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O paradoxo da Sesc TV

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Yuno Silva – Repórter

O primeiro dia de atividades do seminário “E por falar em cinema…”, promovido pela Fundação Capitania das Artes e Prefeitura, no Sesc-RN, teve de tudo um pouco – menos a presença maciça de realizadores potiguares, teoricamente os maiores interessados nos temas abordados ontem pela manhã no auditório  da Cidade Alta. Em uma plateia formada essencialmente por estudantes, produtores e artistas de áreas co-relatas, dava para contar nos dedos da mão os diretores locais interessados em saber o que a representante da Secretaria do Audiovisual tinha a dizer sobre as ações do Ministério da Cultura para o segmento ou como o editor executivo da Sesc TV monta a grade de programação da emissora a partir de realizadores independentes.
Cláudio Assis vai adaptar o livro de Xico Sá, Big Jato, com previsão para novembro de 2014
Diante da baixa presença de realizadores potiguares na abertura do seminário, fica uma pergunta no ar: como reivindicar incentivos e fomento se não se participa do processo? Hoje, também a partir das 8h30, com a presença do festejado diretor pernambucano Cláudio Assis (“Amarelo Manga”, “Baixio das Bestas” e “Febre do Rato”), esse quadro de ausência pode ser diferente.

Assis participa do debate “Na mesma direção: o cinema Ibero-americano e seus contadores de histórias”, ao lado do diretor espanhol Santiago Zannou (vencedor do Prêmio Goya como Diretor Revelação em 2008), do português Alexandre Cebrian Valente (“Eclipse em Portugal”, exibido ontem em Natal) e o potiguar Paulo Laguardia (“O Voo Silenciado do Jucurutu” e “Cais do Sertão”). A terça-feira encerra com exibição do premiado longa-metragem “Febre do Rato”, às 19h, na Casa da Ribeira.

Envolvido em outros dois projetos, Cláudio Assis conversou por telefone ao VIVER pouco antes de embarcar para Natal. O diretor adiantou que em dezembro lançará um filme sobre Luiz Gonzaga, tendo Lirinha (ex-Cordel do Fogo Encantado) como protagonista. “É uma obra de ficção e fará parte do acervo do Memorial Luiz Gonzaga no Recife”, revelou o cineasta, que já trabalha na adaptação para o livro “Big Jato” do jornalista Xico Sá.

A previsão para lançamento deste novo projeto, pelos cálculos de Cláudio Assis, é “lá pra novembro do próximo ano”. O filme, adiantou, falará sobre “respeito às diferenças”: “Somos bonitos, feios, mas iguais”, informou.

Sesc TV à margem

Quanto ao debate desta segunda-feira, um paradoxo chamou atenção dos presentes: mesmo com uma programação esmerada, voltada à exibição de conteúdo de cunho cultural como programas de música e dança contemporânea de alta qualidade, a Sesc TV vem perdendo terreno nos pacotes oferecidos pelas tevês por assinatura por não se enquadrar nas nomenclaturas listadas na Lei nº 12485/2011 que “dispõe sobre a comunicação audiovisual de acesso condicionado” – a Sesc TV não é tida como educativo, pública, estatal ou comercial, e foi incluída no grupo dos canais de conteúdo não qualificado ao lado dos canais de eróticos, religiosos e de vendas.

“No Brasil, temos políticas de desenvolvimento cultural e econômicos que não se opõe, mas são muito diferentes. No SescTV acreditamos que podemos ter uma economia ativa, mesmo produzindo conteúdo cultural de relevância. Como a lei nº 12485 tem um componente mercadológico muito forte, ninguém pode negar isso nem vamos contra isso, acabamos na categoria dos canais de programação não qualificados. Por que isso? Por não ser comercial. Esse não é nosso perfil, nossos intervalos não são utilizado como espaços publicitários, e isso gera uma confusão criada a partir do modo de operação do canal”, explicou Valter Vicente.

Lucas Soussumi, da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV; Lina Rocha, da Secretaria do Audiovisual do MinC; e Iano Flávio Maia, representando o Coletivo Intervozes, completaram a mesa.

Programação*

Dia 5, terça
8h30 às 12h – Debate “Na mesma direção: o cinema Ibero-americano e seus contadores de histórias”, com o diretor pernambucano Cláudio Assis (“Amarelo Manga” e “Febre do Rato”), o espanhol Santiago Zannou (vencedor do Prêmio Goya como Diretor Revelação em 2008), o português Alexandre Cebrian Valente (“Eclipse em Portugal”) e o potiguar Paulo Laguardia (“O Voo Silenciado do Jucurutu” e “Cais do Sertão”)

19h – Exibição do filme “Febre do Rato”, de Cláudio Assis

Dia 6, quarta
8h às 12h – Oficina “Cinema de papel: leitura de roteiros de ficção”, com o roteirista e diretor mineiro Marcelo Caetano.

Debates e oficinas acontecem no auditório do Sesc-Cidade Alta; e as exibições na Casa da Ribeira

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