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O novo palco universitário

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Yuno Silva – repórter

O ano novo ganha significados literais ali pelas bandas do Departamento de Artes da UFRN, onde a estrutura do recém-inaugurado prédio amplifica as possibilidades acadêmicas dos cursos de Dança, Teatro, Artes Visuais e Design (e o quase extinto curso de Educação Artística) a partir de novos laboratórios, galeria de arte, salas de aula mais amplas e um teatro de uso misto para até 800 pessoas. A primeira fase da ampliação do Deart, que compreende basicamente a construção do edifício denominado no projeto como “anexo”, está concluída; já a segunda etapa (leia-se teatro) ainda não tem prazo definido pois depende de uma série procedimentos técnicos específicos.
Nova estrutura do Deart começa a funcionar a partir deste semestre. O Teatro, ainda em construção, é a última etapa do projeto.
Financiado com recursos do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), em parceria com o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), o novo equipamento ultrapassa os 3,5 mil metros quadrados total de área construída e representa um investimento que bate na casa dos R$ 4,5 milhões – até agora foram aplicados R$ 2,7 milhões. O projeto foi concebido em 2008 e a construção iniciada em 2009.

INSPIRAÇÃO NO TEATRO VILA VELHA DE SALVADOR

Da previsão total de investimento, ou R$ 4,5 milhões, o teatro de 1,2 mil metros quadrados irá consumir cerca de R$ 1,8 milhão para ser devidamente concluído. Projetado para ser utilizado em vários formatos (arena, semi-arena, palco frontal, auditório), o teatro tem capacidade de receber até 800 pessoas dependendo da configuração e o palco tem 14 por 14 metros.

Com balcões laterais, a proposta é que o equipamento seja utilizado para experimentações, apresentações e eventos dos cursos regulares. “Não é um teatro convencional e seu projeto cenotécnico é complexo, por isso preferimos atrasar a inauguração a finalizar às pressas sem que atenda nossas necessidades”, disse o ator, diretor e professor Sávio Araújo, do curso de Teatro.

“Estamos tendo um respaldo muito importante dos gestores, da Reitoria, que nos deram liberdade de parar a obra quando necessário para que possamos fazer ajustes. Inclusive contamos com a consultoria de um profissional especializado, responsável pela reforma cenotécnica do Teatro Vila Velha em Salvador – formato que inspirou este projeto”. Araújo ainda chama atenção para a necessidade de um tratamento acústico que evite interferência do trânsito da BR 101: “construir um teatro requer interação entre várias áreas, no caso arquitetura, engenharia e cenotécnica precisam estar em constante comunicação, do contrário iremos precisar de ajustes no final.”

A intenção do Deart é abrir as portas do novo teatro para a comunidade em geral através da realização de projetos de extensão em quaisquer dos cursos. “É interessante pensar no espaço como um teatro escola, multiuso, onde o formato modulável pode acomodar vários experimentos cênicos contemporâneos”, disse Sávio Araújo, professor do curso de Teatro.

LABORATÓRIOS DE DANÇA E TEATRO

“É uma conquista de todo o departamento. Com essa ampliação poderemos atender uma demanda interna contida, como é o caso do curso de dança”, informou o artista plástico e professor Marcos Andruchak, atual chefe do Departamento de Artes.
O professor Andruchak mostra obras do Teatro do Deart, que será multifuncional inspirado em teatro de Salvador
Ele lembra que antes havia apenas uma sala para ensaios, e “os professores tinham que ajustar uma agenda intrincada de revezamento para utilização”, agora serão disponibilizadas mais duas salas amplas com espelho e piso de madeira. O Departamento de Artes também ganhou mais espaço com a transferência do setor de Infraestrutura da UFRN, que até o ano passado ocupava metade do primeiro andar do prédio antigo. “Essas salas serviram para acomodar gabinetes coletivos para os professores, um remanejamento que permitiu nova disposição na ocupação do prédio”. Ao todo, no novo prédio, são dez salas de aula (incluindo as duas de dança e os laboratórios), galeria de arte, espaço de convivência e mini-anfiteatro na área externa. No antigo continuam a biblioteca, a administração, salas de aula e laboratórios. “Estamos pensando nos dois prédios como um só, e para integrar melhor os espaços estamos elaborando proposta de criar uma área de convivência apenas para pedestres entre eles”, ressaltou o paranaense Marcos Andruchak, em Natal desde 2009.

Andruchak guiou a TRIBUNA DO NORTE pelo novo prédio e adiantou que alguns ajustes ainda serão necessários para atender plenamente professores e alunos. “São detalhes específicos que passam despercebidos pelos projetistas, e outros que só aparecem com o uso”. O professor não precisou dizer nada para a reportagem do VIVER perceber o pé direito baixo das salas de dança. Felizmente, segundo ele, há a possibilidade de resolver essa questão rebaixando o piso. “Neste primeiro momento vamos começar a funcionar e ver como será a adaptação. Se for necessário pensaremos nisso”, garantiu.

Vale registrar que antes da inauguração oficial, dia 27 de dezembro, o lugar abrigou três eventos acadêmicos: em outubro recebeu o 15º Enearte (Encontro Nacional de Estudantes); em novembro o Debulha 2011 (evento do curso de Design); e a III Semana de Artes Visuais – ocupações “devidamente autorizadas pela Reitoria e pela empresa construtora”, ressalta o chefe de Departamento.

MESTRADO EM DESIGN SERÁ O PRIMEIRO DO PAÍS COM PERFIL PROFISSIONAL

O curso de Design do Departamento de Artes da UFRN, criado em 2008 e atualmente na lista dos mais concorridos do vestibular, inicia 2012 com uma novidade que deverá atrair atenções de designers de todo o Brasil interessados em fazer uma pós-graduação voltado para o mercado em vez do caráter acadêmico. “Temos cursos de mestrado extremamente conceituados em outras Universidade do país, mas aqui na UFRN seremos os primeiros a oferecer uma pós-graduação com esse perfil profissional”, esclarece o professor José Guilherme Santa Rosa, coordenador do programa.

O mestrado em Design na UFRN foi aprovado e autorizado pelo Ministério da Educação no último dia 20 de dezembro, o edital para a primeira turma será publicado em fevereiro e as aulas começam já a partir de março – serão apenas oito vagas e o curso terá duração de no máximo dois anos. Segundo Guilherme, em Natal desde 2010, são duas as linhas de pesquisas: “Ergonomia de produto e ambiente construído” e “Interação humano-computador e ergonomia informacional” – as duas sob o guarda-chuva do Ergodesign.

Apesar de recente, o curso mantém o Laboratório Experimental de Usabilidade (Lexus) onde são desenvolvidas pesquisas ergonômicas que visam a adaptação de produtos e o trabalho às dimensões corporais. “Realizamos testes, desenvolvemos o ‘redesigner’ de produtos e interfaces, inclusive digitais, para melhor utilização pelas pessoas”. Entre os projetos destacados pelo professor, realizado em parceria com a Nokia do Brasil e a PUC-Rio, está o estudo do uso das novas tecnologias por idosos. “A partir de avaliações que consideram aspectos físicos, cognitivos, motores e culturais, estamos trabalhando no desenvolvimento de um celular que satisfaça as necessidades dessa faixa etária de consumidor sem deixar de ser visualmente atraente e prático – que ao contrário do que pensam, não é avessa à tecnologia: a diferença é que o foco está no benefício que o produto traz e não no modismo”.

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