João Medeiros Filho
Padre
A sociedade hodierna é constantemente invadida por diversos modos de pensar e agir. Dentre eles, destaca-se o relativismo. Esta corrente de pensamento entende que nada pode ser afirmado a respeito de algo, porque tudo é relativo e depende do ponto de vista de cada um. Estas ideias poderão levar a um subjetivismo sem precedentes e limites. Segundo tal forma de raciocínio, não existem o certo e o errado, o positivo e o negativo. Há opiniões diferentes e justapostas. Portanto, uma pessoa poderá considerar algo como correto e outra considerá-lo errôneo. Não há como definir quem tem razão, afirmam os relativistas. Estes acham que ninguém tem autoridade para ensinar aos outros o bem e o mal, o moral e o imoral. Hoje, muitos já vivem sem referências de valores e princípios pelos quais procuram orientar-se e ensinar a seus semelhantes. O verdadeiro e o falso tornaram-se conceitos vagos e inválidos, pois cada um decide como lhe apraz. Neste contexto, caem bem e são válidos para muitos os programas da mídia em que cada um pode afirmar o que vem à cabeça, em nome da deturpada liberdade de expressão. Isto acontece atualmente no Parlamento Nacional e nas redes sociais.
Como resultado dessas concepções, há pais que já não se empenham em deixar claro para seus filhos qual é o melhor caminho a seguir na vida. No mínimo, sentem-se confusos para orientá-los, diante de tanto relativismo que os cerca. Muitas são as situações em que orientam de uma determinada maneira em casa e na escola é ensinado outro direcionamento. Esse modo de pensar vai penetrando e corroendo todos os segmentos da sociedade. Está presente na grande mídia, nas redes sociais, entra em decisões dos diversos poderes públicos e nos sistemas educacionais. Os jovens crescem mergulhados nessas águas e vão sendo influenciados na medida em que avançam na instituição de ensino – especialmente de nível superior – e com o convívio social. Vive-se um tempo em que tomar partido em determinados assuntos – máxime quando são considerados polêmicos – já é motivo para ser considerado conservador, retrógrado e pernicioso, logo deverá ser eliminado.
Como ficam os que pensam, a partir do Evangelho de Cristo, diante desse modo de pensar e viver? Cada um vai criar sua religião, moral e ética, ficando tudo no campo individual e subjetivo? Jesus Cristo seria alguém a ser acatado apenas quando estiver de acordo com tais pensadores? Neste sentido alerta-nos a Igreja: “O individualismo penetra até mesmo em certos ambientes religiosos, na busca da própria satisfação, prescindindo do bem maior, o amor de Deus e o serviço aos semelhantes” (CNBB/DGAE 2011-2015, n. 22). Oportunistas manipulam a mensagem cristã e a Sagrada Escritura em causa própria. São instrumentalizadas. Observa-se isto, quando há interesses políticos. Já não é mais a pessoa que se coloca na presença de Deus, como servo atento (cf.1Sm 3,9-10), mas é a intenção de que Ele pode estar a serviço dela.