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O mandamento de Jesus

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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal
Prezados/as leitores/as!
Neste dia 13 de maio, dedicado a Nossa Senhora de Fátima, lembro as paróquias e capelas que a têm como padroeira, especialmente no território da nossa Arquidiocese. A mensagem das aparições marianas, em Fátima, Portugal, nos exorta a que vivamos o Evangelho de Jesus Cristo, seu Filho e a nos deixarmos conduzir pela conversão do coração, dando sentido à nossa existência de seguidores de Cristo, o Bom Pastor.
Seguir Jesus: esse é o desejo de Nossa Senhora. E como seguir? Qual é o sentido desse seguimento? Como viver o discipulado proveniente da resposta positiva ao chamado divino, endereçado a todos nós? Para encontrarmos a resposta a esses questionamentos deixemo-nos iluminar pelo Evangelho do próximo domingo, o 5º da Páscoa. Ele é tirado do Evangelho segundo São João capítulo 13, versículos 31 a 33a e 34 e 35. Jesus está nos momentos finais de sua vida terrena. Após o gesto, simbólico e paradigmático, do “lava-pés”, especialmente para o sentido da Eucaristia, cujos relatos encontramos nos outros Evangelhos e em Paulo (cf. Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; Lc 22,17-20; 1Cor 11,23-25), Jesus declara o seu “mandamento”: “amai-vos uns aos outros”. Ele se apresenta como o modelo desse mandamento e, ao mesmo tempo, o estipula como distintivo do discipulado: “como eu vos amei” e “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos”. 
No ensinamento desse mandamento de Jesus encontramos a raiz no mandamento principal, à luz do Decálogo veterotestamentário: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração…” (Dt 6,4s). E ainda: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18), dentro da Lei da Santidade (cf. Levítico capítulos 17 a 26). Jesus une esses dois mandamentos, tanto na resposta ao doutor da Lei que o questionou sobre qual era o maior mandamento (cf. Mt 22,35), como no discurso de João capítulo 13.
Há, portanto, uma unidade entre os dois mandamentos. Tal unidade Jesus expressa como afirmei acima, como seu mandamento e distintivo do discipulado. Em primeiro lugar, devemos afirmar: Jesus exige o amor, tal como Deus Pai no Antigo Testamento o fizera, a partir de seu amor para com os seus discípulos. Seguir Jesus significa amar Jesus, porque Jesus nos ama. Esse é o sentido do seguimento. Só podemos viver o discipulado reconhecendo que somos amados por Jesus, por Deus, o Pai. E mais: o amor a Jesus se manifesta no amor ao próximo, aos irmãos e irmãs: “amai-vos uns aos outros”. Esse amor de Jesus por nós é um amor trinitário – dizer que Jesus nos ama é dizer que o Pai também nos ama (cf. Jo 14,23) – e esse amor nos introduz na vida no Espírito, vínculo de amor entre Pai e Filho. Somos levados a afirmar sobre nós mesmos: como dizia Dom Nivaldo Monte – fomos feitos para amar, “o coração foi feito para amar”. Trata-se daquilo que os teólogos chamam de “Ontologia trinitária”, ou seja, o reconhecimento de que o nosso ser é intrinsecamente feito para ser com Deus, para viver em Deus, para entrar na relação com o Pai por meio do Filho na força e unidade do Espírito Santo. É o que nos identifica, não somente no que diz respeito ao discipulado, mas também à nossa própria existência humana. 
Mas, nunca nos esqueçamos: somente nesse amor é que podemos evangelizar. Somente o amor é credível, isto é, capaz de dar sentido ao ato de fé. Não se trata de um amor abstrato, virtual, sem concretude. O amor que Jesus exige de nós nos leva ao entendimento da realidade em que estamos: concreta, histórica, por isso mesmo, social, comunitário, dinâmico. Esse amor se revela nas obras de misericórdia, expressas no discurso de Mateus capítulo 25: no entardecer da vida, seremos julgados pelo Amor (São João da Cruz, repetido por Santa Teresinha do Menino Jesus). Vivamos nesse amor, sempre.
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