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O Marechal Porpa merece uma biografia

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Lívio Oliveira
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Não é que eu tenha chegado atrasado ao lançamento do livro “Literatura RN – livros selecionados”, que o escritor e jornalista Anchieta Fernandes lançou no último sábado, em meio à alegre confusão do Sebo Vermelho, bunker oficial de Abimael Silva na Cidade Alta. É que, possivelmente, Anchieta decidiu sair antecipado de sua própria festa. Mesmo assim, com o prazer da nova aquisição e a expectativa da leitura, adquiri o novo rebento literário do amigo talentoso, além de uma sacola cheinha das múltiplas edições que ainda não tinha adquirido no Sebo de Abimael.

Ocorre que, antes de sair pela ensolarada avenida Rio Branco, eis que aparece (também não atrasado, a não ser por alguns poucos minutos) o querido amigo e – por que não dizer? – mestre, por saberes e por experiências, Luiz Antônio Porpino, o célebre e inconfundível Marechal Porpa. Desisti, então, da despedida iniciada, apertei a sua mão e lhe joguei logo uma pergunta nos peitos, sabedor de que a sua inestimável verve não suportaria por muito tempo provocações e passaria a se desdobrar em palavras, palavras, palavras, num caudaloso – mas muitíssimo agradável – mar de informações históricas, impressões e considerações, as mais inusitadas e saborosas que costumo ouvir.

Sempre adorei prestar atenção às muitas histórias do Marechal Porpa, observando-o falar com todo o corpo, com as mãos enfáticas e com os olhos claros e brilhantes (nunca sei se são azuis ou verdes). Porpa se expressa bem até com o nariz adunco, meio bico de falcão, apontando para a presa de sua fala entusiasmada e entusiasmante. Confesso que sou fã empolgado. E acho que muito mais gente neste Estado deveria conhecer e reconhecer o Marechal Porpa pela sua história de vida muitíssimo interessante.

Quando sentamos para ouvir Porpa (estávamos, a princípio, acompanhados nesse papo, do anfitrião Abimael, do artista visual e poeta Falves Silva, além do multi-empreendedor José Gomes de Melo, todos nessa roda de conversa, num momento riquíssimo), já sabíamos que o hipnótico olhar do “palestrante”, mais realçado com o ingresso da luz solar em vizinhanças de meio-dia no sebo, aprisionaria a todos pelas suas narrativas fantásticas, quase lenda urbana se não fosse a sua “fé de ofício”. O Marechal Porpa já viajou por mais de cinquenta países do mundo, já esteve no mesmo ambiente – e muitas vezes em pleno diálogo tetê-à-tête – com personalidades do patamar de um Roberto Carlos (considera-o um dos mais simples, dentre as estrelas, sendo humilde na conversa e chegando a fazer uso até de antisséptico Granado) ou de uma Elizabeth Taylor (Porpa comentou sobre a rara cor dos seus olhos, além de outros detalhes). Porpa tem, de fato, muito a nos dizer, sempre.

Luiz Antônio Porpino, o simpaticíssimo Marechal Porpa, por si só, já é uma das grandes personalidades desse mundo, uma das figuras mais impressionantes e interessantes que conheci, até hoje. Porpa é um homem que, além de ter viajado muitíssimo (destaco que se exilou espontaneamente na Alemanha, por cinco anos), teve lições de vida na escola de Aluízio Alves, com quem conviveu e colaborou por 53 anos, sabendo preciosos detalhes dos momentos de glória e de dor do político potiguar.

Esse Marechal de muitas estrelas e sonhos é um homem que conhece a história mais íntima de pelo menos dois dos primeiros grandes hotéis de Natal: o Reis Magos e o Ducal. É um homem que viveu histórias no exterior dignas de roteiro de cinema (só para ilustrar, basta dizer que considera um insucesso não ter sido admitido quando do alistamento para a guerrilha de Biafra). Esse homem, nascido em Nova Cruz, em 08 de março de 1942, às 17h30, “pelas mãos de parteira diplomada, Mãe Gabi”, merece uma biografia. E acho que já pode ser começada agora, com os seus depoimentos sendo dados pessoalmente a um ghost-writer que seja meticuloso ou competente. Ou que sejam escritas essas memórias pelas suas próprias mãos, aluno que é do curso de História, vínculo decorrente de seu décimo-primeiro ingresso em cursos universitários. Logo ele, que já é a própria universidade ambulante, academia de uma vida inteira a ser contada e registrada.

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