quarta-feira, 24 de abril, 2024
28.1 C
Natal
quarta-feira, 24 de abril, 2024

O Caixa Dois

- Publicidade -

Passo pelo Cova da Onça para saber das últimas e saborear a sua cartola (banana jasmim), que é o item nobre do cardápio da casa. Vou encontrar a patota toda debruçada sobre o noticiário ao redor do depoimento do marqueteiro João Santana, o número um do marquetingue do PT, interrogado pelo juiz Sérgio Moro. As redes sociais deitavam e rolavam, mais a televisão ligada e a internet abastecendo alguns curiosos. Mesmo sendo um tema político, com variantes pelos códigos penais, ninguém tocou nas eleições municipais, apesar do mote ter muito aproximação como as coisas que acontecem em Curitiba, onde se instalou o fórum privilegiado do meritíssimo doutor Moro. Imagine que há 11 candidatos a prefeito de Natal e 54 a vice-prefeito. Sobre a Festa de Santana, de Caicó, que começou quinta-feira, ninguém disse nada, apesar da presença do comendador Esperidião de Medeiros Azevedo, aposentado da Recebedoria de Rendas, e que há 88 anos foi batizado com água benta do Itans. Estava todo mundo “antenado” com o outro Santana. E não Santana, a avó de Jesus.

Orlando Rodrigues apareceu na calçada, vindo a rua Doutor Barata, trazendo a Folha de S. Paulo, que acabara de apanhar numa das bancas de Petrópolis. E mesmo antes de abancar, após os cumprimentos de praxe e no meio de algumas piadas da roda, foi lendo a coluna de Bernardo Mello Franco, um dos analistas políticos do jornal, que tem o título de “O marqueteiro confessa”. Vai dizendo assim:

– O depoimento de João Santana fixa um novo marco na Lava Jato. O marqueteiro mais badalado do país admitiu ter recebido US$ 4,5 milhões em caixa dois na corrida presidencial de 2010. Ele comandou a primeira campanha vitoriosa de Dilma Rousseff e Michel Temer.

– A confissão fornece novos elementos para entender como a aliança PT-PMDB se lambuzou no petróleo. Além disso, ajuda a derrubar um segredo de polichinelo da política brasileira. Santana contou, em primeira pessoa, como funciona os pagamentos “por fora” nas eleições.

– “Acho que se precisa rasgar o véu da hipocrisia que cobre as relações político-eleitorais do Brasil”, afirmou o publicitário. Ele descreveu o caixa dois como “prática generalizada nas campanhas” e disse que empresários e empreiteiros sempre buscaram “caminhos extralegais” para financiar os partidos políticos. “Os preços são altos, eles não querem estabelecer relação explícita entre os doadores de campanha, e se recorre a esse tipo de prática”, afirmou Santana.

Mestre Gaspar, encostado na parede externa, ouvindo atento a leitura do jornal, não conseguia disfarçar o seu espanto. Ele que já presenciou tanta coisa nesses seus noventanos, derna da eleição de Washington Luís. Deu um suspiro e perguntou: “Os senhores acham que o caixa dois vai se acabar? ”

Fez-se um silêncio na tarde besta da Ribeira.

Protegendo Dilma
O depoimento de João Santana também é mote do comentário de Josias de Souza, analista político do UOL:

– Interrogado pelo juiz Sérgio Moro num dos inquéritos do petróleo, o marqueteiro João Santana admitiu que os US$ milhões depositados pelo lobista Zwi Skornicki em sua conta secreta na Suíça referem-se a serviços que prestou à campanha de Dilma Rousseff em 2010. Tudo no “caixa dois”, escondido da Justiça Eleitoral. Reconheceu que mentiu ao afirmar, em depoimento que prestou em fevereiro, que a verba fora amealhada em campanha exterior. Falseou a verdade para não incriminar Dilma.

– “Eu achava que isso poderia prejudicar profundamente a presidente Dilma”, afirmou Santana. “Eu raciocinava comigo: eu, que ajudei, de certa maneira a eleição dela, não serei a pessoa que vai destruir a Presidência. Nessa época, já iniciava um processo de impeachment. Mas ainda não havia nada aberto. Eu sabia que isso poderia gerar um grave problema, sinceramente, até para o próprio Brasil”.

Na Academia
Fui encontrar bons papos na festa de posse do poeta Jarbas Martins na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, noite de quinta-feira. Terminada a solenidade, descemos para o térreo. Se fizeram as rodas, um uisquinho aqui uma taça de vinho ali. Um dos grupos:  Tácito Costa, Demétrio Vieira Diniz, Aldo Costa, Carlos Fialho. Mais adiante, Racine Santos (está com romance pronto para ser lançado em setembro) puxa assunto com Elder Heronildes, Marcius Cortez ouvindo.

Ivan Maciel de Andrade circula rápido pelo salão, enquanto Armando Negreiros vai contando histórias de Mossoró, ouvidos atentos de Manoel Onofre Jr, que fez o discurso de saudação do novo imortal.  Diógenes da Cunha Lima, sempre bem-humorado, vai contando seus causos. Cassiano Arruda saiu mais cedo. João Batista Cabral, segura bem o copo e vai bom no papo, perto dele o livreiro e editor Abimael Silva. João Batista Machado também circula.  A noite se esticando e Leide Câmara cuidando bem da Casa de Manoel Rodrigues de Melo.

Uma alegria reencontrar Maria Emília Wanderley e Leda Guimarães.

Livro  Dia 28, quinta-feira que vem, no Museu de Minérios do RN (Campus Natal Central do IFRN), tem o lançamento da coletânea Do outro lado das sombras: poesia quase completa, do poeta e artista plástico Dorian Gray Caldas. A partir das 19 horas.

Dia de campo  A Emparn vai promover um Dia de Campo da Palma Forrageira, dia 26, na Estação Experimental de Terras Secas, município de Pedro Avelino.  O pesquisador Guilherme Ferreira da Costa Lima, coordenador de Produção Animal da empresa estatal, fará uma apresentação do projeto.

Chuva  A chuva sumiu mesmo dos céus do Rio Grande do Norte. Oito dias seguidos sem o registro de um pingo sequer por estas bandas do Agreste e beira de mar, época delas ainda caírem por aqui. Pinta-se um segundo semestre muito preocupante.  A água sumindo de seus reservatórios.

Em Portugal  O Parque das Ciências da UFRN foi tema de palestra realizada, terça-feira, 19, na Universidade de Coimbra, Portugal.  A exposição foi apresentada pela professora Magnólia Araújo. A pesquisa científica no semiárido está no bojo desta exposição.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas