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O livro seduz

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Diogenes da Cunha Lima
Advogado, escritor e presidente da ANL

Os livros são fonte de iluminação. Se Deus quiser, em um dia, que espero muito distante, irei para o céu. Lá chegando, a primeira pergunta que farei será: Aqui tem livraria? Onde é a biblioteca? Certamente a Biblioteca do Infinito é a única a superar a do Congresso dos Estados Unidos (150 milhões de títulos).

São os livros os melhores parceiros da raça humana. Neles estão todas as suas memórias. Indexados, eles estão adormecidos nas estantes, como se mortos estivessem. Mas estão prontos para reviver. A cada leitura, ganham nova vida e novo sentido. A sua função é de promover o entendimento, despertar pensamentos, emoções, sentimentos, reflexão, criar a dúvida útil. Além de animar vocações e habilitar para o trabalho.

A palavra livro vem do latim liber libri, que indica liberar parte da planta para fazer o papiro, forma antiga de livro. O passado nunca está morto, ele nem mesmo passa, intuiu William Faulkner (1897 – 1962). Tudo o que passa permanece, já escrevi.

Os livros também conduzem povos. O maior dos best-sellers da humanidade é a Bíblia, a Torá é a lei do povo judaico. O Corão comanda os muçulmanos. Os Vedas, livros sagrados, guiam os indianos. A obra de Karl Marx fez nascer o comunismo. Desgraçadamente, o Mein Kampf de Hitler infelicitou a humanidade. O livro também pode provocar os poderosos. A maior e mais célebre Biblioteca da Antiga Idade, século III a.C, foi a de Alexandria. Os seus setecentos mil rolos de papiro incomodavam. Por três vezes foi destruída pelo fogo, por César, pelos judeus e cristãos e, finalmente, pelos turcos.

O livro seduz. Forma os seus amantes, os bibliófilos. Eles adotam e sobrevalorizam as primeiras edições, as raridades históricas e conteudísticas. Dedicam ao livro quatro sentidos. Sentem o prazer do tato, ouvem a mudança da página, sentem o cheiro do papel, encantam-se com a forma, desde a encadernação, a qualidade do papel, o formato da letra, a disposição gráfica. Memorizam belezas, descobertas significantes.

Um desses amantes, o potiguar Rodolfo Garcia, enaltece, com seu nome, a Biblioteca da Academia Brasileira de Letras.

Em nosso Rio Grande, Vingt-un Rosado transformou a sua cidade em ícone da publicação de livros regionais no País. Mossoró é a cidade-livro, cidade livre. Vicente Serejo perdeu a comodidade da sua casa e, com Rejane, foi morar em apartamento, para fazer uma biblioteca exemplar. Dá gosto ver a carícia deles em obras singulares ou a contemplação encantada de sua coleção cascudiana e da obra de Mário de Andrade. O Acadêmico Lívio Oliveira notou a ordem exata e límpida da biblioteca de Serejo que é um refúgio e templo pessoal.

Desde os oito anos de idade, sou um consumidor de livros.

A história prova que o livro muda a sociedade, como muda as pessoas. A História prova. O poeta popular Antônio Francisco orienta: “Abrace letra por letra / sem descansar um segundo / e deixe a biblioteca / muito mais sábio e profundo”.

Vale a pena sermos seduzidos.

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