sexta-feira, 19 de abril, 2024
29.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

O dom de ser bom

- Publicidade -

Diogenes da Cunha Lima
Advogado, escritor e presidente da ANL

Dom Nivaldo Monte, cujo centenário de nascimento ocorre a 15 de março, levou a vida semeando virtudes, não apenas as teologais:  fé, esperança e caridade, mas também de fraternidade, acolhimento, tolerância, telurismo e, sobretudo, alegria.

No dia a dia, aplicava o que ensina o Evangelho de Lucas 8,11: “A semente é a palavra de Deus”, porque sabia ser a palavra instrumento de bondades seminais. Ademais, produzia frutos e amava flores.

Recebeu de Deus o dom de ser bom. Tinha como indissociável a fé e a ciência. Agia com humildade, simplicidade, clareza, fazendo jus ao seu nome, que quer dizer um vale claro como a neve. Era também, em tudo, elevado, porque, afinal de contas, possuía nobreza e a altura de um Monte. Tudo o que fez centrava-se na eternidade de Deus, porque fora Dele tudo é efêmero.

Desde menino, afirmava, o gosto por despertar a aurora. Sentia-se bem na velhice. Explicava que ela só tinha um defeito, a de ser curta demais. Para a falta de sua presença amiga, temos o consolo da leitura dos seus livros, que servem de guia, autoconstrução.

Dom Nivaldo surpreendia, ensinando que Deus não quis fazer o homem um ser completo, definitivo, mas o único de todos os seres criados que permanece inacabado, incompleto. O homem, tendo consciência e liberdade, crie a sua própria história.

Foi sempre um professor erudito e santo como o irmão, padre Monte, seu guru. A preocupação científica e a busca do compreender conduziram-no ao estudo de genética, botânica, antropologia, mística. Por isso, foi convidado e proferiu conferências em muitos Estados brasileiros e no exterior, como na Áustria e na Bélgica. Sistematicamente, ensinou do Seminário de São Pedro à UFRN, passando pela Escola Normal, Escola Doméstica e Instituto de Ciências Humanas. Lecionou sobre: Filosofia da Educação, Psicologia e História.

Depois que publiquei a sua biografia – “O Semeador de Alegria” – pessoas informaram-me ter recebido graças divinas por intermédio de Dom Nivaldo. Uma mulher de Emaús disse que teve aconselhamento médico de abortar, porque havia grande possibilidade de o filho nascer defeituoso. Recusou o conselho. Rezou e obteve a graça: o menino nasceu forte e saudável.

Madre Graça, do mosteiro de Emaús, contou-me que ela e mais cinco irmãs foram à noite orar próximo ao túmulo de Dom Nivaldo. Enquanto rezavam o rosário, criou-se um clima de comunhão alegre, de paz, feliz mesmo. Havia o sentido, o sentimento geral da presença de Dom Nivaldo. Ninguém queria sair de lá. De repente, eram dez e meia da noite, surgiu no céu uma bola de luz azul, amarela e verde que iluminou intensamente o cemitério. A bola rasgou o céu, deixando um rastro de luz.

Na Academia Norte-rio-grandense de Letras, ele sucedeu ao Maestro Waldemar de Almeida na Cadeira nº 18 e exerceu a função de vice-presidente e presidiu a Instituição. No seu discurso de posse, recomendou o acolhimento da ciência e de pesquisadores para a valorização da entidade.

O cantador Antônio Sobrinho dedicou-lhe um cordel, enaltecendo a sua vida, no qual afirma que ele tinha o dom de ser bom e que deixou saudade às flores.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas