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O craque da poesia explosiva

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Alex Medeiros

Ninguém fez mais gols do que ele vestindo a gloriosa e sempre fashion camisa da Azurra e nenhum outro craque atingiu sua média de artilheiro pela seleção tetracampeã do mundo. Luigi Riva, que neste domingo completa 77 anos, marcou 35 gols jogando 42 vezes pela Itália. O menino nascido em Leggiuno, vizinhança de Milão, tinha um faro de gol extraordinário, logo demonstrado no singelo time do Legnano. Potencializaria o talento se fosse das grandes equipes milanesas.

Mas quiseram os deuses do futebol que Riva fosse reinar no modesto Cagliari, onde por 13 temporadas impôs sua marca e pôs em prática a máxima do imperador Julio Cesar de preferir “ser o primeiro numa aldeia do que o segundo em Roma”. Se bem que ao comandar as tropas do seu time para a conquista do primeiro e único “scudetto” de campeão nacional – em 1969-1970 – Riva já era, então, o melhor jogador do país e comparado a Pelé, Best e Eusébio.

Estreou no Cagliari na temporada 63-64 da segunda divisão, apresentando as armas com 8 gols que foram imprescindíveis para ascender o clube à elite da primeira divisão. Em 1965, vieram os assédios de Inter, Milan e Juventus.

As grandes equipes estavam maravilhadas com o garoto de 19 anos que subvertia a tradição do “catenaccio” (o histórico esquema defensivo italiano) e bombardeava as defesas com chute explosivo e infalível na perna esquerda.

Riva tinha a incrível capacidade de unir a força de um lateral esquerdo alemão com a habilidade de um atacante brasileiro. Os dribles de canhota surgiam na velocidade de um chicote e a conclusão dos chutes surpreendia os desatentos.

Foi Gianni Brera, o jornalista e escritor que até hoje influencia a crônica esportiva italiana – um cara com o talento literário e a valentia de um João Saldanha – quem o batizou como “Rombo di Tuono” (Estouro do Trovão).

A explosão dos chutes, a violência e precisão da cabeçada e a forma como escapava dos zagueiros foram a versão lúdica das explosões sociais e culturais de 1968, quando ele levou a seleção da Itália a conquistar a Europa.

O assédio dos clubes ricos continuava; a Juventus fez oferta de US$ de 520 mil, algo inusitado na época, e a Inter aloprou com US$ 2 milhões e ainda a proposta de construir um moderno hospital para a comunidade da Sardenha.

Mas Riva seguia com a filosofia de Pelé, mantendo o amor por seu pequeno Cagliari como o rei com o Santos FC. Entretanto, já era cultuado por todas as torcidas italianas, que gritavam seu apelido a cada gol, “Gigi, Gigi, Gigi”.

As contusões atrapalharam a carreira do craque, que ficou fora da Copa de 1966. Seria titular absoluto ao lado de Sandro Mazzola, fato que enfim ocorreu na Copa de 1970, quando Riva foi peça chave para a Azurra chegar à final.

Na estreia contra a Suécia, botou bola na trave nos primeiros minutos e converteu de cabeça um passe de Bonisegna. Contra os anfitriões mexicanos, lindas jogadas, dribles secos, chutes enviesados, um em diagonal e três gols.

Na partida que entrou para a História do futebol, contra a Alemanha, o “kaiser” Beckenbauer de braço luxado na tipoia; é Riva em novo “hat-trick” que leva a Itália para encarar o Brasil. Ele sai de campo exausto, um herói aos pedaços.

Riva jogava como um poeta da bola e entrou para enfrentar a “canarinho” distribuindo rosas para a torcida. Sua letal perna esquerda deu o primeiro susto no goleiro Félix, depois o segundo num chute que o brasileiro bateu roupa.

Mazzola mandou uma bola e Riva mergulhou como um “kamikase” cabeceando sobre o goleiro do Brasil, o jogo estava apenas no começo e terminaria como o mundo inteiro já sabe, glorificando uma geração de gênios dos trópicos.

A atuação de Riva na Copa 70 fez o cineasta Pier Paolo Pasolini a compor no ano seguinte um belo texto em que estabelece analogias entre futebol, literatura e cinema: “Riva joga um futebol de poesia: ele é um poeta realista”.

Quis o destino que naquela copa, o realismo mágico de Pelé, Tostão, Gérsone companhia desse ao poema de Riva estrofes de versos quebrados. Mas seu nome brilha na literatura da bola. Em Cagliari, mortal nenhum vestirá jamais a camisa número 11.

Conexão
A depender das previsões do ministro Fabio Faria, os brasileiros estarão navegando na eficiência do sistema 5G durante os três maiores eventos de 2022: eleições, Copa do Mundo e festas natalinas. Garantido a partir de junho.

Assembleia

Uma das minhas duas dezenas de fontes petistas disse que leu sorrindo a nota sobre a pressão dos deputados pelo repasse das emendas. Garante que a manifestação de Ezequiel não significa confronto: “é apenas um jogo de cena”.

Gratidão

A mim convém registrar a satisfação no recado do ex-governador Garibaldi Filho no Whastapp se dizendo meu longevo e assíduo leitor. E registro que dele jamais ouvi ou vi reação a qualquer opinião minha nesses anos todos.
Prejuízo Nem nasceu direito e o novo partido União Brasil já experimenta três grandes desfalques, pois contava com Rodrigo Pacheco, Geraldo Alckmin e Luiz Datena. O trio, no entanto, está afivelando malas no rumo do malandro PSD.

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E prosseguem os crimes contra a Cultura e a História do RN. A casa grande do Engenho Guaporé, em Ceará-Mirim, construída no século 19, só tem agora as paredes ainda em pé, depois de anos de saques nos seus assoalho e teto.

Os Eternos

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