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O Bosque Mystico

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Vicente Serejo
Há uns poucos dias dei por encerrado, por temer as velhas e decantadas delongas, o texto de um pequeno artigo sobre a primeira coluna de Câmara Cascudo, publicada em ‘A Imprensa’, o jornal de seu pai, coronel Francisco Cascudo. Quis registrar o fato jornalístico ocorrido a 18 de outubro de 1918, três anos antes, portanto, da sua estreia em livro, quando lançou ‘Alma Patrícia’, em meados de 1921, com uma seleção de ensaios literários sobre os poetas e prosadores locais. 
Escrito para a edição deste mês de setembro da revista da Academia Norte-Rio-Grandense Letras, não pareceu ser necessário ir além dos limites do artigo de Cascudo que focaliza, apenas, a obra literária de Leal de Souza, com interesse em dois títulos: ‘Bosque Sagrado’, seu livro de poemas; e ‘A Mulher na Poesia Brasileira’, este em razão de uma singularidade que se justifica por si só: entre as três poetisas que registra e anota está Auta de Souza, nossa macaibense ilustre. 
A escolha é intencional, mas, indo à arqueologia da referência, tem um clássico de 1749, editado em Portugal. Certamente não foram muitos os exemplares trazidos para o Brasil ainda na metade do século dezoito, daí sua raridade. Seria abrir um caminho muito longo e detalhado, e serviria então para admitir, como ilação, a possibilidade do seu título ter sido inspirador de outros ‘bosques’, sagrados, místicos e mágicos da bibliografia antiga e moderna deste Brasil sonhador.        
Nesta caverna de livros velhos, onde dormem antigas notícias, hoje mortas – mas aqui e ali revividas pelo seu guardador – há um dos bem raros exemplares do ‘Bosque Mystico e Jardim Divino’, do Frei Antônio do Sacramento, religioso da Ordem de São Francisco que viveu em Lisboa. Um livro que no seu solene frontispício tem escrito assim: “Dispostos e ordenados em considerações sobre os significados das principais plantas da terra… como das verdades eternas”.
Encadernado em couro fino, pleno e perfeito, como se fosse pele de carneiro, douração no dorso, fímbrias tingidas de um vermelho já sem muito vigor, sem as capas originais, de folhas intactas e solenemente dedicado ao Reverendíssimo Senhor Dom Francisco Lourenço de Santa Maria, arcebispo de Goa, Primaz do Oriente. Préstimos e reverências que tomam duas dezenas de páginas, para findar encerrando seus préstitos como ‘seu menor irmão, e mais humilde súdito’. 
Tem prólogo, aprovação do Santo Ofício para a Companhia de Jesus, depois de lido com ‘muito gosto’. Findas as introduções protocolares, começa o ‘Jardim Mystico’. Depois do título, assim é descrito seu santo teor: “Das plantas mais principais da terra, de que se trata na Sagrada Escritura”. “Impresso na Oficina de Miguel Menescal da Costa com as licenças necessárias”. Isto posto, e como diriam os sisudos e velhíssimos cronistas, nada mais digo nem me foi perguntado.  
ATENÇÃO – Quem olhar o recuo das águas da Lagoa do Bomfim que hoje abastecem boa parte do Agreste vai notar que o professor João Abner tinha razão: o certo seria ter aliviado a demanda. 
BRILHO – A pandemia não intimidou o ponto de encontro dos artistas e descolados, a última estrela da noite da Ribeira, na Rua Chile: o Bardalos. Bonita a homenagem a Terezinha de Jesus. 
LUTA – O povo trabalhador da Redinha comendo o pão que o Diabo amassou com a escassez de ônibus. Cristãos piedosos e pacientes, estão certos de que a STTU não tem medo do Inferno.   
CRISE – Cresce nos supermercado da cidade a oferta de porções de pés-de-galinha e de apenas um bife diante dos preços elevados da carne. O quilo do pé-de-galinha varia: chega a 10 reais. 
SUMIU – Uma alma de juízo retirou, tão rápido quanto instalou, o painel publicitário eletrônico na altura do retorno do anel do Campus, do lado da área militar, impedindo a visão dos motoristas.
IMAGEM – É brutal aquela imagem de um agente norte-americano de fronteira perseguindo e laçando um haitiano como se ele fosse um bicho. É o cawboy monstruoso dos tempos modernos.   
TRAPAÇA – Do escritor Sérgio Rodrigues, na Folha de S. Paulo, acompanhando o noticiário do surto de corrupção em torno da compra de vacinas anti-Covid: “A trapaça é um esporte nacional”.

MILHO – De um ex-vereador gaiato, via e-mail, ao ver a foto dos seus colegas formando o que dizem ser o bloco independente: “É o centrão do Potengi agitando o manguezal dos interesses”.
UNIR – A julgar pela entrevista que concedeu a esta TN, edição de quarta passada, o ex-senador José Agripino quer reunir aqueles comprometidos com a posição de centro e, se possível, vencer com eles. Até ai cumpre o manual das lições clássicas. Resta saber se ele faz pare das alternativas.  
COMO – Qual seria a direção da união, em função da qual o ex-senador José Agripino busca fortalecer: nomes já conhecidos, como Garibaldi Filho e Carlos Eduardo? Ou busca a renovação que o eleitor, cansado da velha mesmice, mostrou desejar mudar como fez nas eleições de 2018?    
RISCO – Até agora, o discurso do ex-senador José Agripino tem sido a união para a vitória, que é legítimo, mas não diz se ele é candidato ao Senado ou se terá o desprendimento de direcionar a força do seu partido para nomes de outras siglas na hipótese de coligação na chapa majoritária.
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