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O celeiro se esgotou?

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O Comitê Paralímpico Brasileiro divulgou a relação dos atletas que vão disputar os jogos da categoria no Rio de Janeiro, dentre os quais estão onze representantes do RN. A lista comprovou que os potiguares perderam espaço em relação as Paralímpiadas passadas, fato que certamente deve gerar um bom estudo para determinar o motivo da queda de representação.

Zeca Vilar, pioneiro no trabalho de descobrimento de talentos na modalidade, se mostra pessimista em relação ao futuro potiguar nas demais delegações, acusando a falta de trabalho de renovação e falta de projeto de caça talentos das entidades.
O RN que já foi responsável por 30% das medalhas conquistadas pela seleção do Brasil em competições internacionais de natação, hoje tem só Joana Neves e Edênia como candidatas
“Eu me arriscaria a dizer que a Natação paraolímpica no estado corre risco de ser extinta. Não vejo nenhum trabalho consistentes de novos valores, como era realizado antes. Por esse motivo, o RN que já foi um grande celeiro de paratletas, hoje tem uma representação quase insignificante na categoria”, ressalta.

#SAIBAMAIS#Vilar ressalta que nada andará enquanto não for remontado o trabalho de base que era realizado na época em que ele esteve à frente da associação que cuida do esporte paraolímpico e dispara: “O pessoal que inicia hoje na modalidade pensa basicamente apenas em ganhar dinheiro. Na minha época não rolava muita verba, o trabalho era realizado por devoção, uma vez que as dificuldades encontradas com a falta de patrocinadores eram muitas”, destacou o ex-técnico da seleção Brasileira de Natação.

Ele conta que o trabalho de base no Rio Grande do Norte era tão eficiente, que a cada ciclo surgia um grande nome favorito a medalhas. Isso fez com que o estado fosse campeão brasileiro de natação por seis anos consecutivos, uma marca que dificilmente será alcançada novamente, na visão de Zeca.

O estado que já chegou a responder por 70% da representação brasileira em competições internacionais, hoje possui apenas quatro representantes e, de acordo com Zeca, entre os potiguares, apenas Joana Neves (Joaninha) e Edênia Garcia chegarão ao  Rio com alguma esperança de medalha.

“A prova de que não há renovação na nossa natação é que todos os representantes que estão lá, alguns indo pela terceira vez, trabalharam comigo ainda. Joaninha é a única que considero com chances de trazer várias medalhas. Edenia pode trazer uma e Clodoaldo, na minha visão, está prejudicado por competir na faixa errada”, disse.

A mesma visão que demonstra sobre o RN, ele estende para delegação brasileira nos Jogos. Pelo que vem acompanhando, Zeca Vilar acredita que além das potiguares, apenas mais dois atletas podem conquistar medalhas na Natação. Um dos quais, o paulista Daniel Dias, que é a maior referência da natação brasileira atualmente e detentor de 15 medalhas paralímpicas (10 ouros, 4 pratas e 1 bronze) em duas participações nos Jogos de Pequim e Londres.

“A questão dessa vez não é falta de dinheiro, o problema maior é a falta de um projeto sério de desenvolvimento do esporte paraolímpico no Brasil. Torço para que o novo representante do Comitê Paralímpico Brasileiro chegue com uma nova mentalidade. O Brasil foi reestruturado, construiu um centro paraolímpico muito bom em São Paulo, agora tem de ter projeto para ser desenvolvido no local”, opinou.

Há dez anos afastado do trabalho com paratletas, Zeca Vilar recorda que na sua época, mantinha um grupo de 15 deles trabalhando de forma intensiva na sua escola de natação Tutubarão e também nunca se furtou a colocar toda família à disposição das joias potiguares, para ir levar e buscar a turma no aeroporto quando eles tinham de sair para competir em outros locais ou realizando qualquer outro trabalho de amparo.

“Naquela época nosso trabalho era sério, mas o esporte paraolímpico era feito de forma mais amadora. Eu também tinha condições de fornecer algumas mordomias ao pessoal e não me arrependo. Mas quando a coisa começou a se desenvolver, a ficar mais séria, com dinheiro no meio, entrou a política, fiquei chateado com algumas situações que ocorreram e junto com toda família optei por abandonar o projeto”.

A família só não se afastou completamente da modalidade, por que o filho de Zeca, Rodrigo Vilar é quem está responsável pelo treinamento que levou Joaninha a ser uma das representantes brasileiras nos Jogos da Rio-2016. “Rodrigo vai estar na Olimpíada como técnico de Marcos Macêdo quanto de Joaninha na Paralimpíada, o que para nós da família Vilar é motivo de muito orgulho”, ressaltou.

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