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O mar inspirador de Calcanhotto

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Ramon Ribeiro e Bernardo Luiz

A travessia aquática que a cantora Adriana Calcanhotto  vem fazendo desde o disco “Maritimo”, de 1998, passando por “Maré”, em 2008, chega ao ponto final em “Margem” (2019). Lançado em junho, o trabalho agora ganha os palcos de todo o Brasil – e Natal é o destino da vez. A cantora se apresenta na cidade no sábado (14), a partir das 21h, no Teatro Riachuelo.

Adriana Calcanhotto fecha sua trilogia marítima com o álbum Margem


Adriana Calcanhotto fecha sua trilogia marítima com o álbum Margem

Adriana Calcanhotto se apresenta em Natal cerca de um ano depois do aclamado show “A Mulher do Pau Brasil”, espécie de “concerto-tese” pensado a partir da experiência da cantora como embaixadora da Língua Portuguesa pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Mas em “Margem” a experiência é bem diferente, no ritmo das ondas, no sobe e desce do mar. Como a artista já chegou a dizer, o espetáculo “é também onde as águas da trilogia se encontram, uma espécie de pororoca de água salgada”.

No repertório, além das canções do álbum homônimo, Adriana resgata canções de “Maritmo” e “Maré”, os outros dois discos da trilogia marinha. Dentre as composições resgatadas estão “Mais Feliz” e “Vambora”. Há também sucessos da carreira da cantora, como “Maritmo” e “Maresia”, bem como músicas que ganharam arranjos novos para o show.

Um dos destaques é “Futuros Amantes”, pescada do disco “Paratodos” (1993), de Chico Buarque – a faixa foi incluída como bônus na versão japonesa de “Margem” –, e “Os ilhéus”, de Antonio Cícero e José Miguel Wisnik, e presente no novo álbum.

No palco, Adriana estará acompanhada de Bem Gil na guitarra, Bruni Di Lullo no baixo e Rafael Rocha na bateria, percussão e programações. A direção artística do show é da própria cantora, que contou com cenário assinado por Gigi Barreto e desenho de luz de Ivan Marques e Gabriel Santucci.

A TRIBUNA DO NORTE fez uma entrevista com a cantora. Confira:

“Margem” é o terceiro disco da trilogia marítima, iniciada em 1998. Passados vinte anos, como é finalizar essa narrativa sonora introduzindo outros gêneros musicais, mas sem perder a essência criada para o projeto?
A princípio, quando lancei “Marítmo”, não pensava em uma trilogia. Já quando saiu “Maré”, comecei a pensar e logo me veio o nome “Margem”. Meio que sem ter o terceiro disco, se instaurou o encerramento da trilogia. Esse novo trabalho explicita o meu gosto pela polirritmia, esses gêneros musicais, mas eu ouço todos eles acontecendo ao mesmo tempo, com ouvido de arranjadora. Então não é confuso que tudo isso aconteça ao mesmo tempo, porque no meu ouvido isso já acontece ao mesmo tempo. O que ocorre é que “Margem” deixa isso completamente explícito.

Você tem publicado rotineiramente videoclipes das músicas do “Margem”. O disco, de início, teve a intenção de ser audiovisual?
Sim. A ideia é que todas as faixas tenham vídeo também. São artes que se completam e é mais uma forma de transmitir a mensagem da música.

Lançado em 2 de fevereiro, no dia de Iemanjá, o clipe e música “Ogunté” é um alerta  sobre a poluição das nossas águas.  Nele vemos a representatividade do orixá através do figurino criado de plástico e a mistura rítmica de percussão com trip-hop. Como foi trazer esta mensagem de conscientização através de símbolos das religião de matrizes africanas?
Fiquei pensando no estado dos oceanos hoje e em suas entidades espirituais. Ogunté é a Iemanjá da guerra. E se ela se revoltar contra esse estado de coisas?

A música “Tua” foi gravada por Maria Bethânia há alguns anos.  Em “Margem” você apresenta com uma roupagem mais pop. Essa música estava dentro do projeto? É uma de suas preferidas?
Na verdade é difícil para mim ter canções minhas preferidas. Eu gosto muito de “Tua”, ela teve uma trajetória bonita, foi gravada pela Maria Bethânia, ganhou um grammy latino de Melhor Gravação, grammy de Melhor Canção em Língua Portuguesa, enfim. Tenho muito orgulho da escrita dessa música, e achei que tinha mais a ver com o repertório de Margem do que o de qualquer outro projeto.

Em 2019 foi lançado “Nada ficou no lugar”, projeto musical que envolve vários nomes da MPB desconstruindo e reconstruindo suas músicas.  Qual a sensação de ver sua obra inspirando e dialogando com novos nomes da música brasileira?
Fiquei feliz com o projeto. O mais surpreendente para mim é que os artistas tomaram as canções para si, a sua maneira.

Seu espetáculo anterior, “A mulher do Pau Brasil”, apresentava através das músicas, cenografia e figurino, o seu olhar sobre o Brasil no período em residia em Portugal. Como você analisa o Brasil de hoje? Você acha que a polarização política atual vem colocando a educação e a arte em segundo plano?
Sim, acho que é uma tentativa de colocar a arte, a cultura, a pesquisa e a educação em segundo plano, mas não passará. Isso é uma coisa cíclica e a única coisa que pode nos salvar é lutar, e é o que estamos fazendo.

A turnê “Margem” segue para outras cidades, no entanto, existe a possibilidade de transformar o show em um novo registro de áudio e vídeo para as plataformas digitais e produtos físicos?
No momento estou bem focada na turnê, em todos os shows que faremos pelo Brasil. Registros assim, claro, são projetos bacanas, mas ainda não estamos pensando nisso.

Serviço
Show “Margem”, de Adriana

Calcanhotto

Dia 14 de setembro, às 21h

Teatro Riachuelo

Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia)

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