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O Hillman de Silvino Sinedino e outros…

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Aurino Araújo

O jornalista e publicitário Silvino Sinedino de Oliveira, fundador da rádio 96 FM, ex-diretor do complexo Rádio Poti/Diário de Natal e também fundador da agência de publicidade Dumbo, hoje retirado de todas essas atividades é uma das mais conhecidas e queridas figuras desta Cidade dos Reis Magos.

Nos idos da década de cinquenta – quando ainda era telegrafista da Western Union, empresa americana instalada na avenida Duque de Caxias – Sinedino tinha uma sociedade, com mais alguns amigos, num dos automóveis inglêses da marca “Hillman”, que eram vendidos aqui pela firma Paula Irmãos & Cia.

Durante o dia, aos cuidados de um motorista de confiança, o carrinho, que ostentava placas vermelhas, de aluguel, militava na praça de carros que existia na rua Princesa Isabel, na Cidade Alta, conhecida como “Praça Hillman” exatamente porque a maioria dos carros de lá eram daquela marca.

Mas, à noite e geralmente após as 22 horas, o bicho descia a Junqueira Aires, passando a ficar exclusivamente à disposição de seus “acionistas” para o que desse e viesse, o que significava um giro pelos bares e cabarés da Velha Ribeira, muitas vezes até alta madrugada, não raro ao raiar do sol.

Evidentemente, a totalidade dos membros daquela “sociedade” – não sei se eram três ou quatro – não o utilizavam todos os dias porque, como é fácil imaginar, não haveria disponibilidade física e financeira para tal.

Por isso, era praxe entre os sócios, um revezamento no usufruto do carrinho… É preciso que se diga que naquela época, possuir um automóvel era um luxo a que poucos alcançavam aqui nesta cidade, a qual o irreverente radialista e “cartola” João Machado – totalmente desprovido do sentido negativo que o epíteto carrega, diga-se a bem da verdade – definiu como “uma fazenda iluminada”…

Ao contrário do que se vê nos dias atuais, com a popularização do automóvel – e como prova dessa afirmação, basta um giro pela cidade para ver a desproporção entre a moradia e o carro que “pernoita” na respectiva garagem, quando não fica mesmo na calçada, porque a casa não dispõe daquele abrigo – possuir um carro era sinônimo inquestionável de riqueza, mesmo que das médias e menores…

É tanto que, para alguns mortais comuns – como no caso de Sinedino – só formando “sociedade” com mais dois ou três amigos, se poderia ter um.

E, mesmo assim o velho “Hillman”, para se sustentar por completo ainda tinha que servir de “carro de praça” durante o dia.

Era natural, portanto, que se desgastasse um pouco mais.

Daí que, quando apresentou problemas no câmbio, Sinedino mandou consertá-lo numa das oficinas da Ribeira.

O mecânico era dos bons no ofício, mas, como tantos outros no seu “terreiro”, era fraco no linguajar camoniônico.

Tanto é que, acima da quantia de poucos cruzeiros cobrados pelo trabalho e complementando a relação de peças utilizadas, veio a seguinte descrição do serviço executado no “Hillman”

“Tiragem e botagem da caixa de marcha”.

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