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O jogo jogado

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Vicente Serejo
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reis magos

Foi bom que prevalecesse a decisão da Justiça, fórum da sociedade democrática, e que sob os olhos de Themis, a sua deusa, fosse feita a demolição das ruínas do Hotel Reis Magos. Só assim, livre da ira que nesta cidade quase sempre vem turbinada pelo braço de força de algum interesse, é possível ressuscitar a pequena história de como tem sido fácil destruir os traços da fisionomia urbana da cidade em nome de um desenvolvimento que nunca chegou.

Foi extremamente competente o grupo empresarial detentor da área na qual o governo Aluizio Alves edificou e inaugurou o Hotel Reis Magos. Era preciso apagar os sentimentos históricos que lhe envolviam e, sobretudo, substituir o fracasso dos argumentos de eficiência quando da privatização e friamente levá-lo às ruínas diante dos olhos de governos e governos, instituições privadas e culturais, até tornar a demolição inevitável pelo nível de degradação.
 Temos sido assim nas tibiezas e omissões memoráveis.  Nem diria, por espantoso que viesse a ser, que somos vítimas dos barões famintos, aqueles de Chico Buarque de Holanda. Fico nos condes e viscondes desta nossa realeza bocó, andrajosa e provinciana, no jogo dos que sabem manipular os cordões desse teatro de marionetes. Natal só teve, até hoje, no olho e na sensibilidade de Luiz Maria Alves, um amazonense, seu maior e mais destemido defensor.

O Estado, como ente, é estranho no Rio Grande do Norte. Sempre pertenceu a alguns poucos contra o destino de muitos. Não vem só do Hotel Reis Magos a tinta que nos pinta os traços caricatos. Foi assim com o castelinho de torre, na Rio Branco com a João Pessoa, com a vivenda da Praça Pedro Velho, ali onde tem um hotel; a Rampa, mordida na metade do seu sítio histórico, pelo III Distrito Naval, e alguns dos belos casarões da Ribeira hoje em ruínas. 

Não temos consciência histórica. Não tombamos na hora certa, embora a preocupação tenha sido inaugurada por Aluizio Alves ainda nos anos sessenta. E não tombamos em nome da pobreza porque tombamento só funciona se o proprietário for indenizado com o justo. Não foi difícil perceber que o aliado seria a paciência. O tempo levaria às ruínas e à degradação tornando inviável qualquer idéia. Assim foi feito, várias vezes, em nome da modernidade. 

Nessas horas, as instituições ditas culturais – que são omissas e nunca tomam posição – acordam iradas e, nas suas falsas iras, decidem, aconselham, fazem esteira e se alevantam como nos versos tonitruantes dos parnasianos, seguindo uma manipulação que vai a todas as esferas públicas e privadas. Ora, ora, o Diabo não é mais inteligente do que ninguém. O Diabo é velho. Conhece bem esse inferno e em cada cão reconhece os caninos e as suas marcas…

ALTA – Cresce a cotação – já era forte – do secretário de tributação, auditor Carlos Eduardo Xavier, Kadu. Tem a competência técnica sem ser arrogante. Sem cair na tecnocracia estéril.

ALIÁS – Na gestão da então prefeita Wilma de Faria foi feita uma sinalização dos principais pontos históricos. Nunca tivemos a sinalização mais completa para o roteiro turístico-cultural.

NOVO – Um leitor de Currais Novos discorda que a aliança PT-PSDB venha a ser imbatível na sucessão. Alega que a união das forças pode fazer surgir um fato novo nas urnas deste ano.

MAS – Esta coluna não costuma duvidar das reações coletivas e demonstrou-se nas urnas de 2018. Mas, em Currais Novos, a aliança reúne Prefeitura, Governo e a Assembléia. É pouco?

VINTE – Este 2020 marca vinte anos da fundação do Instituto Ludovicus que abriga, mantém e promove a permanência e renovação da obra de Câmara Cascudo, o maior escritor do RN.

ALIÁS – O Ludovicus é o mais importante acervo intelectual do Estado com a singularidade de ter sido uma iniciativa da família que vendeu patrimônio para fazê-lo e mantê-lo até hoje.

GÁLIA – O Livro e o DVD com depoimentos sobre a história da Bandagália e os seus frevos deverão ser lançados em fevereiro. A informação é de Napoleão Veras, um gaulês histórico.

ANIMAL – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, enigmático, vendo do alto da ponte Newton Navarro: “Existe um novo animal na floresta política e detém um novo poder”.

LIVROS – A indústria editorial caminha para edições especiais, como no passado, através das confrarias. Em 2019, algumas edições especiais marcaram o mercado, como ‘1984’, de George Orwell; ‘Arquipélago Gulag’, de Soljenítsyn, e ‘Macunaíma’, de Mário de Andrade.

CAROS – Mas, ao mesmo tempo, as brochuras vão mudando de patamar. Ultrapassam o valor médio entre R$ 50 e R$ 60 reais, e alcançam agora a faixa entre R$ 70 e R$ 80 reais. Caros para um país de poucos leitores, só com 17,7% de municípios com livrarias, segundo o IBGE.

RETRATO – A pesquisa constata o que sempre se soube: a leitura é muito mais questão de hábito do que de poder aquisitivo. As famílias com renda mensal entre R$ 5,2 a R$ 9,5 mil gastam mais com livros do que entre R$ 9,5 e R$ 23,8 mil mensais. O que explica este Brasil.

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