quinta-feira, 28 de março, 2024
31.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

O eterno problema da malha aérea

- Publicidade -

GARGALHO - Flávio Azevedo, presidente da Fiern: aeroportos cheios

Temas como a queda no número de vôos charter da Europa para Natal e soluções para se reconquistar tradicionais pólos emissores internacionais estão estre os temas a serem debatidos no seminário “Motores do Desenvolvimento do RN – Turismo”, marcado para o próximo dia 24, no auditório do Hotel-Escola Barreira Roxa.

 A promoção do evento é da TRIBUNA DO NORTE, RGarcia Consultoria & Investimentos, Sistema Fecomércio e  Sistema Fiern, com  patrocínio da Caixa , Governo do Estado, Prefeitura de Natal, Assembléia Legislativa e UnP.

Para o presidente da Fiern, Flávio Azevedo, a crise financeira internacional fará com que o turismo interno exerça uma função compensatória, ajudando a equilibrar as coisas enquanto tradicionais pólos emissores internacionais se recompõem de um período recessivo.

 Flávio Azevedo, cujas atividades profissionais o obrigam a cumprir extensos roteiros de viagem dentro e fora do País, diz que – independentemente da crise internacional – os vôos continuam lotados.

“É claro que sentiremos os reflexos de problemas conjunturais, especialmente porque profissionais liberais e pequenos empresários europeus foram atingidos pelos efeitos da crise”, diz Azevedo. Mas, acrescenta: “Caberá ao RN e ao Nordeste vender inteligentemente suas potencialidades, tratando o turismo como ele realmente é – um produto de exportação, responsável por um grande peso na economia”.

Os números

Em 2006, no auge do movimento de turistas do exterior, cruzaram o saguão do aeroporto de Parnamirim, embarcando e desembarcando, 239.214 pessoas de várias nacionalidades, inclusive brasileiros vindos do exterior. No ano passado, esse volume despencou para 219.275 pessoas.

Este ano, de janeiro a setembro, a Infraero contabilizou apenas 129.923 passageiros entrando e saindo do RN de vôos internacionais.

Em relação aos nove primeiros meses de 2007 sobre o mesmo período de 2006, a queda de janeiro a setembro foi de 23.24%. Já na comparação entre 2007 a 2008, a queda ampliou-se para 25.21%.

Contra-ponto

Contabilizando todo o fluxo de passageiros internacionais e domésticos, o volume de entradas e saídas via aeroporto de Natal indica crescimento. E o responsável é o aumento de potiguares que passaram a voar mais com a queda do dólar em relação ao real.

Agora, com as mudanças no câmbio, indicando um dólar mais forte, essa relação deve se inverter já a partir da alta temporada com a presença maior de turistas de outras regiões do Brasil.

Juntando o nacional com o internacional, o Augusto Severo registrou em 2006 uma movimentação total de 1.4 milhão de passageiros. Em 2007, esse número pulou para 1.6 milhão de pessoas. Os números foram ligeiramente arredondados para cima. 

Em 2008 (janeiro/setembro) o volume de passageiros que entrou e saiu do Estado pelo modal aéreo já contabilizava acima de 1,2 milhão (a parcial dos primeiros nove meses de 2007 foi  de pouco mais de 1,1 milhão).

No ano passado, três companhias deixaram de operar no Augusto Severo: a Varig, a Ocean Air e a BRA, as duas últimas depois de uma tentativa frustrada de acordo operacional.  Permaneceram em operação a Tam, Gol, Tap e Trip e entrou a Webjet com dois vôos diários para o Rio, BH, Natal e Fortaleza.

Informações da Infraero indicam que, apesar da reformulação da malha com a supressão de vôos para o RN, feita com a entrada do horário de verão, novos vôos voltarão com a chegada da alta temporada. A taxa de ocupação dos vôos, mesmo em aparelhos com capacidade para 220 passageiros, como é o caso do A 321 da TAM, manteve este ano médias de 70 a 80% de ocupação.

Especialista diz que faltou investimento no destino

Sandro Pacheco, diretor da ABIH e membro atuante do Pólo da Via Costeira, desde o início do ano se dedica a analisar  dados da Infraero, preocupado com a queda acentuada de turistas internacionais em Natal.

Fazendo comparativo com as demais capitais do Nordeste, ele chama a atenção para o crescimento em Recife, cujo governo anunciou investimentos de 100 milhões em promoção do destino Pernambuco em quatro anos. Isso vem a ser duas vezes e meia o investimento prometido pelo Governo do Estado para um ano, o de 2009.

 “Sempre ganhamos de Recife em número de desembarques no internacional”, lembra Pacheco. “Foi assim em 2005, 2006 e 2007, mas o jogo virou em 2008, com Recife cravando perto de 40 mil passageiros de vôos internacionais a mais do que Natal entre os meses de janeiro a setembro”, acrescenta.

Natal apresentou uma queda de 23% e Recife um aumento de quase 26%.

No nacional, Recife apresentou um ganho semelhante à Natal – com uma diferença de dois pontos percentuais para cima. Aqui com 12% de aumento e lá com quase 15% a mais.

“Enquanto Natal fica marcando passo em torno de 1,1 milhão de passageiros  no nacional, Recife já chega em 3,3 milhões”, diz Pacheco.

Ele sustenta que isso é resultado do aumento per capita de renda do brasileiro. “Além disso, Recife é uma cidade com bem mais habitantes e um aeroporto que passou da condição de pequeno para grande porte.

A fase áurea do RN no internacional foi em 2005 e 2006, quando o aeroporto Augusto Severo alcançou o  aeroporto de Fortaleza – eles com 200 mil e nós com 190 mil passageiros desembarcados do exterior em número acumulados de janeiro a setembro.

Em 2007, Natal passou de 187.500 passageiros desembarcados do exterior para 168.800. E, em 2008, a grande queda: apenas 129.923  entre janeiro e setembro.

O bom negócio dos vôos de  curta distância

O filão dos vôos em curtas distâncias, a exemplo do que já acontece na Europa e EUA, deverá ampliar e muito as opções pelo interior do Brasil e no Nordeste.

Filões como Campina Grande, na Paraíba e Mossoró, no RN, fazem parte do arcabouço de rotas que interessa a empresários como o fundador e Chairman da JetBlue, David Neeleman. Em março deste ano ele anunciou o lançamento de sua quarta empresa aérea, dedicada a linhas domésticas no País.

Com sede em São Paulo e um investimento inicial de 150 milhões de dólares, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras iniciará operações já no começo do ano que vem. Até 2013, deverá servir as principais cidades brasileiras, com uma frota de até 76 jatos da Embraer.

Os jatos da Azul serão configurados com 118 assentos – quatro assentos por fileira -, posicionados dois-a-dois – sem a poltrona do meio. As aeronaves contarão com mais espaço entre as fileiras, um diferencial em relação às outras empresas do segmento. Todos os assentos serão revestidos em couro ecológico e os passageiros poderão assistir TV por sistema via satélite.

As razões de David Neeleman transcendem ao ambiente de crise financeira internacional. O Brasil é a segunda maior economia nas Américas – e décima maior economia no mundo –, mas apenas 5% dos seus habitantes voam com regularidade. Portanto, há uma grande demanda reprimida no mercado.

Outra motivação é o fato das passagens aéreas no Brasil custarem, em média, 50% a mais do que nos Estados Unidos em distâncias equivalentes.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas