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O calote

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Aurino Araujo

A rua Frei Miguelinho já foi um local de grande movimentação comercial, industrial, bancária e de serviços diversos, haja vista que até consultório médico funcionou lá. Na esquina da Esplanada Silva Jardim, a Mercantil Martins Irmão, explorava o ramo de exportação, mandando para o exterior, peles e cera de carnaúba. Subindo, de lá pra cá, em direção à Tavares de Lira, escritório de despachante aduaneiro, como o de João Ferreira de Melo e Luís Siqueira; na área comercial, operavam firmas individuais e sociedades grandes e pequenas, como Mário Lima, Joaquim Pinheiro, Durval Porpino, Miguel Carrilho, Nestor Pinto, Clemente Carvalho, José Adolfo, Dona Inês, Domingos D’Andrea, Antônio Maurício, Marcos de Souza, Perfumaria Minerva, Filial do Armazém Pará, Queiroz Oliveira, José Lucena, M. Martins & Cia; e a grande loja de variedades 4.400, totalmente consumida por um incêndio…

No setor de representações, tinha o escritório de agenciamento marítimo de Ruy Paiva, o de Wílson Jovino de Oliveira, que representava a Fiat Lux, mas havia atividades na crônica social sob o nome “J.O.Wilson, Boanerges Trigueiro, representante de drogas(remédios), “Seu” Epitácio, pessoa muito conhecida…

Na atividade industrial, trabalhavam ali as fábricas de mosaico São José e Santa Rita, a metalúrgica dos irmãos Alcoforado e as empresas de engenharia Cicol, dos irmãos Moacyr e Carlos Maia em sociedade com o Dr. Edílson Fonseca e a firma F. Cysneiros, do engenheiro Fernando Cysneiros, tinha escritório lá…

Na prestação de serviços, operavam na área a agência da companhia aérea Cruzeiro do Sul, a Tipografia Santo Antônio, dos sócios Dinarte Bezerra e Raimundo da Hora – que era, também palco de memoráveis reuniões diárias, com o objetivo de “jogar conversa fora” e o escritório de Expedito Resende, que representava o Dinner’s Club, primeiro cartão de crédito de que se tem notícias por aqui…

Instituições de crédito também se fizeram presentes na Frei Miguelinho de outrora: começando pelo Banco do Estado de São Paulo – Banespa, um dos maiores do País naqueles tempos, posteriormente vendido ao espanhol Santander, numa operação que deu muito o que falar. Outros dois bancos, esses considerados de pequeno porte e pertencentes a empreendedores locais também tiveram instalações naquela movimentada rua: o Bancaldo, genuinamente natalense, do doutor Aldo Fernandes Raposo de Melo, por ele mesmo administrado e o Banco Auxiliar do Comércio, do Senador Jessé Freire, que era gerido pelo administrador Antônio Guerra, “seu” Guerra – Guerrinha, para os mais íntimos – figura conhecidíssima nos meios financeiros e comerciais da cidade.

E, fato realmente pouco conhecido, na velha Frei Miguelinho funcionava o consultório do doutor José Tavares, conceituado médico natalense, possuidor de um Dodge fluid-drive, dos anos cinquenta, carrão americano cobiçadíssimo pelos curtidores do antigomobilismo local…

É possível que o leitor tenha pensado que o título “O CALOTE” tenha alusão a algum trambique aplicado em alguma pessoa ou firma acima citadas. Nada disso! Uma delas, foi apenas expectadora do fato. É que, naqueles tempos as atividades da Frei Miguelinho encerravam-se às 17,00 horas e foi num desses términos de expediente que o comerciante Aguinaldo Vasconcelos, titular da Martins & Cia, empresa que ficava na esquina da Tavares de Lira, presenciou, da janela de seu escritório no primeiro andar, dois jovens homossexuais discutindo um “troca-troca”, num canto da calçada, já no lusco-fusco. Eles brigavam pra ver quem “dava” primeiro, porque os dois queriam esse “privilégio”. Findaram chegando a um acordo e o que foi “executado”, tão logo o ato terminou, saiu em desabalada carreira, certamente pra não ter que fazer o “sacrifício”, no papel de ativo…

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