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O clube do galo

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Diógenes da Cunha Lima  [ escritor e presidente da ANL ]

O Clube do Galo de Pirangi, sociedade gastronômica, etílica e não libidinosa, celebra suas bodas, ou melhor, Cristas de Prata. Há vinte e cinco anos, amigos galos reúnem-se nos verões praianos. Talvez por razões linguísticas não há participação feminina.

O Clube é presidido pelo Galo Velho Genibaldo Barros. São diretor fundador e diretor executivo, respectivamente, Clenio Alves Freire e Alexandre Érico.

O Clube concede, anualmente, o supremo título de Galo Honorário a personalidades “com direito a participar em rinhas jurídicas, cívicas e culturais, usar esporão, bico e outros recursos de costumeiro e antiquíssimo uso de animais de seu gênero e espécie”.

Consta do diploma o brasão heráldico, um galo coroado, invenção do genial, também artista plástico, Marcelo Navarro com o lema latino: ” Triste Est Omne Animal Post Coitum, Preter Mulierem Et Galium”, que em livre tradução seria: somente a mulher e o galo permanecem despertos depois do coito.

Entre os agraciados com o título estão o escritor José Paulo Cavalcanti, os ex-senadores Aloysio Nunes Ferreira e Ivandro Cunha Lima.

No último encontro, foram eleitos dois que tiveram asas de ofício: o chanceler empresário Paulo de Paula e Hélio Imbrósio Oliveira. Bateram asas de saudade os sócios fundadores: Décio Holanda, Clementino Faria e Ronaldo Cunha Lima.

É sabido que os galos cantam para demarcar a sua área, mostrar o seu comando e liderança, têm hábitos diurnos, costumam acordar, animar outros animais.

Shakespeare, em Hamlet põe na boca de Horácio que o galo “desperta o deus do dia”.

A necessidade de colaboração dos galináceos foi notada pelo poeta João Cabral de Melo Neto: “Um galo sozinho não tece a manhã/ele precisará sempre de outros galos”.

O Clube do Galo teve como antecedente ilustre o chamado “Clube dos Inocentes”, fundado e liderado por Luiz da Câmara Cascudo. Tinha como símbolo um galinho de ouro. Os associados eram treze (número do galo no jogo do bicho). O Clube tinha momentos de sisuda solenidade, ritualística específica, única. O professor José Melquíades escreveu um livro sobre o tema. Nele, relata a minha iniciação. Cascudo mandou-me ajoelhar sobre uma almofada vermelha, colocou uma espada sobre minha cabeça e mandou repetir o juramento: Juro e prometo ser rei de todos e escravo de cada um. Em seguida, foi anunciado o lema social rei-vassalo. Após o juramento, o novo associado, a exemplo do que havia ocorrido com os demais, foi condecorado com uma das comendas do Mestre. Todos ostentavam faixas, insígnias, distintivos. A mim, coube-me a comenda de São Gregório Magno, conferida pelo Vaticano. Só então, reis e vassalos puderam dançar de mãos dadas, em roda, e festejarem com vinho.

A entidade galística, acrescentando novos amigos, tem recebido diversas sugestões para simboliza-la, como o Galinho de Barcelos e o galo de barro de São Gonçalo do Amarante.

O Clube do Galo, há um quarto de século, canta louvores à amizade.

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