O livro de Jahyr

O prefácio é de Armando Negreiros, apresentação de Daladier Pessoa Cunha de Lima e orelhas assinadas por Berilo de Castro, os três médicos como o autor também é: dr. Jahyr Navarro da Costa (Doutor duas vezes: Dentista e Médico, também professor de Medicina da UFRN). Médicos e escritores, quarteto muito bem afinado.  Jahyr Navarro já chegou aos 94 anos com o mesmo vigor que lembra os tempos que atravessava a nado o Potengi, de Natal à Redinha. Também craque no voleibol, nos tempos da Pracinha Pedro Velho. Mais: boêmio seresteiro, com cadeira cativa pelos bares da cidade. 

Suas crônicas retratam um delicioso passeio por Natal de várias décadas. Dos anos 40 pra cá. Uma Natal mostrada já na quarta-capa do livro, onde se vê o bonde lotado, vindo do Alecrim, passando pela avenida Rio Branco defronte ao Cinema Rex, ao lado a sede da Cruz Vermelha Brasileira. Bela edição do Sebo Vermelho, destaque especial para Heverton R. autor do projeto gráfico e capa. 

Fui na gaveta dos papéis desarrumados buscar uma carta me enviada por Sanderson Negreiros (1939/2017) na qual ele fala sobre uma crônica de Jahyr Navarro. A carta não está datada, mas foi escrita aí pelos meados de 2008, quando o médico-escritor acabava de completar 80 anos bem vividos. Passo a palavra para Sanderson:

“Woden:

Estou lhe enviando a crônica de Jahir Navarro, publicada no “Jornal de Hoje”, ao agradecer as homenagens dos amigos aos seus gloriosos 80 anos de idade. Chegar-se a esta idade com tanta lucidez e capacidade de escrever tão bem, faz com que se diga como os antigos faziam: “Senhor, valeu a pena”.

Foi o texto mais belo produzido e publicado no RGN nos últimos anos. Li, reli e guardei. A crônica de Jahir é perfeita, conceitual na significação e sabedoria filosóficas, no transbordamento poético deste verdadeiro verso: “No tempo certo, Ana Tereza foi o tempo mais certo”.

Tudo isso sem querer ser dono da verdade – que é o que mais se vê, se ouve e lê nesta província submersa – Jahir merece uma legião de honra por tudo que se auto-revela, e ele consegue transmitir, neste texto inesquecível.  Vamos, agora, esperar pelos 80 anos de Jurandir Jurinha Navarro, seu irmão, e de Ticiano Duarte, o maior grão-mestre irmão desses tristes trópicos.

Abraços a todos os brasileiros, como dizia o Cel. João Medeiros. 

Do Sanderson”.

A Academia Norte-Rio-Grandense de Letras realiza no dia 22, sexta-feira, às 19 horas, a sessão de posse do seu novo imortal, o desembargador federal Edilson Pereira Nobre Júnior. Ocupará a cadeira 36 sucedendo ao ministro José Augusto Delgado.

A saudação ao novo imortal será feita pelo acadêmico e também jurista Ivan Maciel de Andrade.

Boa notícia que vem do Rio de Janeiro: o jornalista, escritor e   biógrafo Ruy Castro aparece com candidato favorito à Academia Brasileira de Letras, na vaga de Sérgio Paulo Rouanet, que ocupava a cadeira 13.

Autor de mais de vinte livros e detentor de vários prêmios literários, Ruy Castro está no time dos maiores cronistas e biógrafos brasileiros. Entre os seus grandes livros destaque para “O Anjo Pornográfico – A vida de Nelson Rodrigues”, “Estrela Solitária” (Um brasileiro chamado Garrincha) e “Chega de Saudade” (A história e as histórias da Bossa Nova). 

Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:

– Três telas feitas pelo escritor Ariano Suassuna (1927-2014) que nunca haviam sido expostas fora de Recife vão integrar uma mostra no CCBBG (Centro Cultural Banco do Brasil) de São Paulo. A exposição “Movimento Armorial 50 anos” vai se debruçar sobre o movimento artístico liderado por Ariano e será inaugurada no dia 20 de julho.

– As obras que viajaram para a capital paulista foram produzidas para inaugurar, na década de 1980, um dos primeiros hotéis cinco estrelas do Recife, o Internacional Palace Hotel. ” 

E por falar em Ariano Suassuna, sexta-feira que vem, 22, começa o “Dia D da Fazenda Carnaúba”, em Taperoá – PB, das mais importantes exposições agropecuárias do Nordeste, invenção de Manoel Dantas Vilar Filho (1937-2020), o grande e saudoso Manelito, primo de Ariano, os dois parceiros na criação de cabras e ovelhas nativas do Nordeste.

Palestras, painéis, leilões, os deliciosos queijos Grupiara de leite de cabra, exposição de artesanato, venda de livros, cordel, cantorias, repentistas, forró, bons papos em vários sotaques e acompanhados de um uisquinho ou uma cachacinha, a noite taperoense ao redor dos 17 graus.  Eita sertão bão e  bonito!

O baiano Itamar Vieira Júnior foi o escritor brasileiro com livro mais vendido na Bienal do Livro de São Paulo, encerrado domingo passado. Na ponta está o seu romance “Torto Arado”.

A Bienal teve 660 mil visitantes durante 9 dias e um aumento de 300% em suas vendas.

“Senhor, cotidianizaram a vida,/com escassez geral da alegria./Senhor, mercantilizaram a vida,/com integral renúncia da poesia.// As ruas estão repletas, Senhor,/repletas de Manelões,/seres cotidianos,/criaturas pluralizadas,/com total embrutecimento,/absoluta carência de verve.// Os cafés estão completos, Senhor,/completos de Manelões,/seres habituais,/criaturas comercializadas,/com grande dano para a discussão,/sensível falta de assunto.// As praças estão cheias, Senhor,/cheias de Manelões,/seres melancólicos, criaturas cotidianizadas, com notório prejuízo para o discurso,/rigorosa proibição do aparte.// Senhor amanuelaram o mundo,/compadecei-vos Senhor, do vate,/de João, Pedro e Paulo, Senhor.” (De José Bezerra Gomes, no poema “Com a melancolia na minha vida”).