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O futuro de bicicleta

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Yuno Silva
repórter
Colaborou: Cinthia Lopes
editora

Incentivar a leitura e melhorar a média anual per capita de livros lidos no Brasil estão entre os principais desafios encampados pela Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC (DLLLB). Como não existem receitas prontas nem fórmulas fechadas, ações vêm sendo testadas há mais de uma década no intuito de reverter o quadro atual de quatro livros lidos por ano por pessoa no país (sendo que apenas dois são concluídos). E para tentar alcançar resultados positivos, o Ministério da Cultura investe em editais públicos voltados para reestruturar bibliotecas, realizar feiras e festivais, incentivar produção literária e reconhecer iniciativas da sociedade civil que visam o fomento à leitura.
Convênio do MinC com o Governo do Estado encerra em maio, e destino do acervo (400 bicicletas e livros) ainda é incerto
#saibamais#Outra frente que faz parte desse contexto é o programa Agentes de Leitura, que no Rio Grande do Norte conta com 400 pessoas habilitadas – uma ‘tropa’ que circula em bicicletas por cidades do interior com livros na garupa.

Os editais estão em curso, juntos somam R$ 6,6 milhões em investimentos, e as inscrições seguem até o próximo dia 2 de maio no site www.cultura.gov.br. Já o Agentes de Leitura atravessa fase crítica: no RN os repasses aos bolsistas (R$ 350 mensais) estão atrasados desde o mês de dezembro e a notícia que chega de Brasília é que o programa sofrerá uma parada nacional estratégica para reavaliação dos resultados.

O convênio entre DLLLB/MinC e FJA/Governo do RN, da ordem de R$ 3,2 milhões, sendo 30% de contrapartida local, encerra em maio. “Faremos um diagnóstico in loco sobre os impactos do programa, tanto em relação a formação desses jovens agentes de leitura como a eficácia do serviço prestado junto às famílias cadastradas”, disse Fabiano dos Santos, diretor geral do setor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC, em entrevista exclusiva ao VIVER.

Ele disse que o diagnóstico visa a requalificação do programa: “Com essas informações teremos como traçar novas estratégias e pensar novas formas do programa voltar ampliado”. Ou seja, o convênio não terá sua renovação automática, mas Fabiano dos Santos deixa claro que a meta é retomar os trabalhos em 2015.

“É importante que a Fundação José Augusto mantenha a rede de agentes de cultura ativa, o acervo e as bicicletas, pois o programa tem orçamento federal garantido para o próximo ano”, garante. Ele contou que o Agentes de Leitura ainda não é uma política de Estado, apesar do caminho natural é passar a integrar a lei do Plano Nacional de Livro e Leitura. “Como forma de proteger o programa, independente do resultado das eleições, vamos deixar recursos reservados no orçamento para o próximo ano”.

A origem do Agentes de Leitura remonta ao ano de 2005, quando o governo do Ceará elaborou e executou o embrião do programa. “Eu estava na coordenação do programa na época”, disse o cearense/potiguar Fabiano dos Santos, irmão gêmeo do Padre Fábio dos Santos. A partir de 2007 o programa passou a ter dimensão nacional.

Pendência nos repasses
Márcio Rodrigues Farias, coordenador do programa Agentes de Leitura no RN, lembra que a FJA ainda tentou estender o convênio com o MinC por mais um ano. O programa chegou no RN em 2009, ficou parado até 2011, e só começou a funcionar em maio do ano passado. “Quando o convênio voltou a andar, abrimos licitação para compra das bicicletas, do acervo (100 livros para cada agente) e dos uniformes”, recorda. Márcio Farias reconhece o atraso no repasse aos bolsistas, e que até maio o Governo do RN deverá regularizar todas as pendências.

“Na virada do ano temos sempre que lidar com as questões burocráticas do orçamento, mas a secretária (Extraordinária de Cultura) Isaura Rosado já esteve com a governadora Rosalba Ciarlini tratando do assunto para providenciar a liberação da verba”. Ele frisou que o MinC ainda não enviou a última parcela do convênio, de R$ 400 mil, e disse que a prestação de contas deve ser entregue até dezembro.

Farias ainda destacou que os melhores resultados do programa foram contabilizados aqui no RN e no CE, onde tudo começou. “Alguns estados chegaram a devolver a verba”, revelou Márcio”, “daí a necessidade da reavaliação”.

No RN, dos 550 Agentes de Leitura selecionados 400 foram habilitados. Cada um circula com até 100 livros por comunidades rurais de cidades do interior e recebem R$ 350 por mês para ir até a casa das pessoas ler para elas e/ou emprestar livros, e visitar asilos, creches, bibliotecas e hospitais. Caso o programa não seja continuado, Márcio Farias adiantou que o acervo poderá ser doado a escolas e bibliotecas. “Não pensamos em um destino para as bicicletas, nem temos espaço para guardar as 550 que foram compradas”.

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