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O design premiado do Mula Preta

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Yuno Silva – Repórter

Pare um instante e olhe ao redor. Atente nos objetos e equipamentos à sua volta, repare na roupa que está vestindo, no seu calçado, celular, guarda-chuva. Agora preste atenção onde e como está lendo esta notícia: se na versão impressa ou digital? Se está no carro ou no ônibus; tomando café ou almoçando. Independente de onde esteja, você está cercado pelo design – seja ele agradável ou não (aos olhos), funcional ou não. Desde xícaras e talheres a fachada de um edifício, um panfleto ou o visual de uma página eletrônica… tudo é design e foi pensado para desempenhar determinada função.
Felipe Bezerra e André Gurgel abriram estúdio para criação de objetos de arte funcional. O banco Centopeia é o primeiro que sairá do protótipo para o espaço real, através de empresa potiguar
O que diferencia um produto do outro, por mais que sirvam para a mesma coisa, é a aplicação de conceitos e soluções que agregam valor e fazem de uma cadeira uma obra de arte. É neste universo, do design enquanto arte funcional, que se insere o estúdio potiguar Mula Preta Design, único representante brasileiro premiado no evento A’Design Award & Competition, de Milão (Itália).

Em couro e espuma, a poltrona Basquete foi a grande vencedora em sua categoria no A’Design Award & Competition, de MilãoCriado em 2012 pelo arquiteto Felipe Bezerra e pelo designer André Gurgel, o Mula Preta teve os três projetos inscritos na categoria móveis reconhecidos pelos jurados: a poltrona “Basquete” (feita de couro e espuma) faturou o ouro, a poltrona “Nest” e o banco “Centopeia” (em madeira) levaram prata, e a cadeira “Reta” (de plástico injetado) ficou com o bronze.

Os projetos vencedores foram anunciados logo após o Carnaval e a entrega dos prêmios acontecerá no próximo dia 15 de abril. Vale registrar que em cada uma das 80 categorias do evento italiano, criado há três anos e já entre os principais do gênero no mundo, são distribuídos vários prêmios de 1º, 2º e 3º lugares. Os projetos ‘top’ são agraciados com o troféu platina e ainda há espaço para menções honrosas. Outro detalhe a ser ressaltado é a posição do Brasil no ranking elaborado pela A’Design Award, que saltou do décimo lugar para o sétimo com o desempenho da dupla potiguar.

“Como arquiteto sempre tive a satisfação e o interesse em mostrar o lado artístico do meu trabalho”, disse Felipe Bezerra. “Por isso vejo o estúdio Mula Preta como uma boa oportunidade de extravasar esse lado da arquitetura e do design”. Felipe lembra que o design brasileiro, de uns 10, 15 anos para cá, disparou no mercado internacional. “Não só a produção atual como a de outras épocas”, ressaltou.

Os próximos passos de Bezerra e André Gurgel é participar de festivais semelhantes, como o conceituado Red Dot Award que acontece em Singapura, na Ásia, e tentar viabilizar a fabricação dos móveis – que ainda permanecem apenas como projetos eletrônicos.

“Por enquanto o único que será produzido é o banco Centopeia, por uma empresa aqui do RN, a ser lançado durante um evento de design aqui em Natal no mês de maio. Vamos fazer uma edição limitada de 99 peças”, disse o arquiteto. A outra meta é tentar emplacar a poltrona “Basquete” nos Estados Unidos.

André, que participou de forma individual da edição 2011 do A’Design Award, ganhou prêmios pela poltrona ‘namoradeira’ “Fluens” e pelo abajur “Six Table”. “Cheguei a visitar uma fábrica de móveis em Gramado (RS) para ver a viabilidade de fabricar a Fluens”, informou o designer.

Prédio comercial semelhante a uma pilha de livros que será construído na Av. Hermes da FonsecaOusadia depende do mercado

Autor do projeto Hermes 880 (foto acima), um prédio comercial semelhante a uma pilha de livros que será construído na Av. Hermes da Fonseca, Tirol, o arquiteto Felipe Bezerra contou ser difícil erguer projetos arrojados em mercados considerados pequenos. “É preciso ter capital circulando para viabilizar edifícios conceituais. Aqui em Natal, apesar da expansão, estamos limitados ao perfil do mercado, as contas precisam bater no final de uma obra, mesmo assim sempre procuro incorporar algum diferencial nos projetos que faço da Ecocil”.

Para ele, que atua fortemente na área da construção civil, qualidade de vida também inclui viver rodeados de belos prédios. “Poucas empresas que atuam na capital potiguar se preocupam com o design dos edifícios, e “investem em prédios como mera ‘commodities’ (mercadoria)”, avalia Bezerra.

Antiga sede da Ecocil pode virar espaço cultural

Questionado sobre os rumos da urbanização natalense, o arquiteto chama atenção para o propalado legado da Copa do Mundo: “No final das contas trocamos seis por meia dúzia (o Machadão pelo Arena das Dunas), pois não acredito que a prometida infraestrutura e as obras de mobilidade irão sair até a Copa”, critica.

Quanto a também prometida (e tantas vezes anunciada) revitalização da Ribeira, Felipe Bezerra diz que só será possível com a “união de empresários e poder público”. Ele adiantou que a antiga sede da Ecocil, que funcionava na Av. Tavares de Lira, poderá ser transformada –  “em breve” – em um espaço cultural. “A Ribeira é o melhor lugara para abrir um restaurante, para investir em entretenimento, e pra dar vida ao bairro só uma urbanização definitiva, um programa de incentivos fiscais”. Bezerra reforça a importância de um museu sobre a Segunda Guerra Mundial e que o Museu da Rampa precisa ser pensado de forma integrada com o Canto do Mangue, Rua Chile e Praça Augusto Severo.

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