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“O grande encanto está no Nordeste”

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Por Anna Ruth Dantas

Fundador e diretor da CVC, a maior operadora de turismo do país, o empresário Guilherme Paullus não se contenta em ver a sua empresa sendo a maior da América Latina. Ele planeja mais. E para isso está instalando a CVC na Europa. O plano? “Queremos agora que a CVC seja a maior operadora do mundo”, comenta.

Para quem viu o crescimento da CVC, o sonho do diretor parece ser mesmo possível. A empresa se consolidou no mercado, mesmo em um período de turbulências no turismo. Guilherme Paullus não esconde o segredo: “é não colocar todos os ovos no mesmo cesto porque se não quando cair quebra todos”.

A lição é seguida à risca pela empresa. “É preciso saber o momento do nacional (pacote), do internacional, da reserva de hotel”, diz Guilherme Paullus. E nesse “tempo” exato dos negócios, o presidente da CVC admite que na prestação de serviço da operação com o turismo não basta apenas um bom contato com o cliente, mas também com o fornecedor.
Com a simplicidade de um operário e a sabedoria de um grande empresário, Guilherme Paullus concedeu a seguinte entrevista a TRIBUNA DO NORTE.

Com os problemas dos controladores de vôos e das companhias aéreas, poderíamos dizer que o turismo agoniza?
Não. Acho que é uma situação passageira. É um problema que estamos enfrentando; algo que  o mundo moderno acaba passando por isso. Houve uma venda muito grande do fluxo de passagens aéreas, tivemos o problema muito grande com a parada da Varig, ficamos voando praticamente com duas grandes empresas. Hoje temos a TAM, Gol e Ocean Air, que é opção boa, mas é recente demais e ainda não cumpre as rotas internacionais da Varig. Isso juntou com o problema dos controladores, que não é culpa das companhias aéreas. Enfim, houve todos esses problemas e agora estamos, realmente, sendo vítimas do processo. A ANAC está resolvendo.

O senhor apostaria numa retomada do turismo a curto prazo?
O turismo tem um poder de recuperação muito grande. Os problemas ocorreram no natal, mas no reveillon já houve uma retomada. Estamos com sistemas novos, mais controladores. Antes do acidente (da empresa Gol) tínhamos 30 e poucos controladores, agora temos 40. Está aumentando o quadro. Com esse aumento de demanda, com as companhias aérea, teremos mais equipamentos também, mais 80 aviões no mínimo para as frotas.

Nesse quadro atual, o consumidor não está “refém” por só ter duas companhias aéreas?
Hoje temos a TAM, Gol e Ocean Air. Acredito que com o aumento da oferta (de aeronaves) teremos uma acomodação. Vamos agregar mais 80 aviões na frota das empresas e isso vai ser resolvido ao longo desse tempo. Quanto mais companhia melhor, por enquanto temos as três companhias e mais a Varig que está retomando também e virá com mais 35 aviões.

Mas o senhor acredita mesmo na retomada da Varig?
Sim, com certeza. Acredito na retomada tanto das rotas nacionais quanto nas rotas internacionais.  O mercado será mais competitivo e voltará a tranqüilidade.

Pela experiência que o senhor tem no turismo, 2007 será mais aliviado?
Digo que vivemos (em 2006) as sete pragas do Egito. No início do ano tivemos problemas; depois veio a Copa do Mundo, que atraiu a atenção e vendeu muita TV de plasma; veio a crise da Varig; tivemos Eleições; os problemas dos controladores; tivemos o problema da TAM. Acho que 2007 começa sem problema e o país volta à normalidade.

Se tivesse que apostar, qual seria o novo destino turístico no Brasil?
Continua sendo o Nordeste. As principais capitais continuam crescendo. Só na Bahia temos várias destinações turísticas, como Porto Seguro, Costa do Sauípe, Morro de São Paulo, Lençóis, Ilhéus, Itacaré, o próprio Salvador. Esse é um destino turístico e consolidado. Tem o Ceará que está dominando. E depois vamos com o Rio Grande do Norte, depois Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Sul. O Nordeste continua crescendo. O próprio Rio Grande do Norte tem oferta de leito de primeiro nível, qualidade boa, com crescimento para o Litoral Norte. E novos projetos de hotéis estão surgindo.

O senhor disse que a Bahia tem novos destinos, mas o Estado potiguar aparece apenas com Natal?
Mas tem o Litoral Norte para se desenvolver, tem Mossoró, tem Pipa. Acredito que esse desenvolvimento vai acontecer e a própria rede de hotéis se consolidará.

A CVC monopoliza o mercado de operadora?
Ao longo de todos esses anos a CVC foi criada com muita consistência. Temos 34 anos de mercado e alcançamos em 2006 dez milhões de passageiros ao longo dos anos. Você não pode dizer que é monopólio, é como dizer que a Nestlé tem monopólio ou que a Kibon tem monopólio em sorvete. Acho que quando você realiza um trabalho sério, de consistência boa, isso acontece. Na prestação de serviço é muito difícil fazer a cada dia melhor o serviço. E é preciso olhar o cliente e o fornecedor.

E qual foi o segredo da CVC se manter “viva” no mercado, quando grandes empresas como a Soletur e Stella Barros fecharam?
O segredo foi não colocar todos os ovos na cesta porque acaba quebrando todos. Isso é a mesma coisa da prestação de serviço. Se a empresa não prestar atenção e manter bem o cliente e o fornecedor, você acaba perdendo. É uma via de duas mãos. Quando você faz isso você alcança. Tem que separar bem os ovos, não deixar todos na mesma cesta. É preciso saber o momento do (pacote) nacional, do internacional, saber o momento da reserva de hotel, da viagem rodoviária. Com toda a crise que tivemos na parte aérea colocamos cinco navios na costa brasileira. Nós tínhamos toda a gama de mercado de turismo. Temos serviço, não vendemos só um produto. A Stella Barros vendia só internacional, era produto de Disney. Soletur era turismo internacional e quando quis voltar para o nacional era tarde porque a CVC já tinha esse mercado. A gente estuda muito o mercado, fica muito atento, procura usar a essência o máximo possível.

O turismo marítimo seria o grande filão da CVC no momento?
A gente sempre tem que estar atento ao mercado. Há cinco anos trouxemos o Blue Dream, que revolucionou a costa brasileira. Agora nós vamos ficar com cinco navios. Esse é o número ideal. A CVC se preocupa com o atendimento do passageiro.

Qual o grande concorrente da CVC?
Todo mercado é concorrente: as companhias aéreas, os hotéis. Nós organizamos viagens, todos concorrem. É um nicho de mercado. Celular é concorrente (da CVC), a televisão de plasma é concorrente, que custa o preço do pacote. O celular o  preço de uma viagem para Porto Seguro. A indústria eletrônica, a pintura da casa, o apartamento, o IPVA, IPTU são concorrentes nossos.

Esse caminho do pacote do turismo passa pelo fornecedor, operador, agência e só depois chegar ao consumidor não é longo demais?
Não. Veja que a operadora procura produtos e vende ociosidade de hotéis. O grande segredo está na arte de comprar a preços competitivos e repassar ao consumidor. O nosso pacote é barato porque nós usamos o avião na hora que está parado e faz preço competitivo. O fretamento é a marca da CVC.

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