola”, disse o poeta e advogado Diógenes da cunha Lima, amigo de Pedro Vicente e presidente da ANL. “Na Academia era um cidadão prestante, que representava a instituição em encontros em outras partes do país, como o que ocorreu recente em Tocantins: me ligaram de lá pedindo para garantir a presença dele mesmo se eu fosse. Sabia fazer grandes amizades”.

Diógenes destacou que tudo aconteceu de forma muito rápida. “A doença levou Pedro, como levou meu amigo Tico da Costa (músico). Ele vai fazer falta à família, aos amigos e a Academia. Um cidadão de primeira linha”.

O escritor e crítico literário Nelson Patriota também ressalta a amizade quando lembra de Pedro Vicente: “Se fosse preciso resumir numa única palavra, sem dúvidas seria ‘amizade’. Junto a Pedro recolhi o que esse sentimento pode oferecer de melhor, que é sua gratuidade e suas benesses. Essa amizade agora está finda, o que não significa o mesmo que dizer que ela passou”, escreveu Patriota em texto publicado no Substantivo Plural.

Pedro Vicente da Costa Sobrinho publicou diversos livros sobre sociologia e política, entre eles “Capital e Trabalho  na Amazônia Ocidental”, “Exercícios circunstanciais”, “A desintegração do comunismo soviético”, “Outras circunstâncias”, “Vozes do Nordeste” e “Comunicação Alternativa e movimentos sociais na Amazônia Ocidental”.

Era sócio-correspondente da Academia  Acreana de Letras; integrou o Conselho Estadual de Cultura do RN; foi sócio efetivo da União Brasileira de Escritores de PE e honorário da UBE/RN. Integrava o Instituto Histórico e Geográfico do RN e seu currículo ainda consta militância política e sindical.

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